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Rocky: Um Lutador | O conto de fadas completa 40 anos

Dia 3 de dezembro de 1976. Foi nessa data em que Rocky Balboa subia no ringue pela primeira vez para se tornar um dos personagens mais queridos e famosos da história do cinema mundial. O filme estrelado por Sylvester Stallone chegava às salas de exibições americanas como uma grata surpresa. Tanto para o público, para a crítica e até para o próprio estúdio. Menos para Stallone e as pessoas que embarcaram com ele para a realização do clássico. O filme rompe gerações e ao completar 40 anos, o personagem conviveu, cresceu e arrebatou muitos fãs e soube renovar uma nova quantia com o recente Creed: Nascido para Lutar.

Como disse Vicent Canby, crítico do The New York Times, que assistiu a première 13 dias antes da estreia no circuito dos EUA: “é um faz de conta à moda dos anos 30”. A história de Rocky, um boxeador amador da Filadélfia que trabalha paralelamente como capanga de um agiota, que tem como única e maior ambição na vida, até então, de namorar a irmã do seu melhor amigo Paulie, acaba tendo a sua vida transformada quando o campeão peso-pesado Apollo Creed lhe dá a oportunidade de disputar o título máximo do boxe. Realmente as semelhanças de contos de fadas, como Cinderela ou Patinho Feio são inevitáveis.

Cartaz do filme

E as semelhanças não lhe dão somente no enredo do filme. A própria produção tem um ar de Gata Borralheira. Stallone é a Cinderela tanto como Rocky, como na vida real. Na época ainda desconhecido, o aspirante a ator rodava por produções que iam do filme pornô The Party at Kitty and Stud’s (1970). O pornô para pegar a onda do sucesso do ator em Rocky, foi relançado anos depois com o nome de Italian Stallion (Garanhão Italiano). Stallone esteve em pequenas participações em filmes de Woody Allen, Jack Lemmon. Participou de algumas séries e protagonizou dois filmes Rebel (1970) e The Lords of Flatbush (1974). Mas nada marcante que alavancasse a carreira de ator.

Nessa época Stallone estava muito mal financeiramente. Ele chegou a roubar as poucas joias que sua mulher tinha e as vendeu para pagar dívidas. Chegou morar na rua, e a ruína chegou quando teve que vender seu cachorro em uma loja de bebidas para um estranho qualquer por 25 dólares, pois não tinha dinheiro para alimentá-lo. Algo que fez chorando. A vida tinha jogado Stallone na lona. Foi quando depois de assistir uma luta de boxe entre Muhammad Ali e Chuck Wepner se inspirou em fazer o roteiro de Rocky. Na luta, Wepner conseguiu resistir a 15 rounds contra Ali, inclusive chegando a derrubar o campeão em certo momento da luta. O roteiro foi escrito em três dias e meio.

Rocky Balboa contra Apollo Creed

O segundo round foi vender o filme. Quando a United Artists se ofereceu para comprar o roteiro com uma oferta de US$ 125 mil dólares. Mas Stallone fez um pedido. Ele queria estrelar o filme. Os executivos disseram que não. Ele não era o ator certo para o papel. E lhe aumentaram para US$ 250 mil e depois US$ 350 mil. Duplamente recusados pelo ator. O estúdio queria nomes como Ryan O’Neal, Robert Redford, James Caan ou Burt Reynolds como Rocky. Mas diante da insistência de Stallone, eles aceitaram a proposta, Mas pagaram US$ 35 mil. Stallone então pegou o dinheiro e voltou para frente da loja de bebidas para comprar seu cachorro de volta. Esperou por três dias até o homem voltasse. Que recusou em vender por US$ 100 dólares, o ator então ofereceu 500, e teve uma nova recusa. O negocio foi fechado por US$ 15 mil, no mesmo cachorro que ele vendera por US$ 25 dólares. Round vencido por Stallone.

Como visto até aqui, a produção de Rocky se confunde um pouco com a vida real do seu astro. Nunca desista é a lição de moral aprendida com o filme. Por mais que ele trate o boxe, Rocky lida com a linha tênue da vida onde diz se o que queremos vale a pena lutar. O filme não é somente sobre boxe. O boxe é o pano de fundo. É sobre viver o sonho e aproveitar dele o máximo possível. Mesmo que todos em volta desacreditem. O próprio ano de 1976 não é a época dos lutadores ítalo-americanos, como era o personagem, já não tinham tanto destaques de outros tempos. Era o domínio de afros descentes e dos latinos no esporte.

Elenco de Rocky: embaixo – Burgess Meredith, Sylvester Stallone e Talia Shire. Parte de cima: Burt Young e Carl Weathers

A produção de Rocky teve inicio e a sua gravação foi feita em rápidos 28 dias. John G. Avildsen assumiu a direção. O cineasta até então nunca tinha visto uma luta de boxe ou qualquer filme do gênero. Com um orçamento apertado, por imposição do estúdio, Stallone colocou a sua família para trabalhar nas filmagens. Seu pai soava o gongo nas lutas, seu irmão interpretou um artista de rua e Sasha, a sua primeira esposa, foi responsável pela fotografia.

Talvez o nome mais badalado da produção fosse o da atriz Talia Shire, que fez Adrian Pennino, o par romântico de Rocky, Talia, que é irmã do diretor Francis Ford Coppola, tinha participado de O Poderoso Chefão (1972) e O Poderoso Chefão II (1974), onde tinha sido indicada ao Oscar de Atriz Coadjuvante. Carl Weathers deu vida ao impagável Apollo Creed (Apollo Doutrinador aqui no Brasil), Burgess Meredith fez o ranzinza treinador Mickey Goldmill (papel que conseguiu por nenhum ator querer fazer teste) e Burt Young fez o Paulie Pennino, cunhado e melhor amigo de Rocky.

Adrian Pennino (Talia Shire) e Rocky Balboa ( Sylvester Stallone) no primeiro encontro no filme.

Entre orçamentos baixos, o valor inicial era de US$ 2 milhões que foram reduzidos pela metade, pois o estúdio tinha o receio de prejuízo por ser tratar de um desconhecido como protagonista, atores dividindo minúsculos camarins e algumas mudanças de cenas, o longa ficou pronto e estreou para pegar os consumidores de filmes no final do ano. Alguns cineastas hollywoodianos estavam seguindo a onda que tinha se instalado desde Easy Rider (Sem Destino aqui no Brasil) do ano de 1969. Os diretores estavam praticando o que foi chamado de Easy Rider Generation. Um termo usado para os cineastas contestadores que afloravam na época. O filme antes do seu lançamento, foi meio que deixado de lado pelos grandes nomes de Hollywood. Os cineastas buscavam fazem produções com o realismo de Taxi Driver dirigido por Martin Scorsese, que até então era o grande filme de 1976. E Rocky ia ao contrário dessa onda. Era o conto de fadas. Lidava com o sonho. Jogou no imaginário do povo um personagem, que tinha descendência italiana, enfrentando um boxeador matreiro que usa um calção com as cores da bandeira americana. Era realização do Sonho Americano por um imigrante. Houve quem torcesse o nariz para o filme.

Mas o público abraçou o conto de fadas. E junto com ele veio à crítica. E o que era um desconhecido como ator no papel de protagonista se tornou em indicado ao Oscar de Melhor Ator e o filme teve outras oito categorias. A produção que teve orçamento de US$ 1,1 milhão arrecadou US$ 225 milhões e três Oscars. Melhor Filme, Diretor e Montagem.

 Bill Conti compôs a trilha sonora e o famoso tema “Gonna Fly Now”. A música imortalizou nas cenas dos treinos de Rocky, e quando ele corre pelas as ruas da Filadélfia. Transformando a cena das escadarias do Museu de Arte da Filadélfia, em uma das mais inesquecíveis da história do cinema mundial.

O filme estreou aqui no Brasil com o nome de Rocky: Um Lutador, em janeiro de 1977, já seguindo o burburinho do sucesso que era nos EUA. Mas foram as exibições na TV, com a inconfundível dublagem de André Filho (falecido em 1997) que popularizaram Rocky por aqui.

O sucesso de Rocky rendeu ao filme seis continuações, todas elas foram lucrativas. A única que capengou mais foi o Rocky V. Mas no saldo final a receita da franquia soma-se por volta de US$1,1 bilhão. Sequências que transformaram o personagem atemporal. O primeiro filme era de 1976. Lembro-me de quando criança assistir muito os filmes do Rocky Balboa pelas Sessões da Tarde e Telas Quentes da vida. Uma época sem internet, Netflix, Youtube… e deixou o personagem vivo na mente de todas as pessoas. Seja para fazer uma paródia, para fingir boxear o ar assobiando a famosa música ou simplesmente para assistir o filme de novo. Ao se manter vivo durante 40 anos, Rocky venceu a luta.

O conto de fadas da Cinderela que mal sabe falar direito, lutava boxe e atendia pelo apelido de Garanhão Italiano, completa 40 anos ainda conquistando gerações. O que Rocky nos brinda é o fator perseverança. Para se ter um lugar no mundo tem que perseverar. Tem que tentar e fazer valer a tentativa. Ainda bem que Stallone não jogou a toalha e persistiu no sonho de Rocky Balboa. Ainda bem para ele. Ainda bem para nós. Obrigado Stallone!

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Cinco coisas que queremos ver no filme da Mulher-Maravilha

O primeiro lançamento da DC Comics para os cinemas em 2017 será somente no meio do ano. Mulher-Maravilha, com data de estreia marcada para o dia 2 de Junho, será o primeiro filme moderno protagonizado por uma super-heroína. A personagem interpretada por Gal Gadot já fez sua estreia em Batman vs Superman: A Origem da Justiça, e terá sua origem contada pela diretora Patty Jenkins no filme solo.

O roteiro do filme foi escrito por Geoff Johns e Allan Heinberg, baseado num concept criado por Heinberg e Zack Snyder. Gal Gadot voltará a dar vida à personagem, e com dois fantásticos trailers divulgados até o momento, a existência de alguns aspectos dos quadrinhos da Amazona na mitologia do filme não ficaram explícitas. A ausência do clássico jato invisível já foi confirmada, mas e quanto a outros elementos clássicos e modernos da personagem? Confira abaixo cinco coisas que devem ser mostradas no filme da Princesa de Themyscira!

5 – Figuras Mitológicas

Os trailers do filme já deixaram claro que irão tomar como base a origem moderna da personagem, contada por Brian Azzarello nos Novos 52. Ao contrário da origem clássica ou da origem pós-Crise de George Pérez, nesta versão ela não foi criada do barro, mas sim da relação entre Hipólita e Zeus, tornando a personagem não somente uma Princesa como também uma semideusa. Durante toda sua fase na personagem, Azzarello utiliza as figuras mitológicas do Panteão Grego como vilões ou personagens de apoio, abordando os deuses e semideuses de diferentes formas. A presença dos mitos é constante, e apesar de sabermos da existência deles através das falas de Diana no primeiro trailer, não ficou claro se os regentes do Olimpo e relacionados irão de fato aparecer. E deveriam.

4 – Laço da Verdade

Apesar da personagem carregar seu laço em Batman vs Superman e até utilizá-lo para segurar o Apocalypse no ato final do filme, os trailers mostraram Diana usando sua corda mágica forjada por Hefesto somente como uma arma de batalha. Em determinado momento do segundo trailer é possível deduzir que as amazonas estejam utilizando-o para que Steve Trevor (Chris Pine) diga a verdade, contudo este elemento também não ficou claro e este pequeno trecho cria somente uma especulação. Nos quadrinhos a Mulher-Maravilha utiliza seu laço como uma ferramenta de batalha, mas também considera que “a verdade é a maior arma que existe“. Uma ideia plausível é que a heroína utilize o laço nos vilões no ato final do filme, obrigando-os a contarem seus planos e coisas do tipo, ou até mesmo no desenrolar da história para facilitar a narrativa no mundo dos homens. Como curiosidade, o criador da personagem sempre alegou ser também um dos precursores da invenção do polígrafo, o detector de mentiras. Mas sua fama nunca foi das melhores.

3 – Poder de Voo

Enquanto divulgava Batman vs Superman, Gal Gadot deixou claro que a Mulher-Maravilha seria capaz de pular grandes alturas e praticamente voar. Durante o filme vemos a personagem entrando em um avião, automaticamente descartando a possibilidade da heroína de fato ser capaz de voar. Contudo, no segundo trailer divulgado recentemente é possível ter um vislumbre da personagem parada no ar enquanto bate seus braceletes, levando muitos fãs a especularem que ela será capaz de voar pelo menos no ato final do filme. A ausência do jato invisível também fomenta a especulação do voo, apesar desta ser uma característica muito improvável que seja adaptada a esta altura do campeonato, levando a crer que a Amazona ficará somente com os pulos no universo cinematográfico. Nos quadrinhos de tempos em tempos a heroína tem suas habilidades alteradas, sendo inconstante se ela é ou não capaz de voar.

2 – A clássica armadura de Ares

Os vilões do filme ainda não foram revelados. A Doutora Veneno (Elena Anaya) está confirmada, e tudo leva a crer que o personagem interpretado por Danny Huston será de fato o Deus da Guerra, Ares. O vilão já foi retratado de diferentes formas ao longo dos anos, e no filme ele deve estar se beneficiando da Primeira Guerra Mundial para obter mais poder. Na fase de Brian Azzarello, Ares é retratado como um velho cansado e decrépito, criando um paralelo com o fato de que a guerra nem sempre é regozijante, mas sim exaustiva até o limite. Já o visual clássico do Deus da Guerra é de fato uma grande armadura de combate, imponente e ameaçadora, e caso o deus seja mesmo o principal antagonista do filme, apelar para este visual seria uma forma muito boa de criar um vilão intimidador.

1 – O Torneio das Amazonas

Nos quadrinhos, as amazonas organizam um torneio para decidir qual será a campeã da ilha. Na origem atual de Greg Rucka a decisão é sobre qual amazona irá acompanhar o soldado Steve Trevor ao mundo dos homens e servir como uma embaixadora da paz e mediadora entre a humanidade e as guerreiras de Themyscira. Já na origem de George Pérez, Hipólita proíbe que sua filha, a Princesa Diana, participe do torneio. Diana então se disfarça e acaba vencendo todas as disputas, provando para a mãe que ela é capaz de feitos grandiosos. A heroína então recebe seu traje e suas armas e parte para o mundo dos homens, tornando-se a campeã da ilha com o objetivo de impedir os planos malignos de Ares. Após uma viagem com Hermes ela acaba conhecendo Steve quando ele cai na ilha. Não ficou claro se a personagem irá participar do torneio no filme, já que ela aparenta muito mais estar fugindo da ilha do que sendo enviada, mas a ideia do Torneio é um elemento clássico da personagem que deveria ser mantido no longa.

Existem diversos outros elementos dos quadrinhos que podem ser utilizados no universo cinematográfico. Algum tipo de rivalidade entre Themyscira e Atlântida, criaturas mitológicas (como centauros), e obviamente respeitar tudo que a personagem representa desde sua criação, como um símbolo feminista e totalmente representativo do empoderamento feminino. Com uma diretora no comando, tudo leva a crer que o filme da Amazona será um ponto de virada no Universo Cinematográfico da DC, elevando as expectativas do público que obrigatoriamente devem ser sanadas com a obra.

Com 75 anos de vida, a Mulher-Maravilha tem muitas ideias contadas para inspirar a divisão de cinema. O que mais você gostaria de ver no filme da heroína? Comente abaixo!

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Crítica | O Contador

“Solomon Grundy. Nasceu numa segunda. Batizou-se numa terça. Casou-se numa quarta. Adoeceu numa quinta. Piorou numa sexta. Morreu num sábado. Enterrou-se no domingo. E este foi o fim de Solomon Grundy.”

 O Contador apresenta a história de Chris Wolff (Ben Affleck), um contador que trabalha para organizações criminosas e que sofre de Síndrome de Savant. Com uma narrativa coerente, surpreendente e bem desenvolvida, além de um elenco excepcional, este é um dos melhores filmes do ano e que quase chegou à perfeição… quase.

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Ben Affleck está criando uma carreira de sucesso. Escolhendo minuciosamente os papéis que irá atuar e trabalhando muito para ser o mais agradável possível nas telas. Pode-se dizer que Wolff é um dos personagens mais difíceis que Affleck já protagonizou. Por causa da síndrome, o contador sofre com problemas sociais, psicopatia, manias, etc…  mas também é super inteligente com capacidades físicas impressionantes. Tudo isso compõe o personagem, e Affleck entrega. Os holofotes ficam no protagonista. Sua história é contada por flashbacks nos momentos certos e precisos da trama, criando reviravoltas a todo momento, deixando o desfecho cada vez mais imprevisível.

J.K. Simmons (Ray King) , Jon Bernthal (Braxton) e Anna Kendrick (Dana Cummings) são integrantes relevantes no elenco. Se esperava um pouco mais de Kendrick pela sua forte presença  nos trailers, mas ficou na sombra no fim das contas. Bernthal é um ator de ação de primeira  qualidade e é o antagonista que o filme precisa.  Simmons decepciona no começo, mas é aplaudido no final. Só vendo para entender.

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O roteiro ficou na responsabilidade de Bill Dubuque, que pode ser um forte candidato ao Oscar. Redondinho, sem furos ou erros, conta uma história de ação movida por dramas familiares com um debate inteligente sobre autismo e fraudes. Referências ao universo da DC Comics nos quadrinhos não faltam, qualquer nerd que for assistir não vai se arrepender. Também não há nenhum gancho para uma continuação, e não seria uma boa ter uma franquia como Jason Bourne novamente. Dirigido por Gavin O’Connor, as edições e mixagens de som assustam e colocam o espectador no meio de um tiroteio que parece real. Contudo, O’Connor peca em tentar colocar  o filme em uma faixa etária de 14 anos para conseguir aumentar o público nos cinemas.

Se o script estivesse nas mãos do Tarantino, talvez levaria o Oscar para casa. Faltou violência e muito sangue. São tiros para todo o lado e lutas  mão a mão acontecendo ao longo do filme, e incomoda ficar vendo os dublês apenas caindo no chão sem nenhum arranhão. Uma classificação 16 anos, ou até mesmo 18 anos seria mais apropriada. A trilha sonora também ficou a desejar, já que estava muito presente no trailer, mas ficou apagada sem nenhuma relevância nos 128 minutos.

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Ao final, o resultado é positivo mesmo assim. O Contador é um dos melhores filmes de drama do ano. Apresentou uma história coesa, repleta de flashbacks, reviravoltas surpreendentes e personagens acima da média. Falando em personagens, a cada momento em que aparecia Affleck e Simmons nas telonas, ambos não aparentavam ser Ray King e Chris Wolff, mas Batman e Gordon no telhado do Departamento de Polícia de Gotham.

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Crítica | Doutor Estranho

A felicidade dos fãs de quadrinhos chegou ao ápice em 2016. Apesar das opiniões diversas, não há como negar isso. Tivemos Deadpool, Batman V Superman: A Origem da Justiça, Capitão América: Guerra Civil, X-Men: Apocalipse, Esquadrão Suicida e agora, o aguardado Doutor Estranho, que encerrou o ano com chave de ouro.

Após várias continuações, a Marvel Studios retorna as suas raízes para contar a origem de um dos seus personagens mais interessantes e poderosos, além de ampliar seu universo no cinema, abrindo as portas para o mundo místico, pouco explorado até aqui.

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Stephen Strange é interpretado por Benedict Cumberbath, que sempre dá o máximo de si em seus papéis. De fato, parece ser uma escolha para substituir Robert Downey Jr. (Homem de Ferro) como estrela principal do MCU, mas ainda há muito chão para percorrer. Em sua interpretação, Cumberbath arrebenta e representa toda a arrogância e prepotência do Strange dos quadrinhos. Mas não tira o mérito de outros grandiosos atores do longa.  Tilda Swinton é um ponto fortíssimo como Anciã, Chiwetel Ejofor se mostra pouco como Mordo, mas demonstra muito potencial para uma futura continuação, e Benedict Wong é formidável, sendo o melhor alívio cômico (desnecessário), mas que funciona.

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Funcional seria a palavra-chave de Doutor Estranho. A fórmula Marvel sempre funcionou, mas é nítida que inovação não é sinônimo desta. As piadas continuam lá, jogadas nos ouvidos do espectador a todo momento. Cerca de 90% delas funcionam, mas parece que o diretor e roteirista Scott Derrickson não soube organizar o timing de sua história. Muitas piadas colocadas exageradamente na hora errada, principalmente em cenas que precisavam ser mais dramáticas para o filme conseguir ter um desenvolvimento agradável. Entretanto, não foi esse o único erro. Várias decisões parecem terem sido apressadas e mal resolvidas.

Novamente os vilões foram o ponto fraco do filme. Kaecilius (Mads Mikkelsen) não demonstra ser uma ameaça de fato. É mais um fantoche do que um antagonista, e sempre há alguém comandando o fantoche. Enquanto a Marvel está preparando o terreno da melhor forma possível para o Titã Thanos, ela não demonstra interesse em desenvolver um outro vilão tão grandioso quanto, fazendo qualquer coisa para ter um final mais clichê possível.

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Chega de falar de erros, porque os acertos se sobrepõem no final. Doutor Estranho é a chance da Marvel de ganhar o Oscar de melhores efeitos especiais, o 3D junto com o IMAX valem a pena. É louco, frenético, psicodélico, qualquer adjetivo maluco cabe neste contexto. As sequências de ação são de tirar o fôlego, é bonito de se ver. Se tivéssemos um filme com três horas de lutas místicas, eu já estaria na porta do cinema.

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Finalmente um filme de super heróis conseguiu transmitir uma mensagem, embora superficialmente. Pensar só em si mesmo seria o melhor caminho? Temos que sacrificar algumas coisas para o bem de outros? Não está estampado na cara do espectador, mas a ideia de Derrickson está lá.

As duas cenas pós-créditos são úteis e trazem conteúdo para o universo cinematográfico da Marvel. Podem ter certeza que veremos Doutor Estranho novamente, e em relação à sua própria história, há muito potencial a ser explorado ainda, e que podem trazer bons resultados no futuro.

Doutor Estranho foi a melhor maneira de nos apresentar um mundo novo nos cinemas. Mesmo tendo algumas decisões equivocadas e precipitadas, continua sendo um ótimo filme para introduzir um personagem, que é desconhecido pelo público em geral. Como em Guardiões da Galáxia, Doutor Estranho conseguiu impressionar com sua grandiosidade, mirando sempre em um futuro promissor, que está a cada vez mais próximo, seja em Vingadores: Guerra Infinita, Thor: Ragnarok ou até mesmo em um possível Doutor Estranho 2.

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Crítica | Festa da Salsicha

A aventura apresentada por Seth Rogen e seus companheiros é repleta de palavrões, sexo, exageros, preconceito e tudo que há de mal no mundo. Só que o discurso que Rogen sempre quer colocar em pauta está novamente estampado na tela, usando o sarcasmo para discutir questões polêmicas envolvendo etnias, religiões e drogas na forma de comida, a coisa mais boa no mundo.

Um supermercado qualquer é o cenário ideal para construir a história. Todos os dias uma mesma música é cantada pelos alimentos, que acreditam em uma crença onde os humanos são deuses, e levarão todos os alimentos escolhidos para o paraíso. Só que ninguém sabe o que acontece da porta do mercado para fora, que é um verdadeiro inferno na visão dos produtos. Desde descascar batatas, até comer uma simples batata frita, é retratado como um perigo e um jogo mortal para os pequenos alimentos. O mais interessante dessa ideia é mostrar um momento tão simples e cotidiano de nossos dias, se tornando um momento inesquecível e marcante no contexto.

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Se uma pessoa que não está muito ligada a um mundo culinário, adorou o longa, chefes de cozinha vão amar. Referências a animações e filmes em geral não faltam, mas por se tratar de comidas em diversas culturas, há muitas piadas que só os mais ligados irão pegar. Também há  um apelo sexual na forma dos alimentos. Dá para perceber pela protagonista, que é um pão de cachorro quente, mas aparenta ser outra coisa…

Porém, antes de tudo, há um ponto negativo que pode incomodar e destruir a nossa experiência com o filme. Durante o 2° ato, quase inteiro, vemos um roteiro vazio e sem relevância ou significado, repleto de palavrões que começam a perder o sentido por causa do excesso.

Apesar do exagero e da apelação, a  ideia de desconstruir a crença que envolveu aquela sociedade alimentícia desde o princípio, se coloca em primeiro plano na metade do filme para frente. Um longa que parecia apenas mais um besteirol de Rogen se torna uma aventura que todos torcem para o sucesso do protagonista, uma salsicha. O roteiro é bem estruturado e consegue criar o clímax certo, que vale boas referências, inclusive envolvendo Exterminador do Futuro.

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No Brasil, a adaptação do roteiro e a dublagem ficaram nas mãos do grupo da internet Porta dos Fundos, que cumpriram o desafio colocando o filme em um contexto mais brasileiro, já que a versão original estava repleta de piadas envolvendo o cenário americano, onde o público não está muito habituado.

Festa da Salsinha não é para qualquer público. Este tem que estar consciente e de cabeça aberta para receber algumas piadas que podem não condizer com seus ideais. Essa foi a melhor forma de somar um elemento mais infantil, como a animação, com um elemento que apela  para os adultos, envolvendo sarcasmo e humor negro. Nunca veremos nossa cozinha da mesma forma daqui pra frente.

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Crítica | Conexão Escobar

Conexão Escobar está em um patamar diferente dos outros filmes. Enquanto alguns apostam nas cenas explosivas e exageradas, o novo filme de Brad Furman aposta na simplicidade, no roteiro e no elenco. Uma aposta que dá certo, resultando em uma película que nos faz apreciar a verdadeira sétima arte.

O processo de marketing para promover o longa foi bem fraco. Pouco se sabia sobre a trama, e todas as imagens e notícias que saiam direcionavam os holofotes para um só homem: Bryan Cranston. Este que está em seu ápice, tanto na televisão, quanto no cinema. Cranston carrega a trama nas mãos, conseguindo interpretar Robert Mazur da maneira mais fiel possível. Ele já passou por experiências parecidas como essa no filme Trumbo: Lista Negra, onde interpretou Dalton Trumbo com excelência. Conseguiu até uma indicação no Oscar, mas Leonardo DiCaprio já merecia faz tempo.

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Infelizmente, com os holofotes direcionados a Cranston, os outros atores ficaram um pouco apagados, mas fizeram a diferença. John Leguizamo traz seu personagem de Chef (2014) de volta, mudando a profissão de cozinheiro para policial, e a atriz Diane Kruger se mostra inocente, mas muito perspicaz.

Vendo o título e a sinopse, a história é muito semelhante com um thriller de ação policial. Máfia, drogas, espionagem; todos esses elementos trazem consigo uma carga de violência, mas que não foram explorados para darem espaço ao elemento consagrado: a dramaticidade. Os personagens são introduzidos em contextos pesados, que envolvem família e confiança. Furman coloca os traficantes e mafiosos como bons e que todos tem um lado diferente envolvendo amizade e família, mas ao final, com uma cena que remete aos thrillers de ação e à filmes como Poderoso Chefão (1972) e Bons Companheiros (1990), Furman deixa claro que o ruim sempre pesa mais.

Apesar de ser um ótimo Robert Mazur, Cranston não tem grandes pretensões de fazer seu melhor trabalho, ou tão pouco de deixá-lo na memória do espectador.  Tecnicamente, nem o filme tem essas pretensões de ser grandioso. E isso é que deveria ser o fundamental sempre, pois se a pretensão for deixada de lado, a qualidade se coloca na frente.

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Otimismo e Esperança | Precisamos falar sobre o Universo Estendido da DC

É notável que este universo compartilhado ainda não caiu 100% nas graças da comunidade geek e tudo isso se aplica ao mostrar uma atmosfera mais densa e fria, o que traz um certo estranhamento. O lançamento de Homem de Aço em 2013 veio como o início de uma nova era para os filmes de super-heróis, onde a Warner Bros. traria os personagens conhecidos e amados dos quadrinhos. Quem nunca sonhou em ver a Liga da Justiça em live-action enquanto assistia a série animada? Pois é. A DC Films veio para trazer luz à este universo, porém onde está essa Luz?

Os fãs ainda esperam a humanidade se unir ao Superman no sol.
Os fãs ainda esperam a humanidade se unir ao Superman no sol.

A versão que o diretor Zack Snyder deu para o escoteiro não foi muito bem aceita, pois o principal argumento era a descaracterização feita sobre um dos maiores super-heróis de todos os tempos. Vimos um Kal-El inseguro e com dilemas pessoais como qualquer terráqueo teria em seu dia-a-dia. Seu apoio moral era através de seus pais, Jonathan e Martha Kent junto com a repórter Lois Lane. Eles eram o seu porto seguro no momento de suas principais dúvidas e questionamentos.

O filme até hoje é base de inúmeras discussões, seja para abordar a forma que Zack apresentou o personagem ou toda a personalidade do mesmo, se era algo que poderia ser considerado como canônico na trajetória dele. Não entrarei no mérito de dissecar argumentos positivos e negativos sobre a trama. Apenas quero salientar a forma como o primeiro longa do UEDC foi recebido.

O plano original era o lançamento da continuação do filme, porém a ideia de colocar os Melhores do Mundo num confronto foi bem mais sedutora. E assim, saiu parte da história de Batman vs Superman: A Origem da Justiça.

 San Diego Comic-Con 2013. Zack Snyder chama Harry Lennix ao palco e este começa a ler uma das frases mais icônicas do Cruzado Encapuzado. A galera fica empolgada e quando o primeiro logo de BvS surge na tela, todos vão à loucura. Naquele dia, estávamos diante de um sonho começando sua trajetória para se tornar realidade. Cavaleiro das Trevas, obra do mestre Frank Miller, sendo adaptada para os cinemas. Surreal demais, certo?

Um ano depois, foi exibido um teaser que mostrava Batman ligando o bat-sinal e Superman no céu. Com um vídeo sendo lançado faltando menos de dois anos para o seu lançamento, a expectativa em cima da ”continuação de Homem de Aço” foi massiva. Todos queriam presenciar a melhor produção dos super-heróis até então e estimativas de bilheteria alcançava mais de $1 bilhão mundialmente. Só que tudo isso caiu por terra. Mais uma recepção mista e até num nível mais acalorado quanto o filme anterior. Uma das críticas envolveu o modo como Bruce Wayne agia como vigilante. Afinal, o Batman mata?

Além disso, a versão picotada no cinema prejudicou completamente aquele que deveria trazer o ar heróico e melhor entendimento sobre a trama. Como consertar isso? Versão estendida, baby. Os 30 minutos adicionais clarearam os planos de Lex Luthor e mostrou mais de Clark Kent/Superman. Um certo alívio percorreu nosso interior com essa saída, só que mais uma vez não era o que se esperava. O estrago, posso colocar dessa forma, já tinha sido causado. Algo precisava ser feito urgentemente e o nome disso foi: reestruturação.

Jon Berg e Geoff Johns.
Jon Berg e Geoff Johns.

Com as inúmeras críticas negativas, vários rumores encheram a internet sobre o futuro da DC Films e um deles sempre envolvia a saída de Zack como diretor em Liga da Justiça: Parte 2. Não demorou muito para a Warner Bros. apresentar seu novo plano, onde Jon e Geoff (que também já era Chefe Criativo da DC Comics) foram nomeados como supervisores de todos os filmes da DC. Função esta que era de Snyder. Em sua primeira entrevista após a novidade, Johns quis deixar claro que pretendia trazer o otimismo para as vindouras produções. Mais tarde, ele ganharia o mérito de se tornar o Presidente da DC Entertainment.

No final de junho, o estúdio permitiu que os principais sites de jornalismo relatassem tudo que viram durante a visita ao set de Liga da Justiça em Londres. Deborah Snyder relevou que o tom sombrio tinha sido deixado para trás por não se adequar à proposta do primeiro filme da equipe. O tom leve e até divertido fariam parte do roteiro. Só que não demorou muito para os fãs se sentirem incomodados com essa mudança, pois estariam seguindo o contrário que a editora é. Entretanto, temos que estar dispostos a aceitar modificações para um bem maior. Ser divertido não significa um besteirol americano. Significa uma atmosfera mais leve e descompromissada. O vídeo apresentado na Comic-Con deste ano teve justamente essa função.

Recentemente, Johns se sentou com o The Wall Street Journal para falar sobre sua nova função e o relatório deixou claro que seu objetivo é mudar a forma como esses personagens são percebidos. Um claro esforço para tornar os filmes mais inspiradores, onde terá início com a Liga.

”Equivocadamente, no passado, acho que o estúdio disse: ‘Oh, os filmes da DC são corajosos e sombrios, tornando-os diferentes. Isso não poderia estar mais errado’. É uma visão esperançosa e otimista da vida. Mesmo o Batman tem um vislumbre disso. Se ele não achasse que poderia tornar o amanhã melhor, ele pararia.”

Falando no personagem, o site acrescentou que o filme abordará as ações dele mostradas em Batman vs Superman, no que diz respeito a tortura de criminosos e a tentativa de assassinato ao Homem de Aço.

Berg também teve a oportunidade de comentar um pouco sobre a sua visão daqui pela frente. Quando perguntado sobre a reação aos dois primeiros filmes, ele respondeu:

”Para ter esses personagens fazendo parte da cultura pop é tão gratificante, embora, é claro que estamos desapontados pela forma como os filmes não obtiveram melhores avaliações.”

O Wall Street também confirma que a dupla trabalhou com Snyder e o roteirista Chris Terrio para fazerem algumas alterações no objetivo de mudar o tom do filme.

“Nós aceleramos a história para chegar à esperança e otimismo um pouco mais rápido.”

Os planos para dividirem a história da Liga da Justiça para uma possível sequência em 2019 foram abandonados.

”Estamos tentando ter um olhar em tudo e ter a certeza de permanecermos fiéis aos personagens e contar as histórias que os celebrem.”

Para finalizar, foi informado que é esperado não vermos nenhuma cena que quebre a narrativa da trama, ou seja, somente aquilo que seja necessário para o desenvolvimento dos personagens e dos plots apresentados.

Zack Snyder nos bastidores de Batman vs Superman.
Zack Snyder nos bastidores de Batman vs Superman.

Será que a redenção do UEDC virá com a Liga da Justiça? Não só em questão de um filme agradável para todos, mas também em termos de reconhecimento com o diretor que deu início ao universo. Teremos que esperar até novembro do próximo ano para concluirmos se o otimismo e esperança finalmente foi imposto ou se era apenas a mentira mais antiga da América.

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Crítica | Star Trek: Sem Fronteiras

Star Trek sempre explorou a relação entre o Capitão Kirk e sua tripulação, colocando em pauta a fidelidade e a convivência dentro da U.S.S Enterprise. O roteiro do nerd Simon Pegg coloca toda essa essência novamente nas telonas, e transforma Star Trek: Sem Fronteiras em um dos melhores blockbusters do ano. Justin Lin se tornou o responsável pela saga, após a transição de J.J. Abrams de diretor para produtor, já que estava dirigindo Star Wars. Lin consegue captar o que é e como deveria ser um filme de ficção e sci-fi, e junto com Simon Pegg traz uma aventura trekker de verdade.

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A ideia de separar e desenvolver os personagens em dupla é aproveitada da melhor forma. Scott (Simon Pegg) fica com a estreante Jaylah (Sofia Boutella), Kirk (Chris Pine) fica com o navegador, Chekov (Anton Yelchin). Spock (Zachary Quinto) se junta com Leonard McCoy (Karl Urban), que é um alívio cômico decente. Os personagens de Zoë Saldaña e John Chon, Uhura e Sulu, respectivamente, são menos aproveitados, mas não são esquecidos no meio da trama. O ambiente espacial, as naves e a federação são agradáveis de se ver quando, juntos com a trilha sonora, fazem o coração de qualquer nerd bater forte.

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No segundo filme, Além da Escuridão (2013), o vilão interpretado por Benedict Cumberbatch, Khan, se tornou uma grande polêmica. Idris Elba tinha uma grande missão nas mãos. Este que demora para se provar, sendo moldado por frases e ações previsíveis e clichês. Porém, depois de muitos acontecimentos, Krall se mostra um verdadeiro vilão. Há alguns obstáculos na história, coisas um pouco mal acabadas e concluídas, só que não comprometem nem um pouco. O roteiro é fechadinho,  mas deixa pontas soltas que podem e devem ser aproveitadas em um futuro não tão distante.

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Além de um grande filme que é, Sem Fronteiras é uma homenagem para o falecido Leonard Nimoy, que interpretava Spock nas séries de TV e que nos deixou há pouco tempo. Referências e easter-eggs não são poucos e alguns se tornarão memoráveis para os fãs.

Bonito, competente e extraordinário, Star Trek: Sem Fronteiras mostra o potencial que a franquia tem. Ela merece.

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Uma Noite de Crime | A ideia por trás do terror

Quem não gostaria de ter uma país com uma baixa criminalidade, baixos níveis de desemprego e uma economia próspera? Talvez todo mundo gostaria que isso acontecesse, mas será que seria tão facil essa utopia ocorrer? É o que Uma Noite de Crime (2013) tenta discutir, focando em uma trama interessante que coloca o espectador para refletir sobre as classes sociais e suas diferenças.

Em seu primeiro filme, Uma Noite de Crime conta a história da classe média e alta durante as 12 horas mais perigosas do ano, conhecidas como ‘’Expurgo’’. O Expurgo é uma tentativa governamental de re-estabelecer ordem e progresso na América novamente, que apresenta bons resultados. Todos os hospitais e delegacias ficarão fechados e inoperantes durante essas dozes horas e qualquer crime cometido não será penalizado pela lei.

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O protagonista James Sandin (Ethan Hawke) é um comerciante, que trabalha na área de segurança contra os expurgos. Apenas os mais ricos, que podem comprar seus equipamentos, são os que podem se sentir seguros na noite do Expurgo, mas parece que com a família de Sandin foi diferente. Ambos se mostram encurralados quando um grupo de jovens mascarados tentam invadir sua casa com o objetivo de matarem todos da família. Sem entrar em méritos como roteiro e direção, a perspectiva é o que mais chama a atenção.

O ambiente se forma mostrando a classe alta e média superior, vendo os mendigos e mais pobres sendo massacrados. Tudo pode ser um sucesso, mas a discrepância e o preconceito prevalece, mas que parecem despercebidos para os ricões americanos. É aí que entra a trama do primeiro filme, ao tentar mostrar que nem os ricos estão a salvos do expurgo e que a utopia pode ser um pesadelo para todos.

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“Esse país acabou com a vida do meu filho.”

No final dos créditos de Uma Noite de Crime, um homem fala isso para algum jornal. Isso mostra o quão absurdo o expurgo pode ser e que uma medida deve ser tomada imediatamente.

Antes disso, temos Uma Noite de Crime 2, que mostra o outro lado da moeda. A crítica social é muito mais complexa e explorada no ponto de vista dos mais pobres, como; Papa Rico (John Beasley), Cali (Zoë Soul),  Eva Sanches (Carmen Ejogo) e o personagem de Frank Grillo, Leo. Se passaram dois anos desde os acontecimentos do primeiro filme e agora temos a perspectiva dos que não acreditam na funcionalidade do expurgo. Carmelo (Michael K. Williams) é um deles, declarando que o expurgo só serve como manobra para matar as classes sociais mais pobres.

O acontecimento mais tocante e expressivo foi o ‘’suicídio’’ de Papa Rico, que aceitou uma proposta monetária de uma família estimada para ser assassinado por ela. É bem forte ver tudo isso acontecer e ver o quão sujo pode ser o sistema. A ação e o terror continuam presentes, mas não ocultam a principal ideia que o diretor James DeMonaco queria transmitir.

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O Expurgo Precisa Acabar.

A senadora Charlie Roan (Elizabeth Mitchell) será a protagonista do novo terceiro filme da franquia Uma Noite de Crime. Além disso, será a pessoa que entrará na política com o objetivo de acabar com o expurgo, porque ela tem muitos motivos para odiá-lo, já que sua família fora assassinada em uma das noites. Frank Grillo estará de volta e será um dos seguranças particulares de Roan, ambos têm histórias apavorantes durante as doze horas mais perigosas do ano.

James DeMonaco volta na direção e se prova competente em seu trabalho por conseguir colocar uma ideia, embora radical, nas telonas. O orçamento do segundo e terceiro filme foram de 9 e 10 milhões, respectivamente, e faturaram mais de 200 milhões de dólares. Com um orçamento baixo e atores médios, Uma Noite de Crime se mostra atencioso em debater e mostrar uma outra imagem da América e da atual situação mundial, apesar de nem estar tão distante da realidade.

Uma Noite de Crime 3, intitulado 12 Horas Para Sobreviver: Ano da Eleição aqui no Brasil, tem estreia nacional marcada para dia 15 de setembro.

FICA A DICA!

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CRÍTICA | Esquadrão Suicida

A DC Films começou a caminhar em 2013 com uma nova introdução ao Superman nas mãos de Zack Snyder (300 e Watchmen) e três anos depois, levou a história em outro nível com Batman vs Superman: A Origem da Justiça, onde introduziu os membros já conhecidos pelos fãs da Liga da Justiça, além de abrir inúmeras possibilidades para os próximos filmes.

Esquadrão Suicida é o terceiro projeto da Warner Bros. realizado por David Ayer (Marcados para Morrer e Corações de Ferro) e desde o segundo trailer, já era notável uma diferença no tom em relação aos longas anteriores. O marketing foi, digamos, bastante colorido e apostou em seus materiais promocionais uma boa dosagem de humor. Ao transportar para o filme, será que deu certo? SIM.

Tudo bem fofinho. Awn!
Tudo bem fofinho. Awn!

Para quem tinha dúvidas, a trama se passa após os eventos de BvS e mostra Amanda Waller querendo proteger o seu país de um próximo Superman. Com isso, apresenta a ideia de juntar uma equipe intitulada Força-Tarefa X e composta principalmente de pessoas com caráter duvidoso que fariam o bem graças ao grande poder de persuasão de sua chefe. Para quem conhece How to Get Away with Murder, sabe que Viola Davis interpreta maravilhosamente a advogada Annalise Keating.  Aqui, ela também não deixa a desejar. Você sente todo o poder que a atriz passa para sua personagem e que também não mede esforços para mostrar sua forma de comando.

Viola Davis como Amanda Waller.
Viola Davis como Amanda Waller.

O início do filme vai direto ao ponto com a proposta de Waller e o ceticismo de seus colegas de trabalho em relação a isso. Em paralelo, conhecemos o passado dos integrantes e dois deles fizeram os fãs irem à loucura. Sem revelar muita coisa, após um incidente, o governo dos EUA se viu obrigado a aceitar os termos dela e assim, começa tudo aquilo que valeu meu ingresso.

O nome do grupo é Esquadrão Suicida, mas dá para resumir em três nomes: Jared Leto, Will Smith e Margot Robbie. Muitos torceram o nariz na escolha de Jared para o icônico vilão, até porque como superar Heath Ledger? Não entrarei no mérito de comparação. Para mim, Leto convenceu na versão que o diretor trouxe para as telonas. A loucura e as risadas ainda estão ali, porém sua personalidade nos faz imaginar como seria o Coringa caso existisse nos tempos modernos. Seu tempo de tela é pequeno em relação aos outros, mas isso todos já esperavam. Como não foi explorado totalmente, pode render para o filme-solo do Cruzado Encapuzado.

O Pistoleiro de Will está impecável e sua interação com a equipe é bastante notável. Seu passado com a filha junto com sua vida criminosa são explorados e você consegue se identificar com o personagem. Parte do humor vem dele e não fica nada forçado. Aposto que não será a última vez que o veremos no Universo Estendido da DC.

Arlequina garantiu a maior parte das risadas e Margot tem todo esse mérito. Seu passado no Asilo Arkham e o primeiro contato com o Pudinzinho fazem parte da trama, o que vai moldando o comportamento dela ao longo do filme. Com a carisma e química mostradas, não vai demorar para que o projeto com as heroínas e vilãs da DC Comics saia do papel.

Os outros membros também tiveram seus momentos, como Crocodilo e El Diablo. O primeiro serviu como alívio cômico em determinadas cenas, porém foi útil na missão pela sua ferocidade. Já El Diablo, começou bastante retraído devido os seus poderes, só que depois foi ganhando mais espaço no decorrer do filme e surpreendeu no terceiro ato. A participação de Katana foi pequena, o que permite um possível aproveitamento da personagem no vindouro projeto da Warner. Assim como os citados acima, seu passado foi mostrado brevemente e sua presença em Midway City (local da missão) serviu para garantir que a equipe não saísse da linha.

Outro membro dessa peculiar equipe não pode passar despercebido: Capitão Bumerangue. Sua introdução foi bem legal, já que garantiu uma excelente surpresa por parte dos que estavam presentes na sessão e além de tudo, serviu como alívio cômico no longa. Mais um que não foi explorado devidamente durante a missão, porém garantiu nas cenas de luta. Como um dos principais vilões do Velocista Escarlate, sua chance de ser mais aprofundado ficará para o primeiro-solo do herói.

Através de Waller, Rick Flag ficou encarregado pela equipe e também por cuidar da arqueóloga June Moone, pelo qual acabou se apaixonando. Por decorrência disso, seu plano é deter Magia e salvar June da possessão. Sua presença é constante, como reuni-los e ditar as regras. Sua personalidade mal-humorada acaba te fazendo não simpatizar com ele, só que logo é esquecido devido a última tentativa do Esquadrão em detê-la. O interessante é que a vilã trouxe o elemento mágico para este universo e só que veremos mais dele apenas em Shazam (com previsão de lançamento em 2019). Só que infelizmente, após sair da sessão, você percebe como a antagonista é logo esquecida. Não tem uma presença marcante como do General Zod ou Lex Luthor.

A participação do Batman foi direta e sem enrolação, onde foi responsável pela prisão de alguns integrantes. Essa relação dele com os personagens pode ter um melhor desenvolvimento em 2018, quando for lançado seu solo.

A trilha sonora é bastante distinta e mistura rap com os clássicos do rock. As que mais se destacaram foram You Don’t Own Me (música-tema da Arlequina), o tema da Arlequina e Coringa, e Bohemian Rhapsody. Duas faixas, Heathens e Sucker For Pain, ficaram para os créditos finais. Injusto, porque merecia lugar durante as cenas.

Esquadrão Suicida é um filme simples com boa dose de ação e humor, que vale a pena assistir em 3D por conta de algumas cenas. Permaneçam sentados, porque tem cena entre os créditos. O próximo filme da DC Films será Mulher-Maravilha, com previsão de lançamento em 2 de junho de 2017. No final do mesmo ano, teremos Liga da Justiça em novembro.