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La La Land, Missão Impossível, Top Gun e Bel-Air são as novidades de maio no Star+

Maio chegou e trouxe mais novidades para os usuários do Star+. De Missão Impossível a La La Land, tem produções para todos os gostos. Destaque também para a estreia de Bel-Air, série baseada no curta de 2019. Confere a lista abaixo:

04/05

Law & Order: Organized Crime

06/05

Missão Impossível
Missão Impossível 2
Missão Impossível 3
Missão Impossível – Protocolo Fantasma
Missão Impossível – Nação Secreta
Missão Impossível – Efeito Fallout
Top Gun
Minha Super Ex-Namorada
Regras Não Se Aplicam
A Caldeira do Diabo
Ronaldo
Os Reis da Sua
Ano Um
O Rei da Comédia
O Intruso
Mike and the Mad Dog

11/05

Dollface (Segunda temporada)
It’s Always Sunny in Philadelphia
Justiça por Malik Oussekine
Escravidão – Uma História de Injustiça (Primeira temporada)
Criminal Minds: Beyond Borders (Segunda temporada)
Cobra (Segunda temporada)
Britannia (Terceira temporada)

13/05

Los Angeles – Cidade Proibida
O Negociador
Era uma Vez na América
Perseguição em Alto Mar – Espécies em Risco
La La Land

18/05

Bel-Air (Primeira temporada)
Férias na Prisão (11°temporada)
Real Housewives of New Jersey (11° temporada)
Real Housewives of Orange County (15° temporada)
Real Housewives of Atlanta (12° temporada)
Real Housewives of Beverly Hills (Nona temporada)
Real Housewives of New York (12° temporada)
Loyal (Primeira temporada)
Bless the Hearts
S.W.A.T.

20/05

Vale Night
Casal de Fachada
Crepúsculo
Crepúsculo: Lua Nova
Crepúsculo: Eclipse
Crepúsculo: Amanhecer Parte 1
Crepúsculo: Amanhecer Parte 2
Vovó…Zona
Vovó…Zona 3: Tal Pai, Tal Filho
O Sentinela
Endiabrado
O Cliente
Assassinos por Natureza
Flores de Aço
Crô em Família
A Vilã (AKA Aknyeo)
JFK

25/05

O Que Você Não Sabia Sobre o Humor Brasileiro
The Thing About Pam
Million Dollar Listing: New York (Nona temporada)
Nasdrovia (Segund temporada)
The Masked Singer (Quinta temporada)
The Next Thing You Eat (Primeira temporada)
Seven Types of Ambiguity (Primeira temporada)

27/05

O Destino de uma Nação

Agora é preparar a pipoca para fazer aquela maratona caprichada no Star+.

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Doutor Estranho no Multiverso da Loucura: Com Referências ao MCU, o Filme Corre e Não Chega a Lugar Nenhum

Desde a resolução do grande vilão do Universo Cinematográfico Marvel em Vingadores: Ultimato (2019) algumas grandes questões ficaram pairando sobre as obras posteriores: Qual será o novo Thanos? Como será uma ameaça ainda maior que precisará reunir todos os heróis?  Todos pareciam ter uma resposta, desde Kang e viagem temporal a Feiticeira Escarlate e uma ameaça mágica, todas as pistas que os filmes e séries entregavam apontavam para o multiverso como uma grande porta com um terreno muito rico a ser explorado.

O caminho do Doutor Estranho até o Multiverso da Loucura - NerdBunker

Comentar sobre a retratação do multiverso, que é tão importante para esse filme, envolveria pontuar acontecimentos desde Homem-Aranha Longe de Casa (2019) até What If…? (2021) mas a proposta é entregar o mínimo do que poderia ser considerado spoiler tanto do filme em si quanto das séries e filmes que o antecederam, a verdade é que o multiverso vem sendo construído como o lugar onde tudo pode acontecer, novos atores podem interpretar personagens já estabelecidos, personagens clássicos podem ser introduzidos sem afetar a cronologia já estabelecida, podemos ver várias versões do mesmo personagem porém os filmes e séries até então demonstraram ser um grande “VEM AÍ!”.

Com o anúncio do subtítulo “Multiverso da Loucura”, o segundo longa solo do Doutor Estranho prometia ser o apogeu de tudo, e infelizmente ele falha miseravelmente em diversos aspectos. Começando pelo começo, o filme abre trazendo um gosto bem familiar, Sam Raimi, que também dirigiu a primeira trilogia de filmes do Homem-Aranha, parecia estar na sua zona de conforto enquanto retrata uma espécie de “vida normal” para o herói, mas com olhos bem atentos, logo na primeira cena de batalha pode-se notar vários dos problemas que percorrem o filme.

Doutor Estranho no Multiverso da Loucura: Ganha novo trailer no Super Bowl

Confesso que não sou o maior fã dos filmes de herói de Sam Raimi mas é inegável o talento do diretor ao lidar com efeitos práticos e sua criatividade em filmar cenas icônicas mas aqui todo esse talento do diretor parece desperdiçado para se enquadrar na linha de produção de filmes da Marvel. Nada floresce fora dos moldes da Marvel, o filme é podado e contido muito mais do que devia.

Os personagens não parecem a melhor versão deles, e muitas vezes até incoerentes com a bagagem que carregam, o que poderia não ser um problema se fossemos pensar o filme como uma obra única mas eles continuam incoerentes durante a trama do filme, que já é bem simples e parece existir apenas para abrir mais portas para o futuro do universo. A introdução da personagem América Chavez é a maior prova de que esse filme está pouco preocupado em ser um filme, mas sim um palco de apresentação para novos personagens e subtramas da cosmologia Marvel, embora a personagem funcione bem.

Quanta coisa! Doutor Estranho 2 ganha trailer de tirar o fôlego! Assista

O maior problema narrativo é justamente essa ambição que os filmes e as séries desse universo tem de abrir portas, assim mais e mais portas são abertas e nada é concluído. O filme inicia sem começo e termina sem um fim, evidenciando o quão vazio esse roteiro é. Referências e easter eggs não são o suficiente para se contar uma boa história, e o filme tenta tanto se apoiar nisso que vai passando de uma cena para outra na tentativa de mostrar o máximo de coisas possíveis sem uma pausa que nos faça respirar e ao mesmo tempo adentrar na mente dos personagens centrais. O senso de ameaça é sempre inconstante e na maior parte das cenas, os vilões são genéricos e não fazem jus aos personagens envolvidos. Como Strange e Wanda são tratados nesse filme varia de momentos onde o texto é muito sagaz para onde o texto não tem prendimento nenhum com a essência e moral dos personagens.

Doutor Estranho 2 | Data de lançamento, trailers, o que esperar e mais - Canaltech

No geral, Doutor Estranho no Multiverso da Loucura é a síntese de um problema que vem se agravando nos filmes da Marvel há anos, embora Sam Raimi crie boas cenas de horror que beiram a faixa da classificação indicativa ele entrega um filme manco, que não consegue andar com as próprias pernas, pouco inspirado e incoerente.

Nota: 3/5

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Esquecível, Morbius deixa o universo cinematográfico da Sony ainda mais conflituoso

Venom e Venom: Tempo de Carnificina foram concebidos pela Sony Pictures, como duas produções cinematográficas que seriam o pontapé inicial para o universo cinematográfico da Sony com personagens da Marvel Comics, mais especificamente, com vilões e anti-heróis da mitologia do Homem-Aranha.

Fãs de super-heróis estranharam a proposta da produtora, visto que o amigão da vizinhança não faz parte desta terra e está inserido no MCU. Inicialmente, muitos acreditavam que este universo cinematográfico estaria sim inserido no MCU (algo parecido com que a Marvel fez com Agents of S.H.I.E.L.D. e Defensores), mas que ele teria um recanto próprio, interferindo apenas em de forma minuciosa no Universo Cinematográfico da Marvel e vice-versa. Com a estreia de Tempo de Carnificina, ficou claro que essa não era a proposta da Sony Pictures

Posteriormente, o estúdio anunciou que estava trabalhando em um filme live-action de Morbius, anti-herói que já batalhou com o Homem-Aranha que se tornou um vampiro através de experiências laboratoriais, e o melhor, Jared Leto, renomado artista ganhador da estatueta de melhor ator coadjuvante no Oscar 2014 por Clube de Compras Dallas, iria estrelar a história. Finalmente, a Sony estava tomando um rumo perante as suas personas! É… não. 

Roaring Morbius GIF - Roaring Morbius Jared Leto - Discover & Share GIFs

Um dos personagens mais interessantes e conflituosos da Marvel chega à tela grande com o vencedor do Oscar Jared Leto se transformando no enigmático anti-herói Michael Morbius. Gravemente adoecido com um raro distúrbio sanguíneo e determinado a salvar outros que sofrem do mesmo destino, o Dr. Morbius arrisca tudo numa aposta desesperada. E embora a princípio tudo pareça um sucesso absoluto, surge uma escuridão que se desencadeia dentro dele. O bem superará o mal – ou Morbius sucumbirá aos seus novos e misteriosos desejos?

Morbius é uma grande propaganda enganosa. O seu segundo trailer aproveitou da boa fé dos aracnofãs, para referenciar os universos de Tobey Maguire, Andrew Garfield e Tom Holland, com o intuito de trazer o maior número de telespectadores para as salas de cinema. Todavia, por motivos desconhecidos, todas as as referências aos teiosos foram cortadas do filme. É nítido que a Sony não sabe qual rumo tomar com o constante sucesso que as produções de Kevin Feige fazem todos os anos. 

História esquecível, personagens pouco carismáticos e um péssimo vilão são as melhores palavras que definem Morbius, uma obra cinematográfica que possuía um potencial interessante em suas mãos, mas que preferiu jogá-lo aos ventos. 

Venom e Venom: Tempo de Carnificina são longas-metragens concebidos para serem uma piada propositalmente, e que consequentemente, acabaram engajando o público através de suas incontáveis galhofas. Já, Morbius não segue por esse caminho, que acabou fazendo os seus ”colegas” serem sucessos de bilheteria. Ele opta por uma via em que leva o seu enredo a sério demais através de momentos vergonhosos e tediosos ao tentar executar suas ações de formas mais sérias. 

Jared Leto vira monstro em Morbius, filme do universo Homem-Aranha

Jared Leto entrega uma performance barcaça ao dar vida ao Vampiro Vivo. Leto está sem fascínio algum nessa película, visto que Michael Morbius aceita suas condições de se tornar um monstro sedento por sangue sem relutância alguma. Faltou um desenvolvimento mais imersivo após Michael se transformar em uma criatura noturna. É decepcionante o curso que o roteiro decidiu tomar quanto a trajetória do anti-herói em sua transformação vampiresca, dado que havia tantos trajetos relevantes que a equipe criativa poderia ter seguido. 

Adria Arjona, Tyrese Gibson, Jared Harris e Al Madrigal são um elenco de apoio que não funcionam. É praticamente impossível pegar qualquer tipo de apego emocional com seus personagens, dando a impressão que estão na produção apenas para preencher lacunas por meio de ligações emocionais com Morbius, o que acaba dando errado, causando situações totalmente artificiais e descartáveis. O interesse amoroso de Michael (Arjona) é calamitoso e desinteressante, enquanto o personagem de Harris pouco aparece na história, causando uma sensação de relutância quando ele está em tela. Já, os detetives vividos respectivamente por Tyrese e Madrigal não servem para muita coisa, uma vez que aceitam que um vampiro está à solta em Nova York sem muita relutância. 

Todavia, Loxias Crown, o antagonista de Morbius interpretado por Matt Smith, é sem sombras de dúvidas, a figura mais deplorável do filme. Loxias é concebido como o melhor amigo de Michael, onde possui uma personalidade gentil e amigável. Entretanto, ao se transformar no inimigo do Vampiro Vivo, Loxias muda de ego da forma mais sórdida possível. Sem motivações, Crown é o personagem mais descartável da trama, instigando um sentimento de infelicidade ao espectador todas as vezes que ele dá as caras. 

Dói ver o que a equipe criativa de Morbius e os executivos da Sony Pictures fizeram com um elenco tão talentoso, dado que não há um astro sequer na produção que é ruim ao fazer seus trabalhos. 

Matt Smith Shares Why He Agreed To Play Morbius Villain Loxias Crown
Matt Smith como Loxias Crown em Morbius.

Por sorte, os efeitos especiais e as cenas de luta são agradáveis, tais quais as sequências de perseguições. A caracterização do protagonista também agrada os olhos, sendo uma atualização interessante quando comparada com a sua contraparte dos quadrinhos. Sua fotografia também merece ser elogiada em dados momentos, usando takes interessantes e inteligentes para ocultar as cenas mais sangrentas sem desrespeitar o que está sendo mostrado. 

É um pouco incômodo presenciar Michael Morbius alterando a sua aparência toda vez que ele está raivoso, mesmo com o CGI sendo minimamente bem feito. Outro ponto que merece ser mencionado, é o semblante de Crown quando ele se transforma no ser noturno. O departamento de artes visuais poderia ter tido um cuidado especial ao deixar o herói com uma feição diferente do seu oponente, mas eles optaram pelo caminho mais simplório, dando a sensação de que era a mesma pessoa mas com vestimentas e corte de cabelo diferentes. 

Em Alta CNN: "Morbius" é uma batalha entre o bem e o mal, diz Jared Leto | CNN Brasil

Morbius se encerra deixando uma sensação amarga. O seu final é contemplado repentinamente e com pouco glamour. É evidente que após muitos adiamentos, o longa-metragem passou por extensas edições, dando o pressentimento que ele estava sim situado no MCU, mas que por causas de conflitos criativos, passou para outra realidade.

Morbius passa longe da qualidade de um filme da DC ou da Marvel Studios, sendo completamente esquecível e conflituoso com o Universo Cinematográfico da Sony Pictures. Porém, pode ser uma boa saída para um grupo de amigos que estão fazendo uma noite da pizza, ou para alguém que quer passar o tempo ao lado dos avós assistindo algo para distrair a cabeça junto da família. 

Nota: 2,5/5

Kraven, o Caçador será a próxima obra situada no Universo Cinematográfico da Sony, junto de Madame Teia, que deve estrear no segundo semestre de 2023. Nunca se deve julgar um livro pela capa, mas é preocupante o rumo que a produtora está tomando com a mitologia do Homem-Aranha nas telonas. O mais sensato, seria deixar Kevin Feige cuidando do departamento destes personagens em live-action, enquanto a Sony Pictures ficaria apenas produzindo dezenas de continuações de Homem-Aranha no Aranhaverso, afinal, isso ela sabe fazer de melhor: animações. 

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‘Batman’ é uma carta de amor aos fãs do Homem-Morcego

Desde o seu primeiro trailer na DC Fandome de 2020, Batman de Matt Reeves se tornou o filme de herói mais aguardado por mim até então. Não só por confiar no diretor ou por ser fã do Robert Pattinson e de seu trabalho nos últimos anos, mas por ter me sentido abraçado como fã do personagem pela ambientação e pelos detalhes que vi brevemente naquele vídeo.

Finalmente, depois de um bom tempo passado do seu primeiro trailer e de ser adiado por conta da pandemia, a Vingança chegou aos cinemas. E, bom, valeu a pena criar expectativa e esperar todo esse tempo. Matt Reeves entrega tudo o que prometeu em um longa de três horas que prende o telespectador do início ao fim, seja ele fã do herói ou não, e nos entrega um grande universo que merece ser explorado ao máximo no futuro.

Na trama de Batman, observamos um Homem-Morcego jovem, despreparado e inexperiente que está atuando em seu segundo ano como vigilante de Gotham. Até que um assassino em série que, neste caso, é o vilão Charada, surge e toma como alvo membros da elite da cidade onde, em cada assassinato, deixa um enigma para o vigilante decifrar. Para descobrir quem é o vilão, Batman precisa entrar no submundo e encontra personagens icônicos da mitologia como o Pinguim, a Mulher-Gato e Falcone.

É interessante ver como Reeves utiliza elementos de diversas histórias em quadrinhos diferentes, como o próprio arco do Ano Um, O Longo dia das Bruxas, Batman: Ego além de outros da mitologia (que, se eu citar aqui, pode ser considerado spoiler) para contar uma história totalmente nova que mostra a transformação do vigilante em herói, conforme o longa avança. Você vê um Batman inexperiente, com dúvidas quanto o que está fazendo e amadurecendo de acordo com seus erros.

O roteiro é muito bem trabalhado, explora tanto a mitologia do herói como o seu psicológico e a forma como Reeves decide narrar a história do filme causa uma imersão súbita do telespectador na trama. Os monólogos de Bruce Wayne ao longo da exibição contribuem em peso para isso e remetem um clima investigativo muito presente em filmes noir de antigamente – dessa forma, colabora com o tom que o filme deseja passar.

Por mais que tenha três horas de duração, o tempo passa rapidamente e o telespectador se sente preso do início ao fim e, particularmente, eu não reclamaria se o tempo de duração fosse maior.

Reeves já é um diretor conhecido pela sua visão criativa, e aqui não é diferente. Conseguimos ver nitidamente que ele compreendeu todas as nuances e as camadas do Homem-Morcego e trouxe elas para tela de acordo com a sua visão, e funcionou perfeitamente. Robert Pattinson conseguiu se consagrar como a melhor adaptação do herói para as telas do cinema.

Aqui, não vemos muito do Bruce Wayne em tela, mas propositalmente: esse é um filme do Batman e de seu amadurecimento como herói em seus dois primeiros anos, realmente não há espaço para a transição entre ambas as personalidades durante a exibição da trama. Entretanto, quando há, notamos o quanto ambas as personas estão bem adaptadas.

E, já falando no elenco, todo ele está sensacional. Robert Pattinson consegue transmitir toda a personalidade do Batman e de Bruce Wayne em tela e Zoë Kravitz como Selina Kyle transmite toda a energia que a personagem tem nos quadrinhos, além da química entre ambos ser incrível.

Paul Dano entrega um vilão incrível em sua atuação e Andy Serkis, por mais que pudesse ser mais desenvolvido como Alfred, nos entrega um excelente personagem. Jeffrey Wright é um bom Gordon e a química dele com o Batman cresce conforme o filme se desenvolve. Por último, Colin Farrell nos entrega um excelente Cobblepot e a equipe de maquiagem está de parabéns pelo trabalho feito com o vilão.

A fotografia do filme é um show a parte, cada frame parece uma obra de arte com sua paleta de cores característica tanto com a personalidade de Gotham como a do vigilante, e os efeitos especiais são de tirar o fôlego. Em um cenário onde o cinema de super-heróis está saturado de filmes que usam e abusam do CGI, Batman consegue dar uma aula e mostrar que com efeitos práticos bem executados é possível contar uma história de forma visualmente limpa.

Por último, a representação de Gotham neste filme está perfeita e fiel em cada detalhe: aqui, visualmente, vemos uma cidade suja que casa perfeitamente com o cenário político e social que o longa quer mostrar. De certa forma, percebemos que Reeves fez o seu dever de casa e, como fã, interpreto esse filme como uma carta de amor: afinal, nessas três horas de duração, eu vi tudo o que eu queria assistir em um longa que leva o nome do Homem-Morcego.

Talvez a única crítica negativa que eu tenha em relação ao longa é a sua classificação etária. De fato, ela não interfere no peso da trama e nem em como ela se desenvolve. Entretanto, em certas cenas ficam evidentes a amenização da violência por conta da faixa etária, e com isso a sua conclusão acaba se tornando um pouco ridícula – em especial, uma cena presente no terceiro ato do filme. Não é nada tão gritante ao ponto de comprometer a experiência do filme, mas incomoda no momento e poderia ter sido alterada facilmente, assim como as demais foram.

Então, é bom?

Com um grande elenco, uma excelente direção e uma fotografia que casa perfeitamente com a trama, Batman nos entrega um rico material a respeito do herói. Reeves consegue, com maestria, desenvolver uma narrativa que explora ao fundo a psicologia do Homem-Morcego, desenvolvendo-a ao longo das três horas de tela e nos entregando a melhor adaptação do herói já feita até os dias atuais – respeitando sua origem nos quadrinhos e compreendendo o que o personagem representa. No fim das contas, Batman acaba sendo uma carta de amor aos fãs do vigilante.

Nota: 5/5

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O Massacre da Serra Elétrica: O Retorno de Leatherface não é uma redenção da franquia

O Massacre da Serra Elétrica, de 1974, é considerado um marco para o gênero de horror. Idealizado por Tobe Hooper, o filme surgiu como um projeto independente que alcançou um sucesso inesperado devido a icônica figura de Leatherface, o grande vilão (e também protagonista) da franquia. 

São quarenta e oito anos de história, de altos e baixos. Entretanto, diferente de outras sagas de slashers, O Massacre da Serra Elétrica sofre com uma série de longas-metragens problemáticos e pouco cativantes, salvando-se apenas pelo seu garoto propaganda que caiu no gosto popular, principalmente pelos idólatras de obras de terror clássicas. 

Desconsiderando suas continuações lançadas nas décadas de 80 e 90, foram quatro tentativas de salvar a série, todas sem muitos resultados. Agora, com o lançamento de O Massacre da Serra Elétrica: O Retorno de Leatherface pela Netflix (que comprou apenas os direitos de distribuição, o desenvolvimento é inteiramente da Legendary), a franquia tenta se reerguer diante uma sequência direta da produção lançada em 1974. 

texas chainsaw massacre (2022) | Explore Tumblr Posts and Blogs | Tumgir

Quando uma viagem de negócios leva uma jovem, sua irmã mais nova e seus amigos pelas estradas do Texas, elas precisam sobreviver a um encontro fatal com o Leatherface.

Infelizmente, as adversidades com O Retorno de Leatherface se iniciam muito antes de sua chegada no streaming. Originalmente, a dupla Andy e Ryan Tohill foram contratados para dirigirem a continuação. Entretanto, poucos dias após o início das gravações (que começaram em Agosto de 2020), os irmãos foram trocados pelo cineasta David Blue Garcia, que iniciou as filmagens do zero após os executivos da Legendary não estarem satisfeitos com o trabalho dos Tohill; que por outro lado, não concordavam com a visão que a produtora tinha perante o projeto.

Um ano depois, a Legendary anuncia o cancelamento da estreia do novo O Massacre da Serra Elétrica nos cinemas, e divulgou que a obra cinematográfica será lançada com exclusividade no catálogo da Netflix. Muitos fãs ficaram preocupados com o destino do filme, mesmo o modelo de negócios ser comum entre os mais variados streamings desde 2018. Afinal, qual será o destino da saga? Pois não se engane, O Massacre da Serra Elétrica: O Retorno de Leatherface não é uma redenção dos erros do passado. 

Texas Chainsaw Massacre 2: Uma sequência está acontecendo? - Guia Netflix

Sua curta duração, atrapalha em seu desenvolvimento. Após cinco anos em hiato (Massacre no Texas, prequel de 2017, foi o último longa-metragem lançado), os idealizadores do projeto haviam um desafio em mãos: explorar a mitologia de um Leatheface idoso após os eventos de O Massacre na Serra Elétrica (1974). Logo, não haviam motivos para elaborar uma história de 1h 23m, mas sim, algo mais longo para se aprofundar na psique do serial killer que leva o seu nome no título. 

Sua fraca introdução (porém inteligente, diga-se de passagem) serve como um breve resumo para os telespectadores. Em seguida, conhecemos o grupo de jovens que serão os protagonistas. Suas inserções são feitas de forma pouco cativante, e fica explícito que será cansativo acompanhar a jornada da equipe, dado que não há um princípio vital nas personas.

O vazio nas interações entre os amigos é tedioso, e ao contrário de outros filmes de terror, aqui suas atitudes não são estúpidas, mas sim, mesquinhas e soberbas. É um diferencial para O Retorno de Leatherface, contudo seria um elogio caso os aspectos fossem guiados de formas mais cuidadosas e menos apressadas. 

A introdução de Sally Hardesty (Olwen Fouéré é a sua intérprete, uma vez que Marilyn Burns, a atriz original, faleceu em 2014) não empolga, principalmente quando o prólogo do enredo explica através de uma razão preguiçosa, o motivo de Sally nunca ter ido atrás de Leatherface até então. Hardesty estava sendo vendida como uma ”final girl”, no estilo de Laurie Strode (Jamie Lee Curtis), de Halloween, no entanto as suas atitudes não chegam nem perto da coragem e determinação  de Strode. A lentidão em tomar uma conduta essencial para situações de risco, faz com que o espectador se questione se era realmente necessário trazê-la de volta.  

Netflix's Texas Chainsaw Massacre deals with gun debate, school shootings - Polygon

Há algumas adversidades em Leatherface, mas mesmo diante de uma trama debilitada por problemas externos, o vilão entrega aquilo que ele propõem desde a sua criação: fazer um verdadeiro massacre. 

Sem quaisquer demonstração de sentimentos ao assassinar suas vítimas, o longa-metragem apresenta um lado mais humano do antagonista quando uma tragédia pessoal (causada por incompetência de terceiros) aflige a sua vida. Em contrapartida, ele não causa uma presença assustadora, mesmo sendo um indivíduo ameaçador. 

É satisfatório ver Leatherface em ação, apesar do personagem tentar se distanciar do seu passado conturbado (é possível perceber a condição através de pequenas atitudes) e voltar à ação exclusivamente por um fator que ameaça sua ”existência”. 

Lastimavelmente, toda a carnificina causada pelo sujeito não é suficiente para salvar o débil conto de O Retorno de Leatherface. O gore causado pelo elemento é pouco explorado, ainda que explícito em determinadas ocasiões.  

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O Massacre da Serra Elétrica: O Retorno de Leatherface utiliza da mesma fórmula de Halloween: ser uma sequência apenas do filme original desconsiderando suas eventuais sequências, reboots e remakes. Porém, se é proposto que ele seja uma continuação do original, é ilógico que Chris Thomas Devlin, Fede Alvarez e Rodo Sayagues (roteiristas) junto de David Blue Garcia e da Legendary, excluam elementos  essenciais para a mitologia de Leatherface que são obrigatórios para qualquer obra cinematográfica do portador da famosa ”motosserra”.

A produção pouco se esforça em explicar por que Thomas Hewitt (Leatherface) se envolveu com uma nova personagem, tal qual o destino de alguns membros de sua família incestuosa. Em contrapartida, a sua cena pós-créditos deixa um sorriso no rosto e quiçá, é a melhor parte da película junto de seus créditos estilizados. 

Fãs de O Massacre da Serra Elétrica terão mais uma decepção. Já, quem não conhece muito da franquia mas fica feliz em assistir à um filme de horror, irá se entreter na medida do possível. 

NOTA: 2,5/5

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King’s Man: A Origem diverte, mas não cativa

Em 2014, Matthew Vaughn dirigiu Kingsman: Serviço Secreto – o primeiro longa de uma futura franquia que, na época, aparentava ser promissora. Baseado no quadrinho de Mark Millar e de Dave Gibbons, o filme apresentava uma trama simples mas conseguia cativar o telespectador por conta de suas cenas de ação bem executadas, principalmente a consagrada ”cena da igreja”, onde Harry Hart (icônico personagem de Colin Firth) luta contra todos que estavam lá em um incrível plano sequência.

Infelizmente em 2017, sua sequência intitulada de Kingsman: O Círculo Dourado já não apresentava as mesmas qualidades que o primeiro – não só pela sua trama simples como também pelas inúmeras escolhas péssimas que tomaram durante a mesma. Sendo bem sincero, o único lado positivo da sequência é a participação de Elton John e sua cena de ação. O resto é facilmente dispensável.

Elton John em ‘Kingsman: O Círculo Dourado’.

Finalmente agora, em 2022, e após inúmeros adiantamentos por conta de refilmagens ou pelo próprio cenário da pandemia, será lançado aos cinemas no dia 6 deste mês King’s Man: A Origem. Prometendo ser um filme que mostra a origem da agência de espionagem, o longa utiliza como pretexto o cenário histórico da primeira guerra mundial e falha miseravelmente em tentar estabelecer conexões entre ambos através de um roteiro raso, cenas de ação medíocres e elementos que não colaboram durante a execução do filme.

Na trama acompanhamos o Duque de Oxford (Ralph Fiennes), um homem que se envolvia diretamente nas guerras, entretanto, após uma tragédia familiar ocorrer, decide virar pacifista e agir apenas de forma política. Quando a primeira guerra mundial começa a eclodir, o protagonista entra em conflito com seu dilema e, junto com seu filho (Harris Dickinson) e seus assistentes, Polly e Shola (Gemma Arterton e Djimon Hounsou), decide investigar quem é o misterioso vilão que está manipulando as figuras históricas neste cenário da guerra.

Ao utilizar toda a história da primeira guerra mundial como background para construir sua trama, o diretor brinca com certos elementos e tenta encaixar o protagonista e seus coadjuvantes no enredo. Entretanto, o cenário histórico se torna mais interessante e a criação da Kingsman em si acaba sendo esquecida tanto pelo público. Ou seja, o cenário diverte bem mais do que o argumento principal. É uma trama fraca, extremamente mal desenvolvida e esquecível.

Quando escrevi a introdução mencionando os dois primeiros filmes da franquia, foi fácil lembrar de certos elementos deles. Afinal, o primeiro tem o plano sequência da igreja e, o segundo, tem a participação de Elton John que é extremamente cômica e divertida. Entretanto, essa prequel não apresenta nenhum detalhe memorável ou que cative o telespectador – por mais que a trama simples divirta, mesmo que de forma mínima, por se passar em um cenário histórico e utilizar inúmeros elementos políticos no seu desenvolvimento, falha em cativar o telespectador.

The King's Man: Release Date, Cast, And More

A maior decepção, neste caso, e ver que a história tinha potencial de se tornar algo razoavelmente bom e falha por não saber como continuar. Além disso, os personagens são totalmente esquecíveis e até mesmo o vilão é ofuscado por um coadjuvante. Neste caso, Rasputin (Rhys Ifans) aparece de forma extremamente caricata e cômica em poucos minutos de longa e rouba totalmente a cena do vilão principal.

Todo o misticismo criado em torno de Rasputin o transforma numa ameaça real dentro do cenário geopolítico da trama. Enquanto isso, o diretor tenta potencializar a ameaça do vilão principal através de diferentes planos que ocultam seu rosto durante todo o filme, até que sua identidade é revelada no terceiro ato. E isso não altera em nada o decorrer do filme, afinal, já era um plot previsível e este apresenta uma resolução extremamente medíocre. Ou seja, um vilão secundário e extremamente mal aproveitado consegue ser melhor do que o antagonista que, supostamente, deveria ser a grande ameaça do longa.

The King's Man review - has Kingsman prequel been worth the wait?

O título ainda tenta introduzir cenas de ação memoráveis diante do contexto, mas não consegue. Enquanto os anteriores apresentavam boas coreografias de luta e bons efeitos especiais, aqui nota-se que a coreografia perdeu sua qualidade e muitas vezes percebemos o fundo verde e o cgi, de forma tão gritante que estraga um pouco a experiência.

Enfim, o filme não é de todo ruim mas pode ser resumido como um longa de ação genérico que cai no esquecimento assim que você sai do cinema. É extremamente esquecível e desperdiça todo o potencial que tinha em uma trama simples, que não sabe estabelecer o seu objetivo e com personagens que não cativam o telespectador. Por fim, o longa ainda tenta formular uma sequência através de uma cena pós-crédito que, ao meu ver, foi introduzida de forma extremamente forçada.

Então, é bom?

King’s Man: A Origem diverte de forma mínima o telespectador mas não o cativa. O longa sofre com uma história extremamente rasa e previsível de forma que o elenco recheado de atores excelentes seja desperdiçado em um filme repleto de personagens fracos e de falhas técnicas em sua exibição.

Ao menos, nota-se que o trabalho utilizando o cenário histórico do período da primeira guerra mundial tenta trazer uma abordagem diferente com o objetivo de fazer algo interessante – entretanto, falha. Infelizmente, King’s Man: A Origem desperdiça todo o potencial que este filme tinha em ser bom e deixa o futuro da franquia no cinema nebuloso.

Nota: 2.5/5

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Não Olhe para Cima e sua crítica extremamente certeira aos tempos modernos

Depois de dois anos cercados por fake news e diferentes conflitos, não só políticos como também em relação ao gigantesco negacionismo da ciência diante da atual pandemia que vivemos, chega na Netflix o mais novo longa do diretor Adam McKay, Não Olhe Para Cima (Don’t Look Up), que visa justamente demostrar uma crítica certeira aos tempos modernos e sombrios que vivemos por meio de um humor ácido aplicado com maestria e por bons momentos mostrados em tela – que, infelizmente, se coincidem e muito com a realidade.

Don't Look Up' Netflix Review: Stream It or Skip It?

Em Não Olhe para Cima, acompanhamos o doutor Randall Mindy (Leonardo DiCaprio) e sua doutoranda, Kate Dibiasky (Jennifer Lawrence). Após descobrirem que um cometa localizado em nosso sistema solar está prestes a colidir com a Terra e que apresenta 99,8% de chance de dizimar toda a espécie humana em seis meses, os astrônomos decidem avisar a Casa Branca. Com a ajuda do doutor Oglethorpe (Rob Morgan), os dois tentam alertar não só a presidente (Meryl Streep) e o seu filho Jason (Jonah Hill), como também todo o mundo antes que o pior aconteça.

Com uma trama que chega a ser clichê se comparado a filmes que retratam uma catástrofe, Adam McKay consegue dirigir com maestria o roteiro e satiriza todos os elementos que estão presentes em um filme do gênero utilizando, não só eles, como também outras figuras de linguagem como uma forma de criticar toda a situação atual, não só de interesses políticos e econômicos diante de determinada situação como também do negacionismo extremo perante aos dados expostos cientificamente – seja no cenário da atual pandemia como em eventos passados, junto com a geração de fake news e conflitos por viés político.

Don't Look Up tem 63% de aprovação do Rotten Tomatoes

A forma como o diretor decide trabalhar esta sátira misturando elementos da vida real com os ficcionais perante a situação que envolve a trama é bastante interessante, feita através de um humor ácido bem aplicado e por meio de sátiras dos principais talk-shows e empresas de tecnologia norte-americanas. Entretanto, durante a exibição do filme, ele se perde nisso e, ao apertar sempre na mesma tecla, torna uma experiência que antes estava agradável em arrastada e repetitiva – principalmente a partir da metade do segundo ato.

Além disso, McKay tenta alarmar a situação subestimando toda a população e fazendo com que todos os personagens do filme (além dos protagonistas) apresentem tal comportamento negacionista. Porém, isso não tira o brilho do filme: o seu argumento é bem estabelecido e a sua mensagem é transmitida de forma clara e precisa, da melhor forma possível e no tempo necessário.

Confira o que inspirou a temática do filme Don't Look Up, disponível na Netflix

Quanto ao elenco, é impossível não elogiar os nomes de peso presentes nele. Leonardo DiCaprio está sensacional e transmite todas as nuances de sua personalidade, um cientista que antes tem problemas de ansiedade e não consegue falar com o público sem utilizar termos técnicos se torna uma certa celebridade da televisão. Junto a ele, Jennifer Lawrence vive uma doutoranda que expressa de forma nítida seus sentimentos e se equilibra perfeitamente com o personagem de DiCaprio.

Meryl Streep interpreta com maestria o papel de uma presidente irresponsável que nega com todas as forças a situação que está por vir, sendo o principal elemento de sátira da trama. Um problema deste elenco de peso é que, diante de tantos nomes bons da indústria, alguns ficam ofuscados e seus personagens acabam sendo esquecidos na trama, como é o caso de Jonah Hill ou de Timothee Chalamet.

Don't Look Up Review: An All Star Apocalypse in Adam McKay's Satire | Den of Geek

Então, é bom?

Não Olhe para Cima é um filme excelente e que foi lançado no tempo certo. Sua temática, apesar de clichê, utiliza elementos satíricos como uma forma certeira de criticar toda a situação que vivenciamos desde o ano passado e que vem crescendo com o tempo.

Adam McKay consegue amarrar do melhor jeito possível todas essas informações e dirige com maestria o projeto. Além disso, o elenco de peso ajuda na composição do longa e nos traz uma excelente reflexão, não só do tempo que vivemos, como do que está por vir e o que precisamos fazer para mudar o cenário de forma mais rápida possível.

Nota: 4/5

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Matrix Resurrections força nostalgia em uma modernização caricata

No ano de 1999, Matrix revolucionou o mundo audiovisual, mudou o gênero e marcou uma geração, além de se tornar um forte elemento presente na cultura pop. Foi tamanho sucesso desse universo, criado pelas irmãs Lana e Lilly Wachowski, que foram feitas duas continuações, Matrix Reloaded e Matrix Revolutions, e após quase vinte (20) anos desde os eventos do terceiro, chegou aos cinemas o quarto filme: Matrix Resurrections. Contando com um grande trabalho de marketing para divulgar o longa, a continuação conta com a direção de apenas Lana Wachowski dessa vez e também com o retorno de Keanu Reeves no papel do protagonista Neo e Carrie-Anne Moss como Trinity. Na trama, Neo volta como Thomas A. Anderson e está de volta à Matrix, tendo diversos sonhos e eventos estranhos até uma nova versão de Morpheus abrir sua mente novamente a fim de criar uma nova rebelião e libertar todos do controle das máquinas.

O longa tem o poder de já na primeira cena criar um misto de sentimentos e nostalgia, sobretudo ao ver a primeira roupa preta de couro, que é algo icônico nos filmes, assim como ver Neo nas telas de novo. Keanu Reeves ainda possui o mesmo tom do personagem que vimos nos filmes anteriores, o carinho que os espectadores possuem pelo ator faz com que assisti-lo na história novamente seja animador. O mesmo pode-se dizer de Carrie-Anne, ainda que durante o longa sintamos falta da Trinity que conhecemos, o final compensa completamente essa falta, e ver o casal junto em cena mostra que a mesma química ainda se faz presente.

A nova versão de Morpheus, agora interpretado por Yahya Abdul-Mateen II (Aquaman, A Lenda de Candyman), entrega o personagem com um tom um pouco mais cômico e menos sério, diferente do que foi visto anteriormente, contudo, o próprio filme explica o motivo disso. Apesar do talento do ator, não se pode comparar com o impacto de Laurence Fishburne nas narrativas anteriores, sua atuação e o modo como ele marcou o papel é algo que deixou uma lacuna no desempenho da trama. Além disso, Morpheus só tem mais destaque no primeiro ato, pois depois sua presença passa a ser tratada com irrelevância, mas com o aparente propósito de dar mais destaque a novos personagens, como Bugs (Jessica Henwick), que é um elemento de importância no enredo e ajuda Neo constantemente. O carisma da atriz e o bom desenvolvimento da personagem é um ponto bastante positivo, e fica a vontade de querer ver mais da história dela. 

Tratando-se dos vilões, o antagonista ilustre do universo Matrix, Agente Smith -antes interpretado pelo talentoso Hugo Weaving-, também ganhou um novo intérprete: o ator Jonathan Groff (Mindhunter), fato que foi prejudicial para o longa. Groff não parece possuir qualquer expressão facial nem harmonia no papel e reproduz falas e modos de agir parecidos com de Weaving, mas que não funcionam e só causam vergonha alheia, não possuindo a mesma tensão e ameaça passada pela atuação de Hugo Weaving nos filmes anteriores. O mesmo se aplica ao novo vilão, o qual Neil Patrick Harris (How I Met Your Mother) dá vida, ele é ainda mais caricato e não se parece com o mundo de Matrix, que sempre teve uma atmosfera séria e complexa, distante de enredos superficiais. Assim, é visível que a mudança desses atores prejudicou a qualidade do filme.

A mitologia de Matrix é conhecida por seu enredo filosófico e técnicas audiovisuais, bem como alegorias sobre problemas sociais, e diferentemente do segundo e terceiro longa, o quarto consegue balancear muito bem a reflexão abordada e a ação, que apesar de não inovar nesse quesito ainda mostra o kung fu tão presente nos anteriores. Apoiando-se em uma grande metalinguagem, a trama fala do próprio filme e sua nostalgia, na qual as pessoas conhecem a matrix estando dentro da mesma, sem conseguir distinguir o que é real ou não -um clássico da narrativa- e que se auto critica ao expor como a população se recorda do programa. A obra ainda continua a se preocupar com os mínimos detalhes, mostrando as falhas da Matrix em coisas sutis, e que se você for atento perceberá. O fato de usar e abusar de flashbacks em seu desenvolvimento pode enjoar ao assistir, mesmo que alguns sejam para relembrar eventos que ocorreram, e muitas cenas são iguais ao primeiro longa-metragem, se prendendo a essa nostalgia e, portanto, não entregando algo novo.

A fotografia é muito bem planejada e é um tópico positivo, com paleta de cores cinza e neutras que remetem um ambiente tecnológico e futurista, tal como o trabalho de maquiagem. O jogo de câmeras e o modo como é feita a troca de cenários de forma vertiginosa é ótima e criativa, principalmente nos primeiros minutos de filme. Porém, são muitas as cenas que possuem uma câmera lenta que é estranha e mal feita, causando incômodo ao assistir. Ademais, as cenas de luta não são coreografadas com maestria nem são dignas de aplausos, ainda que remeta os outros filmes.

Matrix Resurrections vem para relembrar como sua história marcou o cinema, sem inovar nesse quarto filme ou acrescentar algo de fato, mas que termina dando grande satisfação só de ver personagens icônicos de volta às telas. Seria difícil -ainda que possível- superar a grandiosidade do primeiro longa, mas Resurrections não ousa, apenas parece uma releitura de sua própria história. Ainda assim, é inegável que foi um presente para os fãs.

 Nota: 3/5 – Prata

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A nostálgica magia de Um Menino Chamado Natal

A cada ano os filmes de Natal se tornam mais populares e os streamings apostam cada vez mais nesse gênero, além de passarem a chamar mais a atenção e interesse dos espectadores. Dentre eles, existem diversas vertentes que os filmes que abordam ou se passam nesse feriado apresentam, como comédias românticas, fantasia, aventura e animação. Neste ano, o longa Um Menino Chamado Natal foi um dos vários lançamentos que chegaram no mês de dezembro no catálogo da Netflix. No enredo, acompanhamos o jovem menino Nikolas partir em uma aventura para encontrar a Vila dos Duendes, a fim de levar esperança a todos e encontrar seu pai. Durante essa jornada ele faz amigos e tenta ensinar a todos o real significado de generosidade.

A produção é dirigida por Gil Kenan (A Casa Monstro, Poltergeist O Fenômeno 2015) e possui um elenco rico em sua variedade, trazendo muitos rostos conhecidos, como Maggie Smith (saga Harry Potter, Downton Abbey), Kristen Wiig (MulherMaravilha 1984), Michiel Huisman (Game of Thrones), Jim Broadbent (saga Harry Potter) e Sally Hawkins (A Forma da Água). Diga-se de passagem que a escolha da atriz Maggie Smith como também narradora do longa foi uma ótima escolha. 

Maggie Smith stars in charming festive movie 'A Boy Called Christmas' - watch the trailer! - British Period Dramas

O filme funciona como uma história dentro de outra, o que o faz parecer literalmente como um livro infantil, no qual a tia das crianças conta a elas e ao espectador. E a direção nesse quesito se mostra um dos maiores pontos positivos, pois é feita de forma dinâmica, seja com jogos de sombras ou outros. O modo como o cenário do tempo atual se une ao da história que está sendo contada é feito de forma maestral e bastante criativa, destacando-se em um âmbito que muitos longas não conseguem: a narração de histórias. Assim, acompanhamos a jornada de Nikolas, que se mostra cheia de surpresas, risadas e ensinamentos, como todo bom filme de Natal. Além disso, a trama do presente conversa, de forma sutil, com a do passado, que é o luto que as crianças lidam ao perder a mãe. Fica claro que todos os elementos do Natal se fazem evidentes ali, sobretudo os sentimentos mais complexos como esperança, luto, a ternura que as crianças podem passar aos adultos e também o medo. Cada particularidade tratada de forma sensível e apta para todas as idades.

A Boy Called Christmas Movie Review - JoBlo

A fotografia e os cenários são o ponto mais alto e de destaque do longa-metragem, com locações de tirar o fôlego e frames que parecem sair de lugares mágicos. A propósito, foram tantas cenas com fotografias lindas que quis colocar aqui, mas que só possuem o mesmo efeito se assistidas no filme. Mesmo assim, florestas cobertas de neve, auroras boreais e céus estrelados são um pouco do que a obra apresenta em sua riquíssima fotografia e iluminação. 

As caracterizações dos personagens condizem bem com a época no que tange à história de Nikolas, que parece se passar na Era Medieval, e o trabalho de maquiagem da produção também se torna um destaque, tal como o figurino. Isso se vê igualmente nas vestimentas dos Duendes, que não se prendem ao clássico vermelho e verde, mas apostam em roupas coloridas e alegres, demonstrando suas próprias tradições e costumes, fato também visto na maravilhosa animação Klaus, disponível e original Netflix.

No entanto, a falta de carisma e expressões faciais do protagonista se mostra um ponto negativo, ainda que não afete o enredo no geral. Apesar do ator mirim interpretar todo o altruísmo do espírito do Natal, ele não parece se encaixar bem no papel, e sua atuação muitas vezes parece apática. Outro tópico negativo do longa é a sua ousadia no CGI, que em seu primeiro ato se mostra bem feito, mas que decai paulatinamente e se arrisca demais em efeitos especiais desnecessários. Exemplo disso é a pequena fada que Nikolas conhece na Vila dos Duendes, ela mais parece o rosto de uma mulher adulta em um corpo de criança graças a desproporcionalidade do CGI, e em qualquer movimento que a personagem fazia era uma experiência estranha de assistir, que mais faz você se perguntar o que foi feito ali todas as vezes que ela está em cena.

A que horas A Boy Called Christmas chega ao Netflix? - Guia Netflix

Um Menino Chamado Natal é um filme doce, repleto de sentimentos de alegria e esperança do Natal. Assistir a aventura do jovem Nikolas nos diverte e retoma a alegria das festas de fim de ano e a magia do Natal que assistimos em outros longas na infância. Pode não ser uma obra que irá se tornar clássica do gênero, mas com certeza merece estar na lista de maratona para entrar no clima natalino.

Nota: 4/5 – Ouro

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Sem Volta Para Casa se consolida como o melhor filme do Homem-Aranha, contando uma história espetacular e nostálgica

Com grandes poderes, vêm grandes responsabilidades.

Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa, foi o filme mais comentado de 2021 devido as incontáveis teorias que rodeavam a sua trama. Agora, o longa-metragem já está em cartaz nos cinemas e todos os fãs do herói ao redor do mundo, finalmente terão a oportunidade de assistirem a obra prima que esta produção é. 

Há dois anos, a Sony Pictures junto da Marvel Studios haviam tomado uma decisão que deixou a internet polvorosa por semanas. Ambas as empresas  determinaram que não renovariam suas parcerias, e o terceiro filme do Homem-Aranha de Tom Holland não seria mais situado no MCU.

Como era de se esperar, grande parte dos admiradores do teioso não gostaram da escolha, e os dois estúdios definiram que iriam reverter a situação, prolongando suas colaborações por mais dois filmes, um solo (é importante mencionar, que recentemente Amy Pascal, produtora-executiva da Sony Pictures, revelou que Holland será o protagonista de mais três obras do Cabeça de Teia dentro do Universo Cinematográfico da Marvel) e um de equipe. 

Após a notícia mencionada no parágrafo anterior, os apreciadores do Homem-Aranha e de sua trilogia esboçaram uma felicidade sem tamanha e ao mesmo tempo, uma dúvida: como será este novo filme? A resposta, veio com o tempo, e ela foi deslumbrante. 

Spider Man No Way Home Tom Holland GIF - Spider Man No Way Home Spider Man Tom Holland - Discover & Share GIFs

Após ter tido sua identidade secreta revelada ao mundo por culpa das ações de Mysterio, Peter Parker vê a sua vida e a sua reputação desmoronar. Ao procurar ajuda de Stephen Strange para tentar consertar tudo, a situação só fica ainda mais perigosa, e Parker precisa descobrir o que significa ser o Homem-Aranha.

A datar de Homem-Aranha: De Volta ao Lar, o público faz duras críticas ao Homem-Aranha de Tom Holland por vários fatores, como: ele enxergar o Tony Stark como uma figura paterna, não possuir problemas sociais intensos como as suas contrapartes cinematográficas, a cada momento se deparar com soluções razoavelmente fáceis para grandes conflitos, não dispor de consequências fatais para os seus atos e etc. Em Sem Volta Para Casa, tudo isso é jogado no lixo… para um novo Amigão da Vizinhança de Tom ser concebido. 

Holland entrega uma atuação madura, consistente, responsável e o mais importante, um comportamento benevolente. 

Desde o início da história de Sem Volta Para Casa, o Peter Parker do ator se comporta como as suas principais variantes dos quadrinhos: um rapaz simples, humano, piadista, ingênuo e que mesmo diante dos problemas mais conflitantes, ele ainda está de pé. A evolução repentina que o MCU trouxe ao Peter e Homem-Aranha, foi necessária para o contexto desse vasto e majestoso universo compartilhado, dado que a sua jornada como escalador de paredes, foi composta por altos e baixos.

Todos os acontecimentos presentes no enredo, desde os mais simplórios até os conceituados, foram necessários para a construção de um novo personagem que ainda possui um caminho extenso na Marvel Studios. Por sorte, temos Tom Holland, um astro dedicado e compromissado ao herói, para carregar o manto da Aranha Humana por muitos e muitos anos. 

Spider-Man: No Way Home's 2 post-credits scenes connect two Marvel Universes - Polygon

As interações entre Peter Parker, Doutor Estranho, Ned Leeds e MJ são orgânicas e funcionam. Stephen Strange (Benedict Cumberbatch) está mais arrogante e prepotente em comparação aos outros filmes do MCU (com exceção de Doutor Estranho).

O Mago Supremo não serve como um mentor para Peter como foi noticiado no final de 2020, mas sim, como uma pessoa que indica quais caminhos o Homem-Aranha deve seguir quando se trata de magia e multiverso. Apesar de possuir um papel chave para a conjectura da história, Estranho é facilmente descartado para segundo plano quando os componentes da trama decidem focar-se inteiramente na evolução de Peter Parker como ser-humano. 

A relação entre Parker e MJ (Zendaya) também passou por mudanças. Em De Volta ao Lar e Longe de Casa, o vínculo amoroso entre eles era cru e imaturo, mesmo com os roteiros se esforçando para criarem uma metalinguagem baseada na paixão. Agora, em Sem Volta Para Casa, a relação amorosa entre eles é verdadeira e contagiante, colocando o espectador diante um namoro adolescente que existe respeito e afeto genuínos. Felizmente, a produção abre brechas para o relacionamento de Peter e Michelle ser explorado em filmes futuros de forma ainda mais madura e cativante. 

Quanto a conexão do protagonista com Ned (Jacob Batalon), não há evolução; mas não se engane, isso não é algo ruim, uma vez que desde o primeiro longa-metragem protagonizado por Tom Holland, ambos possuíam uma união afetiva muito forte.  

Homem-Aranha enfrenta Doutor Octopus e resgata MJ em novas cenas de Sem Volta Para Casa - Geek Here

As presenças dos vilões são nostálgicas e caricatas, visto que Jon Watts retoma com perfeição os elementos apresentados em Homem-Aranha, Homem-Aranha 2, Homem-Aranha 3, O Espetacular Homem-Aranha e O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro, e ao mesmo tempo insere novos componentes nesses personagens originários diretos dos quadrinhos, que alavancam ainda mais seus graus de importância para a mitologia do Amigão da Vizinhança

Sem sombras de dúvidas, Doutor Octopus (Alfred Molina) e Willem Dafoe (Duende Verde) são os vilões mais significativos para a história de Sem Volta Para Casa. Ambos os atores, entregam as exatas mesmas atuações vistas nos filmes anteriores, dando a sensação de que eles interpretam esses papéis de forma contínua. Enquanto Molina opera de um jeito inteligente, mas esnobe, Dafoe efetiva seu personagem com diretrizes sádicas e psicopatas. 

Electro (Jamie Foxx) recebeu uma melhoria ampla em contrapartida da sua versão de 2014. A sensação que Jamie entrega quando está no papel do vilão, é que ele é uma versão totalmente inédita de O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro, o que não é o caso. Dentre os cinco antagonistas, Electro é o mais caricato e previsível, uma vez que ele sempre fica repetindo o mesmo diálogo inúmeras vezes durante a trama. 

Homem-Areia (Thomas Haden Church) e Lagarto (Rhys Ifans) são os antagonistas com menos apelo emocional em comparação com os outros três. É gratificante vê-los participando dessa grandiosa trama, entretanto, o pressentimento que se tem relacionado as suas presenças, é que eles foram incluídos no filme ”de última hora”, sendo que seus desenvolvimentos não foram bem trabalhados quanto os de Doutor Octopus, Duende Verde e Electro. 

Sintetizando, as interações do quinteto com o Homem-Aranha funcionam e não são cansativas. Cada um, possui uma motivação distinta que se entrelaçam entre si, fator que contribui para a caminhada do enredo até o seu epílogo. 

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Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa é um grande fan-service que a Sony Pictures junto da Marvel Studios construíram para atenderem uma certa carência que os fãs do Homem-Aranha do MCU tinham. A direção de Jon Watts (junto de A Viatura) é a melhor de sua carreira como cineasta. Desde os primeiros minutos até os últimos segundos, Watts respeita todo o legado e a história construída pelo teioso. 

Watts se esforça ao máximo para contar um ”conto” que definirá o rumo que o Homem-Aranha terá nos próximos anos; e por sorte, o seu esforço é motivo para prestígio. 

Sem Volta Para Casa, é uma produção visceral. Os combates corpo a corpo equivalem-se com o primeiro Homem-Aranha de Sam Raimi, ou seja, são compostos por lutas mais intensas, cansativas e reais. O mesmo pode-se dizer a respeito da trama, na qual foge por completo em tudo que a Marvel Studios construiu para o personagem desde De Volta ao Lar

O seu humor é inteligente e sarcástico, mas não pontual; o que é de se esperar vindo do Cabeça de Teia, um personagem que solta piadas nas histórias em quadrinhos nos momentos mais tensos para aliviar a tensão. 

Spider-Man: No Way Home Launches In-Universe Daily Bugle TikTok Account

Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa é o melhor filme do personagem, e o mais épico da Marvel Studios. A obra encerra com chave de ouro a primeira trilogia de Tom Holland. e deixa os fãs com um gostinho do que está por vir. Ele é um presente para os amantes de Peter Parker e sua mitologia, e ele deve ser valorizado. 

Agradeço por ter lido até aqui, e lembre-se, há certos sacríficos que valem a pena. 

Nota: Diamante.