Desde quando a OMS decretou como pandemia a doença causada pelo novo coronavírus, não somente as áreas da saúde, política e economia sofreram graves consequências como também a cultura sofreu. E, provavelmente por ela estar tão ligada a todas as pessoas diariamente de forma direta e indireta, ela seja um dos mais fortes componentes para ajudarem na informação do quão grave é a situação mundial.
A TV Globo fechou seus estúdios, e pela primeira vez em décadas anunciou que vai tirar suas novelas atuais do ar, Hollywood está prestes a enfrentar sua maior crise desde a greve dos roteiristas de 2008. Diversas produções e pré-produções de filmes e séries foram paradas ou canceladas, e principalmente, vários filmes, se não todos, tiveram suas estreias adiadas. Blockbusters como Mulan, Viúva Negra, Velozes e Furiosos 9 e Um Lugar Silencioso 2 foram realocados para futuras datas. Entretanto, há um segmento que obviamente sofreu sanções mas que não apavora de fato a indústria como um todo, é a indústria da música. E tudo isso graças aos streamings.
A COVID-19 trouxe para música adiamentos de shows e festivais ao redor do mundo. Por exemplo, o Coachella, as edições do Lolapalooza na América do Sul e a turnê do Mc Fly no Brasil foram adiados. Já a 50° edição do Glastonbury, um dos maiores festivais do mundo, foi cancelada. Porém, no que se trata de lançamentos, bem diferente do cinema, a indústria fonográfica vai muito bem obrigado.
Para os próximos dias está programado – até a publicação desta matéria – grandes lançamentos de álbuns como de The Weeknd, J Balvin, Pearl Jam, Dua Lipa e Lady Gaga. Esses lançamentos vão ocorrer normalmente porque, em 2020, a música, para acontecer, não depende mais dos meios de divulgação tradicionais como rádio e televisão. Principalmente se o artista tiver nascido em meio a era dos streams como J Balvin e Dua Lipa.
No Spotify, a maior plataforma de streaming do mundo, cada um possuiu, respectivamente 54.685.10 e 52.862.872 milhões de ouvintes mensais. Portanto, lançar um álbum novo, principalmente em um momento que a maioria das pessoas do mundo inteiro terão tempo e disponibilidade para ouvirem seus lançamentos, pode até render mais que em uma época normal. Um grande exemplo que os streams salvaram a indústria fonográfica de uma crise maior ainda é dado por Don’t Start Now, primeiro single do “Future Nostalgia” álbum de Dua Lipa previsto para ser lançado no próximo dia 3. A canção é a mais forte no momento a conseguir figurar o topo da parada americana nas próximas semanas de acordo com previsões. E a britânica de 24 anos tinha uma apresentação marcada para o próximo final de semana no “Saturday Night Live” um dos maiores programas em audiência dos Estados Unidos que foi cancelada. Desespero? Nenhum. O cancelamento da performance prejudicará seu single na corrida pelo topo da Billboard? Não.
Por fim, essa triste pandemia, veio para evidenciar diversas coisas na nossa sociedade. Desde a importância da auto-prevenção e da conscientização populacional até a mudança no cultural. O que mostra que a indústria musical realmente mudou. A música popular – leia-se aqui, músicas feitas para vender, independente do gênero musical – não precisa mais de barreiras corporativas e pessoais para realmente acontecer. Realmente a democratização musical é uma realidade, ainda que possa parecer um pouco utópica.