Categorias
Serial-Nerd

Big Little Lies encontra o seu final perfeito no último episódio da segunda temporada

Para os telespectadores de produções televisivas, é compreensível sentir um misto de emoções quando sua série favorita está chegando ao fim e por conta disso, muita expectativa é criada para ver os desfechos dos personagens e se isto, será agridoce ou agradável. O primeiro é capaz de derrubar toda a trajetória do show e ficar na memória apenas a decepção causada (oi, Game of Thrones), enquanto o segundo traz um certo alívio e a sensação de missão cumprida. É neste quadro que se encaixa Big Little Lies.

Começo de forma merecida a rasgar seda para a maravilhosa Meryl Streep e sua interpretação fantástica como Mary Louise. Sua entrada na atual temporada foi magistral e pontual. A atriz conseguiu deixar o público com ódio diante de suas intenções para com os netos e sua acidez sempre presente nos diálogos com as Cinco de Monterey. Precisávamos de uma presença assim, que já contava com Nicole Kidman e Shailene Woodley. Aliás, outra atriz se destacou bastante: Zoë Kravitz.

Sendo a pessoa responsável por empurrar o Perry das escadas, vimos Bonnie apresentar todo o estresse após um evento tão traumático como este. Se na temporada anterior,  só aparecia para trazer atrito com Madeline por conta da filha, aqui conseguimos acompanhar a sua evolução e como Zoë tem o bastante para oferecer quando o roteiro permite que a mesma receba a devida atenção. E isso foi catapultado com a chegada de sua mãe, abrindo desta forma, feridas que não tinham sido cicatrizadas completamente. Fico grato por ter presenciado uma atuação louvável, nada caricata para representar alguém com dor e precisando lidar com seus demônios internos.

Posso definir esta temporada numa única palavra: Provação. Assim como a Bonnie, as  outras mulheres do grupo nomeado pelos moradores como Cinco de Monterey também precisaram lidar com difíceis lições e encontrarem forças para se reerguerem. No caso de Madeline, envolveu seu casamento que estava por um fio devido a descoberta de sua traição. Reese Witherspoon mostrou estar bem confortável neste papel desde o ano de estreia da série e nos acostumamos com sua personagem de forma que nos importamos com ela completamente.

Celeste foi simplesmente um fenômeno da natureza. Ao perder o marido, ela também se perdeu. Apesar de todo o abuso sofrido, ainda o considerava como esposo e amor de sua vida. O seu desgaste emocional foi ao limite com a possibilidade de perder seus filhos para a sogra. Com isso, fomos apresentados para a cena muito bem construída do julgamento. As atuações de Kidman e Streep foram os pontos altos nesse clímax.

Quando Corey entrou em sua vida como interesse romântico, Jane se sentiu mais uma vez claustrofóbica com a violência sexual sofrida e acompanhamos a partir disso, um processo de confiança que a mesma estabeleceu para ele até se sentir mais confortável com essa nova fase de sua vida. Confesso que na primeira temporada não imaginaria ver Woodley numa atuação exemplar e gostei de morder a língua. Sendo uma das minhas favoritas, foi bom vê-la se curtindo e permitindo-se. Desfecho melhor que esse não existe, não é mesmo?

Renata é Renata. Simples! Tantos adjetivos para defini-la, mas que nem dá para colocar em ordem. A socialite precisou lidar com a possibilidade de não poder mais viver sua rotina de poder e luxo. Não bastando esse pequeno detalhe, ainda descobre numa audiência pública ter sido traída. O que ela faz diante de tudo se desmoronando? Surta até cansar. Foi uma boa ideia colocá-la numa situação inimaginável, pois permite que Laura Dern mostre um lado que não tínhamos visto de Renata. Sem deixar o jeito cômico dela de ser, é claro.

Quando a cena final revela que estas personagens resolveram contar sobre a morte de Perry, temos o melhor desfecho que a equipe interna de Big Little Lies poderia entregar para os seus telespectadores. Não precisávamos saber as consequências da confissão. Prisão? Trabalho voluntário? Nunca saberemos, porém não importa. O final em aberto não causa frustração e sim, a sensação de missão cumprida.

Big Little Lies deixará saudades mesmo com vida curta, porém é melhor reconhecer o momento certo de finalizar uma história do que permanecer com ela e causar o temido desgaste gerador da grande frustração de seriadores quando sua série favorita chega ao fim.

Categorias
Serial-Nerd

Pennyworth traz o charme necessário para mostrar a trajetória de Alfred antes de se tornar o famoso mordomo

Quando já temos uma versão estabelecida de certo personagem, não importa em qual mídia e quantos atores o encarnaram, é completamente compreensível sentir uma certa desconfiança quando tentam explorar a sua vida antes de ser o que estamos tão habituados de saber. Essa espécie de prequel ajuda a preencher certas lacunas para explicar características do cerne deste personagem para justificar determinadas ações.

Em Pennyworth, vemos completamente o contrário. O episódio Piloto não tenta construir de antemão certas ligações de Alfred com o seu futuro, sendo aqui um ponto bem positivo. Somos apresentados ao mundo dele como a família, amigos e uma paixão arrebatadora na pele da doce Esmé (Emma Corrin). A única ligação com os gibis foi a apresentação de Thomas Wayne, estabelecendo o primeiro contato entre eles.

Jack Bannon parece ter saído de alguma produção antiga sobre espionagem e isso contribuiu bastante para acrescentar na mitologia de nosso mordomo. Como um ex-militar, Alfred agora quer se encontrar no ramo da segurança e garantir o seu nome neste meio. Bastante habilidoso com armas e em práticas de luta, se assemelha ao Alfred de Gotham (como comentado, tudo indica que as séries se passam no mesmo universo).

O antagonismo fica por conta da Sociedade dos Corvos e logo de cara, já tivemos a maravilhosa presença de Paloma Faith na pele de Bet Sykes como a intermediária de Lord Harwood para assuntos mais radicais. Apesar do sotaque um pouco enjoativo, sua personagem impõe o medo necessário para alcançar os seus objetivos e a todo instante, temos a impressão de perder alguém próximo ao Alfred. (menos o próprio, já que né).

A duração com mais de uma hora pode até intimidar os telespectadores, mas é um mero detalhe que passa completamente despercebido. Pennyworth consegue te manter atento do começo ao fim, assim como alternar situações suaves com mais tensas em questão de um bater de asas. O elenco está bem entrosado e a ambientação é outro ponto legal neste primeiro episódio. Imersão total no clima sessentista. Vale a pena começar a assistir. Só não contem para o Robin de Jovens Titãs em Ação!

Pennyworth terá 10 episódios em sua temporada inicial.

Categorias
Serial-Nerd

Precisamos prestar atenção ao que Aruanas tem a nos dizer sobre a situação ambiental do país

”O desmatamento na Amazônia Legal brasileira atingiu 920,4 km² em junho, um aumento de 88% em comparação com o mesmo mês no ano passado. Os dados consolidados do mês foram inseridos nesta quarta-feira (3) no sistema Terra Brasilis, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).”

O fragmento acima envolve a mais recente notícia envolvendo esta prática enraizada há décadas e que acomete completamente toda a fauna, flora e comunidades indígenas que habitam as principais regiões. A todo instante, estamos sendo bombardeados com a degradação do meio ambiente e suas principais consequências. A humanidade avança, mas recua. Acelera, mas desacelera. Evolui, mas regride. O Homo sapiens categoriza como a espécie mais teimosa que se tem história. Existem vários documentários e filmes que abordam este tema, mas estou aqui para falar da nova série exclusiva para o Globoplay.

Aruanas conta a história de uma ONG Aruana (sentinela da natureza em tupi) criada por três amigas para proteger o Meio Ambiente. A partir de uma denúncia anônima, as protagonistas – a jornalista Natalie (Débora Falabella), a advogada Verônica (Tais Araújo), a ativista Luiza (Leandra Leal) e a estagiária Clara (Thainá Duarte) – investigam a ligação entre uma poderosa mineradora e garimpos ilegais na cidade fictícia de Cari, na Amazônia. Ali, elas entram em conflito com Olga (Camila Pitanga), uma lobista que ajuda a mineradora a explorar uma reserva ambiental, a fim de expandir o negócio. 

Se não fosse pelo elenco feminino já visto em novelas e produções da Rede Globo, poderia ser muito bem uma notícia real. Ativistas, garimpeiros e grileiros (o termo grilagem vem da descrição de uma prática antiga de envelhecer documentos forjados para conseguir a posse de determinada área de terra) vivem num pé de guerra frenético que deixa um rastro sanguinolento num caminho marcado pela falta de fiscalização no sistema de terras.

O trio principal já mostrou nesse episódio Piloto que possuem muito a oferecer em seus respectivos papéis e já deixo o destaque para Leandra Leal como a ativista Luiza Laes. A atriz conseguiu se sobressair justamente por ter sido a agente de campo para receber o dossiê de Otávio e com isso, iniciando todo o plot principal. Se o nível continuar deste jeito, veremos atuações maravilhosas de Leal. Assim como de Taís Araújo e Débora Falabella. Não podemos esquecer de Thainá Duarte como Clara começando de forma tímida, porém pode surpreender.

Para um contador de histórias conseguir atrair o seu público, ele precisa dar peso à sua história. A exemplo disso, a série recebe a atenção merecida ao expor protestos reais em prol ao meio ambiente e captura de forma muito positiva essa atmosfera mais crível. Greenpeace é mundialmente conhecido por sua missão de proteção ao planeta, onde denunciam os crimes ambientais e confrontam os governos.

Luiz Carlos Vasconcelos encarna o antagonista Miguel Kiriakos, sendo o responsável pelos garimpeiros trabalhando no meio da mata. O personagem não atua sob uma máscara de bom samaritano. Sabemos de sua índole e suas intenções ao ignorar os sábios da natureza para a construção do garimpo ilegal. O desenvolvimento e progresso não podem parar, não é mesmo?

Em seu primeiro episódio, Aruanas apresentou o mundo das atividades ilegais que põem em grave risco toda a nossa biodiversidade e a tendência é continuar tocando forte nessa ferida. E isso é bom demais. Precisamos parar e prestar atenção no alerta que esta produção pretende passar não só para os brasileiros, assim como para o mundo todo. Até porque, a mensagem é poderosa e real.

A galeria abaixo apresenta imagens reais de regiões desmatadas.

A primeira temporada de Aruanas terá 10 episódios e pode ser vista pelo Globoplay.

Categorias
Serial-Nerd

Quinta temporada de Black Mirror caminha entre o divertido e o comum. Deveríamos nos preocupar?

Quando uma série conhecida retorna de seu longo hiatus, os fãs comemoram como se fosse final de ano na praia. A rotina ganha novos ares e o marasmo vai embora. Cada semana se torna um pequeno ritual para assistir o episódio e depois comentar nas redes sociais. E quando acontece o contrário? A nova temporada chega de mansinho, ninguém comenta e não recebe a atenção necessária. Quem é o culpado pela frustração? O próprio fã ansioso ou a equipe interna?

De qualquer forma, estou aqui para falar de Black Mirror. Sabe, aquela série distópica que apresenta inúmeros casos como a tecnologia pode nos afetar profundamente? Então, parece-me que a produção da Netflix está meio perdida em reencontrar o seu valioso tom que definia a sua grande matriz: Refletir através do choque.

[CONTÉM SPOILERS ABAIXO] 

Striking Vipers trouxe Anthony Mackie e Yahya Abdul-Mateen II como dois amigos que descobriram o amor através de um jogo moderno, onde ambos podiam interagir dentro daquela realidade virtual. Este foi um tema interessante de se retratar, porém não trouxe aquele fator chocante para a trama. Nos faz pensar? Sim, mas de um jeito aquém do esperado. Não é aquela parada que você fica durante minutos fitando a tela do seu notebook e tentando encontrar palavras para definir essa viagem de 1 hora. Tampouco foi um aceno sobre o vício e como esta prática afeta o usuário, assim como todos ao seu redor.

O episódio não precisou ir mais a fundo para definir a orientação sexual dos personagens por conta deste ato e essa ideia foi bacana. Não era necessário colocar Danny e Karl discutindo se eram héteros, bis, g0ys ou seja lá o que for. A grande surpresa ficou com o consenso criado para que todos fossem felizes. Não criou-se uma relação de aparências. A relação prevaleceu. Só que novos itens foram adicionados nessa equação complicada chamada casamento.

O episódio seguinte já nos trouxe um caso mais comum e pé no chão. Junto com uma crítica social que já estamos familiarizados dentro da própria antologia de Black Mirror. Lembram de Nosedive (3.01) com Bryce Dallas Howard? Então, a mensagem foi melhor repassada aqui do que em Smithereens. Assim como o anterior, ele não causa choque ou repulsa por algo. O personagem principal, Chris, não queria cometer nenhum crime. Apenas queria ser ouvido pelo Big Boss da rede social responsável por transformar a vida dele em pura depressão pela morte de sua noiva.

O mais surpreendente é a causa do acidente e expõe de forma pontual o que estamos vivendo atualmente. Nós (Sim, me incluo nessa de vez em quando) ficamos tão conectados em nossos aparelhos eletrônicos como se tivéssemos com uma espécie de viseira invisível nos lados, que não percebemos as coisas que acontecem ao nosso redor. Perdemos coisas por estarmos flexionando o pescoço para baixo atualizando o celular com novas mensagens ou aplicativos que nos permitam interagir cada vez mais com as pessoas. Pinóquio já dizia: No strings on me!. Será que podemos dizer o mesmo?

E para finalizar a temporada mais curta que o normal, tivemos Rachel, Jack and Ashley Too. Claramente o mais divertido que também trouxe um realismo misturado com o toque básico que a série oferece quando quer. O que parecia uma crítica ao fanatismo de fã, acabou se revelando como a vida de uma artista jovem é destrutiva e corrosiva quando você tem pessoas ao seu redor que agem por benefício próprio.

Miley Cyrus e Angourie Rice estavam ótimas em seus respectivos papéis. Conseguindo então transmitir os principais sentimentos que jovens passam durante essa fase como medo, ansiedade e depressão. Seguindo os demais, este não trouxe um choque ou algo similar para o seu público. Porém, foi tão gostoso de assistir que você esquece qualquer contragosto e apenas se diverte como se estivesse assistindo aquele filme na Sessão da Tarde.

Diante disso, será que estamos presenciando o desgaste de Black Mirror nas mãos do canal de streaming? Muitos já se encontram insatisfeitos com o trabalho realizado desde que saiu da BBC e isso traz um alerta: A tendência é continuar deste jeito com o pretexto de apresentar histórias mais leves, porém que ainda se encaixem na proposta. Ou numa possível sexta temporada, oremos todos, que a equipe criativa retorne com ideias absurdas e surreais, fazendo que os telespectadores recuperem a confiança e digam novamente: Isso é tão Black Mirror! 

Categorias
Serial-Nerd

Do Gelo ao Fogo, quem realmente merece o Trono de Ferro?

Bastardo. Refugiada. Intendente. Khaleesi. Senhor Comandante da Patrulha da Noite. Quebradora de Correntes. Rei do Norte. Conquistadora.

É bastante comum que a trajetória de um herói seja marcada por alegrias e tragédias. Elementos basais para amadurecer o personagem e se tornar aquilo que está destinado, como se fosse uma espécie de profecia há tantos anos contada. Nada de Azor Ahai e Nissa Nissa. Aqui temos, Jon Snow e Daenerys Targaryen. E só.

A rejeição e o medo que ambos sofreram bem no início foram a prova necessária para o início de suas jornadas como herói e heroína. Sem olhar para trás, Jon foi para a Muralha. Daenerys como refugiada e distante de seu lar, permitiu ser moeda de troca para que seu insano irmão, Viserys, conseguisse um exército digno para conquistar os Sete Reinos. Decisões que mudariam suas vidas para sempre. Até porque, caos é uma escada.

Momentos icônicos de Dany.

Daenerys da Casa Targaryen, a Primeira do Seu Nome, Rainha dos Ândalos, dos Roinares e dos Primeiros Homens, Nascida na Tormenta, Khaleesi do Grande Mar Dothraki, A Não-Queimada, Mãe dos Dragões, Quebradora de Correntes e Mhysa.

Quando você possui Targaryen no sobrenome, os olhos se voltam para você e esperam muito de você. A dinastia dos senhores dos dragões que teve início quando Aegon I desembarcou com suas irmãs-esposas Visenya e Rhaenys, e chegou ao fim com a morte de Aerys II durante o Saque de Porto Real. A magia e soberania tinham morrido, mas o destino resolveu agir novamente. A Nascida na Tormenta foi capaz de trazer o renascimento dos dragões e com isso, o retorno da magia. Só faltou a soberania.

É sabido que os títulos dizem muito sobre o seu portador e assim, Dany o fez. Sua fama foi feita por seus grandes feitos do Outro Lado do Mar Estreito em Essos. Enquanto em Westeros acontecia a Guerra dos Cinco Reis e tudo que veio em seguida como consequência, nossa personagem foi aos poucos conquistando seu devido espaço e ganhando respeito mesmo sendo uma mulher. Até porque o valor feminino era desprezado e muitas vezes, ignorado pelos homens.

Existe recompensa no esforço, certo? Daenerys fez e fez muito mais para si, e principalmente por seu povo. Até porque além de Mãe dos Dragões (ao menos na época), ainda era uma Mhysa. Todas as suas realizações foram por mérito próprio. Suas conquistas na Baía dos Escravos (Astapor, Yunkai e Meereen) serviram para catapultar o seu nome pelo Mundo Conhecido, onde ajudou a libertar seus filhos da escravidão e dando uma nova vida para todos. Meereen serviu como um grande preparatório para a mesma no que diz respeito ao ato de governar, tendo assim acertos e erros. Nada anormal para uma governante. A prova de fogo veio em Westeros e apesar das vitórias, vieram a partir de sacrifícios. Que deixaram uma marca em sua alma e resultou numa atitude sombria, porém esperada há muito tempo.

Principais momentos de Jon na série.

Snow não possui um apelo popular quanto Daenerys possui, mas é impossível não reconhecer seus feitos durante sua trajetória como herói. O que ele fez pela Patrulha durante a Batalha na Muralha e a consequente aliança com os selvagens merecem nota, apesar de ter sido a sua queda como Senhor Comandante. A traição doeu nele e doeu na gente. Foi sujo e cruel, mas permitiu o seu amadurecimento. Sem as amarras do importante juramento, agora precisava colocar ordem em casa. Sua Casa.

O título denominado Rei do Norte é uma herança que remonta por milhares de anos quando aquele que tinha a coroa era chamado de Rei do Inverno. O último foi Torrhen Stark, também conhecido como o Rei Que Ajoelhou, durante a Conquista de Aegon. Este título retornou com a proclamação de Robb Stark durante o conflito dos Cinco Reis. Jon veio receber um pouco depois após a vitória na Batalha dos Bastardos. Sua proclamação foi tão bonita quanto de seu primo. Além de merecido, foi também a recompensa por vingar o sangrento Casamento Vermelho. Os Stark estavam de volta em seu lar ancestral.

Jon durante toda a sua vida foi reconhecido como um bastardo, porém vem descobrir que na verdade tem sangue de dragão. Como lidar com esta importante revelação? Algo que o retira de uma posição de tremendo conforto e o joga para uma posição de suma relevância perante todos. Ah, se Janos Slynt e Alliser Thorne estivem vivos agora. O Rei Corvo agora é um Rei Targaryen, primogênito de Rhaegar e Lyanna Stark. Não é qualquer coisa. O verdadeiro herdeiro para o Trono muda tudo aquilo que a Rainha Prateada estava almejando por anos.

Gelo e Fogo. A união de elementos que ferem, mas que também possuem sua estética e significado. Podemos considerar que as Crônicas de Gelo e Fogo faz referência aos dois personagens? Saberemos em algum século. Só que aqui nesta adaptação televisiva, a referência se fez mais presente. Seus feitos foram responsáveis por juntá-los. A aliança se transformou em amor. Essa ironia do destino permitiu que familiares se juntassem sem saberem do real parentesco por um instante e assim, honrando o preceito Targaryen de manter o sangue puro entre os próprios parentes.

A legitimidade ao Trono de Ferro sempre foi uma linha tênue durante a história westerosi e esta questão se complica quando nos deparamos com dois familiares da mesma Casa como pretendentes a governar, tal como foi durante a guerra civil conhecida como a Dança dos Dragões, que levou a grande conflitos desses dois lados.

Com apenas um episódio para encerrar a série, pode ser que exista uma certa pressa para lidar com o assunto e por assim dizer, ser aquém do esperado. Esse plot demandaria mais episódios para ser explorado, mas entendo que as Batalhas em Winterfell e Porto Real demandaram um esforço maior para uma temporada mais reduzida.

O lance é que Daenerys seria a mais digna para governar devido ao seu longo histórico até aqui. Só que se descobrissem a verdade, Jon seria o preferido pelo povo. Ele é mais amado em seu lar que a própria Rainha. É uma problemática para considerar. Quem estará disposto a abrir mão de sua pretensão por amor? Quais serão as consequências depois da Destruição de Porto Real? Saberemos logo mais com o Series Finale.

Categorias
Serial-Nerd

Com um elenco feminino poderoso, Big Little Lies é uma lição de amor, amizade e superação.

É notório que a HBO se destaca em suas produções originais e garante atenção merecida de seus telespectadores devido a qualidade de roteiro, elenco cativante e temporadas curtas, permitindo que não haja enrolações em demasia. Big Little Lies se encaixa nesses quesitos e oferece mais. Muito mais.

A história se passa na península de Monterey (Califórnia) e acompanhamos a adaptação de Jane (Shailene Woodley) junto com seu filho Ziggy neste lugar. Num simples ato de gentileza, a relação entre ela e Madeline (Reese Witherspoon) teve início.

Amizade é definida como: ”Afeição, estima, dedicação recíproca entre pessoas: laços de amizade.” Esse sentimento veio de uma forma tão orgânica e bem construída, que parecia algo de muitos anos. Celeste (Nicole Kidman) também aceita Jane de braços abertos e assim, temos o Trio de Monterey. Cada uma esconde algo e as respectivas revelações vão sendo feitas sem pressa, e no momento certo.

Você aprende a se importar com essas personagens quando as atrizes conseguem entregar a atuação correta para nos convencer sobre o que acontece com ambas e como isso as afetam, além de seus filhos.

Mãe solteira e tendo na bagagem um grande trauma em seu passado, a personagem de Shailene retrata a realidade de boa parte da população feminina atualmente. Não entrarei em detalhes, pois não quero estragar a experiência de você que possa iniciar essa deliciosa maratona após finalizar o texto.

Só queria deixar claro a atuação fantástica da atriz em retratar todo o desespero e receio por conta deste trauma, que não pede licença para entrar e acaba causando pesadelos por fazê-la reviver tudo aquilo mentalmente. Isso é desgastante e Jane demonstra isso no seu dia-a-dia, juntamente com o fato de temer pelo futuro de seu filho por algo que possa estar enraizado em seu interior.

Renata (Laura Dern) aparece como ”antagonista” e entra em guerra com o Trio devido ao bullying recorrente que sua filha Amabella sofre na escola. A revelação sobre o verdadeiro culpado expõe o que citei ali em cima. Como as atitudes dos pais influenciam o comportamento de seus filhos em outros ambientes. Isso nos leva diretamente para Celeste.

O ser humano foi dotado da capacidade de não deixar transparecer nada que o deixe vulnerável perante outras pessoas. Isso vale desde um sorriso para disfarçar tristeza profunda ou um casamento de aparências. Achávamos que Celeste vivia perfeitamente com seu marido Perry (Alexander Skarsgård) até uma leve puxada de braço entregar aquilo que estava na penumbra.

A partir do momento em que utilizam do ódio como moeda de troca para o sexo selvagem e violento, configura num relacionamento abusivo e doentio. E o pior que ninguém percebe como esse círculo é bastante perigoso. Ninguém acredita no nível tóxico que isso se tornou. Não há espaço para refletir em como isso é errado, já que na concepção dada está tudo perfeito. Isso é normal entre eles e acabou.

Um empurrão hoje se transforma no soco amanhã. ”Desculpa! Vou mudar” < o mesmo lamento que já estamos cansados de ler e ouvir em tantas mídias. As agressões trazem repulsa para o telespectador e a atuação de Nicole é monstruosa. Alexander também merece elogios por sua interpretação que convence muito, pois você caminha por duas vias: pela simpatia ao personagem e depois inicia um ódio sem precedentes para com o mesmo.

O elenco mirim cativa e deixa qualquer um apaixonado. Chloe é o grande destaque com suas famosas playlist e sua boca afiada graças a sua mãe, Madeline. Os gêmeos de Celeste, Amabella de Renata, Skye da Bonnie (Zoë Kravitz) e Ziggy de Jane são tão fofos quanto. É um complemento para o que já estava bom com o elenco feminino.

Com um assassinato montado aos moldes de Revenge e How to Get Away with Murder, ele instiga e ao decorrer dos episódios, é possível imaginar quem é a vítima. Apesar do desfecho previsível, ainda é muito proveitoso todo o seu desenvolvimento até aquela fatídica noite.

São poucas as séries que me conquistam na abertura e me fazem assistir ou ouvir a trilha sonora até o final. Aqui é o exemplo perfeito.

https://www.youtube.com/watch?v=meJ2yK4boJE

A música é Cold Little Heart de Michael Kiwanuka. Os créditos iniciais de Big Little Lies mostram as personagens com seus filhos em direção à escola mesclando com a perfeita paisagem da Califórnia. Aliás, toda a trilha merece ser ouvida. Boas escolhas que intensificam as cenas.

E cadê a segunda temporada? Calma! Calma! Faltam um pouco mais de três semanas para o retorno e temos o trailer oficial.

https://www.youtube.com/watch?v=eCWevZV945M

Considero Big Little Lies como uma das séries mais importantes atualmente pela sua temática apresentada e todo cuidado em desenvolvê-la de forma competente em apenas sete episódios em sua primeira temporada. Pare um dia e veja o que esta belíssima produção tem para lhe mostrar.

Segunda temporada de Big Little Lies começa em 9 de junho.

Categorias
Serial-Nerd

O lado mais sujo do ser humano é exposto em Chernobyl, nova série da HBO.

Choque. Medo. Ceticismo. Negligência. Omissão. Esperança. Tensão.

É completamente natural o ser humano entrar num misto desses sentimentos e atitudes quando se depara com uma grande catástrofe. É como um mar o afogando e não conseguir ver a superfície. Suas próprias emoções podem atrapalhar o seu julgamento. O pior é quando essa confusão emocional permite decisões falhas em prol do Estado e sem saber das consequências desses atos. Pensando que está fazendo um bem para o seu povo, pois este mesmo governo tem tudo sobre o controle. Esse é o clima que o Piloto de Chernobyl passou para o seu telespectador.

Pripyat, abril de 1986. A rotina de todos seguia de forma natural até o início de tudo. O início do fim. O incêndio pode ser visto por quilômetros e os habitantes locais começaram a se preocupar. Ninguém sabia o que estava acontecendo. Já no interior da usina, a equipe de engenheiros cientes do problema começam a traçar planos para conter o incidente. Nisso entra o Camarada Dyatlov. Apesar dos relatos cada vez mais desesperadores sobre a explosão do núcleo, ele permaneceu cético e seguiu o episódio inteiro com uma opinião contrária sobre o ocorrido. Até porque era impossível fisicamente um núcleo explodir, certo?

Dyatlov expôs uma reação já conhecida de alguém que acredita ter a resposta para tudo nessas situações e jamais concluiria algo que fosse o contrário de sua ideia. Essa arrogância misturada com ceticismo são como veneno servido. Tapa os olhos para a verdade. E isso leva para uma outra camada que o episódio apresentou muito bem: A forma como o Estado soube lidar com a situação.

Sempre que acontece um evento desta magnitude é criado um Conselho de Crise com os principais representantes para lidar com o ocorrido e planejar de forma imediata planos de ação. O conselho deste episódio conseguiu deixar o telespectador indignado com a resolução dada, uma vez que souberam ser egoístas o suficiente para concluir de forma rápida que estava tudo tranquilo, apesar do protesto de apenas um membro. Foi como se fosse uma voz no meio da multidão. Foi em vão e essa negligência custou caro.

De um lado, bombeiros apagando o incêndio, segurando partes dos destroços contendo radiação e sofrendo queimaduras. De outro, crianças brincando e adultos olhando para cima enquanto são revestidos por fuligem contaminada. Além dos trabalhadores se tornando vítimas fatais. São cenas fortes que dão agonia por mostrar a falta de preparo de profissionais e a inocência destes moradores, mesmo sabendo que o caos foi iniciado no interior de uma usina nuclear.

Uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade.

Essa célebre frase foi dita pelo ministro nazista Joseph Goebbels e se encaixa como luva quando encontramos Valery Legasov, que após esconder gravações contendo todo o seu relato sobre Chernobyl decide cometer suicídio. Ao longo dessa cronologia de dois anos conheceremos inúmeras mentiras sendo ditas assumindo o poder da verdade e Valery será testemunha de tudo como o engenheiro que fez parte do comitê de investigação.

A minissérie convenceu em dar um grau de realismo ao capturar para as telinhas o maior desastre nuclear da história e seus efeitos são sentidos até hoje pela Ucrânia. HBO conseguiu deixar o telespectador compartilhar dos mesmos sentimentos dos personagens em toda a sua duração e o melhor é que os personagens são reais, dando mais veracidade para a trama. Tem tudo para manter a qualidade ao longo dos próximos episódios.

Sendo assim, finalizo mostrando atualmente como está a região afetada pela radiação.

Chernobyl terá apenas 5 episódios.

Categorias
Serial-Nerd

Bem-vindos ao Fim! Supernatural surpreende em revelar o Criador da história como último vilão

Deus escreve com uma pena que nunca borra. Fala com uma língua que nunca erra. Age com uma mão que nunca falha.

Inicio este singelo texto com uma frase retirada da internet sobre uma das principais características que os religiosos utilizam para defini-Lo: como um escritor. Um Ser com o poder de escrever a nossa história, ou seja, o autor do maior best-seller conhecido pelo homem, a própria vida. Sendo assim, podemos afirmar que Ele é o dono do nosso destino? Esse questionamento pode deixar muitos sem uma resposta formada, porém Supernatural já respondeu na quarta temporada e nove anos depois, reafirmou de um jeito poderoso. E também perigoso.

Quando Chuck apareceu no episódio 4.18 (The Monster in the End of This Book), ele simplesmente era um escritor que escrevia sua única e importante obra: Supernatural. Situação esta que não passou despercebida pelos Winchesters que ficaram assustados com a fidelidade sobre os eventos de suas vidas sendo narradas nos livros. Numa temporada que estava lidando com a aparição cada vez mais frequente de anjos e demônios, a revelação de que o personagem era, na verdade, um profeta do Senhor acrescentou bastante para a mitologia bíblica para aquele ano que encerraria o maravilhoso ciclo da Era Kripke (criador da série).

Já em Swan Song (5.22) após o fim do embate entre Miguel e Lúcifer (usando Sam Winchester como receptáculo), Chuck é visto escrevendo seu último livro e trajado todo de branco acaba desaparecendo no ar. Tendo retornado apenas na décima temporada, ele deixou a importante pergunta no ar: Ele era Deus? Essa teoria foi a mais aceita pelos fãs, enquanto a própria série não tratava de confirmá-la ou desmenti-la. A resposta veio em 11.20 (Don’t Call Me Shurley) da forma mais simples e sem muitos alardes. Deus por muitas vezes deixou que os caçadores resolvessem os principais problemas e por causa disso, apenas interviu em assuntos de cunho apocalíptico. Sendo o último na forma do nefilim Jack. Desde o desfecho da Escuridão em 11.23 (Alpha and Omega), Deus se fez ausente mais uma vez e retornou apenas no Season Finale da atual temporada para lidar com o filho de Lúcifer.

Assim diz o Senhor dos Exércitos: Administrem a verdadeira justiça, mostrem misericórdia e compaixão uns para com os outros.

–  Zacarias 7:9

Quando Deus assume que a história deve seguir do jeito que escreveu, só mostra o quão egoísta demonstra ser com a sua série favorita. Ele preferiu não interveio durante grandes perdas de nossos personagens ao longo de toda a série. Apenas ficou observando nas sombras. Isso é compaixão?! Não existe misericórdia ao negar ajuda necessária para deter algum mal. Esta ajuda só se torna conveniente para os seus próprios meios, pois ameaça sua escrita. Algo que um escritor odeia é algo atrapalhando a sua narrativa. Por isso, mente. É um choque para Sam e Dean descobrirem que são marionetes do Criador e como sofreram por conta dessa falta de sensibilidade. Tudo por uma boa história, não é mesmo?

Nosso instinto em ler algo que não gostamos é simplesmente fechar o livro e deixá-lo guardado para uma próxima oportunidade. Chuck não dá uma segunda chance. A decisão de Dean em não assassinar Jack acaba com todo o seu planejamento e isso gera uma certa surpresa, pois não era para acontecer. Sua escrita deveria ser imutável, ou seja, sua função acaba perdendo todo o significado.

Ao dar boas-vindas ao Fim de Tudo, temos aqui o anúncio oficial do término de Supernatural. Seu livro acabará por definitivo na 15° temporada. O prazo foi dado com uma enorme bomba relógio trazendo todas as criaturas que os caçadores enfrentaram nessa longa estrada até aqui. Foi uma das táticas mais geniais da equipe criativa da série tornar uma criatura Onipresente, Onipotente e Onisciente como o principal vilão para o seu último ano. Nada mais poético que enfrentar o principal monstro que já assolou o universo desde que O mesmo o criou.

O futuro parece muito promissor e se for feito em mãos capazes, teremos um final digno para uma série que iniciou na busca pelo pai desaparecido sedento por vingança ao demônio que assassinou sua esposa e finalizará com a caçada definitiva a Deus. Chegada a hora de administrar a verdadeira justiça. Sem compaixão. Sem misericórdia.

Categorias
Serial-Nerd

Loucura ou Grandeza: Os Deuses abençoaram ou amaldiçoaram Daenerys Targaryen?

“O Rei Jaehaerys disse-me um dia que a loucura e a grandeza eram dois lados da mesma moeda. “Sempre que um novo Targaryen nasce”, disse ele, “os deuses atiram uma moeda ao ar e o mundo segura a respiração para ver de que lado cairá.”

–  Sor Barristan Selmy (Arstan Barba-Branca) em Tormenta de Espadas.

Essa tradição foi tema do diálogo entre Tyrion e Cersei ainda na segunda temporada da adaptação televisiva.

https://www.youtube.com/watch?v=9kejw3PgapM

Um dos privilégios de George R.R. Martin em sua longa escrita é permitir que sua narrativa não seja algo simples. Seus personagens possuem camadas para serem descobertas pelos leitores e como consegue chamar atenção pela riqueza de detalhes sobre o passado do Mundo Conhecido e as principais Casas. O grande exemplo é a Casa Targaryen.

Desembarque de Aegon I aconteceu junto com suas irmãs-esposas, Visenya e Rhaenys.

Tendo uma duração de 300 anos, a dinastia Targaryen foi muito bem balanceada por reis e rainhas notáveis, sendo estes margeando entre a bondade, crueldade e piedade. Características estas que levaram os Sete Reinos numa tormenta (Maegor I, o Cruel) ou na paz absoluta (Jaehaerys I, o Conciliador) ou num período de fanatismo religioso (Baelor I, o Abençoado).

Essa balança permitiu alimentar a tradição do lançamento da moeda para definir o caráter do próximo que viria a sentar no Trono de Ferro. As linhas da fala de Selmy deixam bem claro como todos os habitantes ficavam apreensivos a cada nascimento. Dado ao histórico familiar, a inclinação para a loucura foi aumentando de forma gradativa a cada nova geração e podemos afirmar que esta mácula foi apresentava de formas distintas por seus portadores. Baelor I era o piedoso, porém fanático. Maegor I, Aerion, Aerys II e Viserys eram arrogantes insanos. Então, qual lado da moeda caiu para Daenerys Targaryen?

Tudo parece bastante fácil quando você possui dragões, que lhe garanta vitórias sucessivas. A confiança se transforma em arrogância e esta se torna em algo mais maligno o suficiente para apontar o dedo e confirmar que a maldição continua sendo palco de deuses cruéis. Daenerys já provou um pouco desses sentimentos ao longo da série e com o Series Finale chegando mais rápido que o Gendry bolt correndo sem parar do Além-Norte até a Muralha, a equipe criativa parece-me apressada em torná-la como seu pai, o Rei Louco.

Dany precisou somente de seis temporadas completas para amadurecer, criar um exército, passar por provações e tentar não cometer muitos erros. Até porque como conseguiria governar Westeros se não aprendesse as principais lições como uma Quebradora de Correntes por toda extensão da Baía de Escravos, certo? Ela não foi perfeita, porém deu muito de si para criar novas regras e por fim, esperar o momento certo para quebrar a tão famosa roda westerosi. Este momento chegou e vai custar quanto?

O episódio recente provou que ainda existia algo para ser tirado de nossa personagem principal e assim foi de forma brutal com Rhaegal num ataque surpresa feito por Euron Greyjoy, e no final com a decapitação de Missandei perante a um desesperado Verme Cinzento. Dany vira as costas e sai com um ódio que a chega a gelar a alma. Agora todo cuidado é pouco, pois ela se encontra num campo minado muito bem preparado por Cersei Lannister. Paz nunca foi uma opção. Agora é guerra. As duas rainhas não possuem mais nada a perder e estão dispostas a vencer. Custe o que custar.

É deste sentimento que a mácula se alimenta como um câncer e se alastra sem chance de cura. A Mãe dos Dragões está bem perto de abraçar essa insanidade que sempre esteve flertando com ela nas sombras. O Burn Them All! foi dito por Rei Louco como seu último ato extremo antes de Jaime Lannister assassiná-lo. Sua última ordem foi simplesmente trazer o fogo como o beijo da morte. Ela poderia estar repetindo a atitude do pai? Anteriormente, defenderia que jamais faria isso. Só que após a morte dos Tarly e os eventos deste episódio mais recente, não espero mais nada. Dany pode recuperar a razão e ser mais branda, enquanto acontece o cerco ou impor total medo como seus antepassados fizeram há séculos quando o céu era o palco para a Dança dos Dragões.

A disputa para o Trono ficará acirrada nestes dois últimos episódios.

Categorias
Serial-Nerd

The OA: Parte 2 consegue captar com maestria o lado metafísico da história

O que é a vida? Por que estamos aqui? Qual o sentido de estarmos aqui? Podemos mudar o nosso destino? Ocasionalmente, temos respostas prontas para certas perguntas com esse teor. Só que isso é uma variável que segue por vários caminhos, uma vez que minha interpretação pode ser diferente de você que segue lendo este humilde texto. The OA entra por este caminho e lá em 2016 quando foi lançada pela Netflix, surpreendeu por sua sutileza em abordar temas como vida, morte e EQM (Experiências de Quase-Morte). Podendo aparentar confusão na extensão de seus episódios, se começarmos a ”expandir nossa mente”, é possível captar as mensagens que a série vai passando.

Até reencontrarmos OA/Prairie no primeiro episódio, parecia que estávamos diante de alguma série policial. Conhecemos o detetive Karim investigando o sumiço de Michelle Vu e se depara com um jogo surreal, onde os jovens precisam desvendar enigmas para passar de nível e o grande prêmio é descobrir a verdade oculta na vidraça. Paralelo à este plot, descobrimos que OA conseguiu saltar para outra dimensão numa versão diferente a sua, se tornando Nina Azarova. Esses plots foram muito bem trabalhados ao longo da temporada e ao se cruzarem, elevaram o nível da trama de uma forma muito satisfatória.

Os coadjuvantes também foram essenciais para o sucesso desta atual temporada. O reencontro do grupo cativo na nova dimensão foi bonito e trouxe a urgência de sair mais uma vez das garras de Hap. Já o outro grupo que ouviu com tanta atenção a história de Prairie iniciaram separados após o incidente na escola, mas embarcaram numa nova missão graças a revelação de Buck no espelho. A interação entre eles continua ótima e o retorno de BBA fechou o pacote. O suicídio de Jesse trouxe de volta para uma realidade em que uma pessoa não consegue suportar o trauma vivido e mesmo com todos os sinais explícitos, a tragédia só é percebida quando acontece. Isso é The OA, que explora o inimaginável e ainda assim, mantém o crível.

The OA possui uma mitologia riquíssima e abre inúmeras portas para oque convencionalmente nomeados como desconhecido ou até fantasioso. A produção soube utilizar cada item de maneira perfeita, ou seja, trouxe elementos visuais que cativam e emocionam. A coreografia dos cinco movimentos pode parecer bastante bizarro quando assistimos, porém ela vem carregada de significados. Há sintonia. Há beleza. Há emoção em cada expressão. Você se conecta com aquele momento único.

A fantasia se conecta com a realidade quando estabelece a natureza como um grande organismo vivo e pensante na Terra. A cena em questão é carregada de informação científica, mas não tira o peso da mitologia imposta e nem a desmerece. Pelo contrário, a corrobora. Uma floresta só consegue sobreviver ao existir harmonia. A conexão entre as raízes das árvores permite trocas de informações, que permite a sua longevidade. Sim, elas se comunicam da mesma forma que conversamos naturalmente.

Você acredita nas experiências de quase-morte? Este um tema delicado que permite várias interpretações sobre suas implicações. A série discorre sobre os eventos das EQM e suas consequências para as pessoas que as vivenciam. Ao sequestrar os personagens na temporada anterior, Hap se permitiu estudar mais a fundo sobre como deveria acessar este ponto localizado na penumbra da ciência sem pensar na ética de seus atos.

O surpreendente foi saber que o Outro Lado não era um vislumbre do Pós-Vida e sim, a existência de múltiplas dimensões configurando o que chamamos de Multiverso. Os cinco movimentos eram parte do processo para essa passagem, porém através de Elodie fomos capazes de descobrir que existem outros meios para viajar. Trazendo agora para a nossa realidade: Seria muito egoísmo nosso supor que somos os únicos seres dominantes deste Sistema Solar? Parece papo de maluco, mas temos que pensar fora da caixinha e perceber estas possibilidades.

Hap. Homer. OA. Conectados por um destino e várias dimensões. Habitantes da mesma constelação. Esses três personagens estão longes de estarem num triângulo amoroso. Apenas configuram como o ponto central das viagens dimensionais, ou seja, estão fadados a se encontrarem em qualquer realidade. São completamente dependentes um do outro. A adição de Elodie permitiu algumas explicações sobre os saltos, tornando-se relevante para a trama. Caso role a terceira temporada, que ela seja regular.

Bolão: Consciência do Homer está no corpo do Steve na terceira dimensão ou é o próprio Steve? Façam suas apostas.

Netflix conseguiu manter um excelente padrão para uma produção original que teve um hiatus de três anos e apesar da cena final indicar certo desfecho para a história em si, ainda tenho esperança da renovação para finalmente ver Steve, Buck, BBA, French e Angie reencontrando OA. Para quem quebrou a quarta parede, nada mais é o limite.