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Diabólicos expande a mitologia de The Boys de forma extraordinária

The Boys, série de humor ácido do Prime Video que possui duas temporadas, caiu no gosto popular e se transformou em um verdadeiro fenômeno devido a sua excelente qualidade. Piadas de baixo calão, gore (violência gráfica), história minuciosamente elaborada e personagens carismáticos são os fatores que contribuíram com o sucesso do seriado. Entretanto, o seu universo, apesar de rico, não era fortemente explorado como merecido. Até então, isso pode parecer uma dor, mas a Amazon usou a angústia ao seu favor e transformou aquilo que era uma incógnita em diamante. 

Anunciado sem aviso prévio há três meses, The Boys Apresenta: Diabólicos foi concebido com um único intuito: explorar mais afundo a mitologia dos personagens da Dynamite Entertainment. Todavia, felizmente Diabólicos usufrui de artimanhas delirantes para contar suas histórias antológicas, fazendo jus ao seu primeiro nome: The Boys

Com uma vasta equipe criativa, The Boys Apresenta: Diabólicos trás grandes nomes em sua produção interna, tais quais como Seth Rogen, Awkwafina, Justin Roiland e Andy Samberg, que servem com peças centrais e únicas para a criação de cada episódio. 

The Boys Diabolical finalmente mostra membro d'Os Sete que ficou de fora da série original
Reprodução: Prime Video.

Uma série de animação antológica que é um spin-off de The Boys ambientada no mesmo universo do seriado original, Diabólicos explora um mundo onde os super-heróis abraçam o lado mais sombrio da fama, centrando-se num grupo de vigilantes, conhecidos como The Boys, que se propõe derrubar, precisamente, super-heróis corruptos.

Por se tratar de uma antologia, as mentes por trás The Boys Apresenta: Diabólicos possuem uma vasta liberdade criativa, podendo levar cada história para uma jornada alucinógena nunca antes explorada em qualquer filme ou série. 

São oito capítulos no total, que não se amarram em um universo já estabelecido para narrar seus os  contos. Cada episódio apresenta um ponto de vista diferente perante o mitologia de The Boys. As histórias inovadoras e nem um pouco enjoativas de Diabólicos prendem o telespectador até os seus últimos segundos. Nada se repete ou é parecido dentro da obra, trazendo estilos de animações para todos os gostos. 

As durações dos capítulos oscilam entre quatorze e treze minutos, sendo essenciais para determinar o que está eles estão apresentando. Seus ritmos também não deixam a desejar, uma vez que não se apressam devido a sua curta durabilidade, mas também não se delongam com a intenção de tirar leite de pedra. 

The Boys: Diabolical review: Here's how gross Amazon's spinoff really gets - Polygon
Imagem do terceiro episódio intitulado de Eu sou seu Traficante.

Diabólicos não apresenta um episódio melhor que o outro, e muito menos, um pior que o outro. Todos os fragmentos, apesar de únicos, mantém a mesma linha de qualidade. É perceptível o cuidado que o Prime Video teve ao decidir produzir a série, quando ela poderia facilmente cair em seu próprio limbo de banalidade por se tratar de uma antologia. 

A criatividade entrelaçada com o seriado é o seu ponto chave. Há diversas causas inovadoras e mitológicas que o espectador sequer sonha que The Boys Apresenta: Diabólicos aborda. Se distanciando de outras produções corriqueiras, algumas revelações bombásticas não são apresentadas em seu prelúdio ou epílogo, mas sim, ao decorrer que os capítulos avançam em suas tramas. 

A ótima experiência que Diabólicos traz é apresentada antes mesmo de suas fábulas sequer serem iniciadas, e Terror, o cachorro de Billy Bruto, é o responsável por isso. Sem mais detalhes que para futuras experiências não sejam estragas, muitos abriram um sorriso quando forem presenciar os atos de Terror

Diabólicos não se difere de The Boys ao contar com críticas sociais em sua composição. Entretanto, o derivado opta por apresentar temas importantes de formas mais cômicas com um pouco de drama, provando que é possível ”arrancar” pensamentos mais íngremes diante de quem estiver assistindo a respeito de temas que afetam a sociedade moderna constantemente.

Confira a lista de episódios de Diabólicos, a animação de The Boys - NerdBunker
Imagem do segundo episódio intitulado de Um curta animado onde alguns super zangados matam seus pais.

Diabólicos é um admirável começo para a expansão de The Boys, no qual mantém a sua essência ao mesmo tempo que introduz elementos originais. Com a vastidão que Diabólicos carrega, há a possibilidade do seriado animado ter temporadas infinitas sem se perder dentro de si mesmo. 

Nota: 5/5

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Com uma história divertida, A Lenda de Vox Machina é um prato cheio para os fãs de RPG

Diferente da Netflix, o Prime Video não investe de forma corriqueira em séries animadas. São poucos os seriados animados autorais presentes em seu catálogo. Contudo, os que estão disponíveis, desempenham da atribuição de serem bem feitos ao contarem histórias que o público se sente atraído. Não é diferente com A Lenda de Vox Machina, obra televisiva baseada na criação da empresa Critical Role.

A Lenda de Vox Machina tem tudo que os amantes de RPG apreciam: personagens caricatos condizentes com suas funções, cenários medievais épicos, habilidades originais de cada persona, criaturas folclóricas, inimigos desafiadores e o principal, uma história divertida e pouco complexa, que leva o telespectador para uma verdadeira imersão neste mundo fantástico.

Infelizmente, por não ter tido uma divulgação tão ampla parte do Prime Video, A Lenda de Vox Machina passou despercebida perante diversos assinantes da plataforma. Contudo, a série já foi renovada para a sua segunda temporada, tendo uma nova oportunidade para ‘ficar na boca do povo’’.

Em uma tentativa desesperada de pagar uma guia de barra de montagem, um bando de desajustados acaba em uma missão para salvar o reino de Exandria das forças mágicas das trevas.

A história transita entre os gêneros drama e comédia, mantendo o perfeito equilibro entre ambos os traços sem se perder em seu próprio ritmo. Os dois primeiros capítulos (que servem para apresentar o grupo que dá nome à produção) dão uma falsa sensação ao espectador, que espera o famoso ‘’vilão da semana’’ para se entreter. Todavia, o final do segundo episódio junto do desenrolar do terceiro, apresentam o verdadeiro tema de A Lenda de Vox Machina, que é conduzido através de doze episódios, sem serem enjoativos.

O conto de A Lenda de Vox Machina é sobre vingança e redenção. Por sorte, ele não caí nos famosos clichês dos subgêneros, que sempre buscam soluções fáceis e datadas para finalizarem problemas que assolam os personagens. Aqui, a história é tão bem trabalhada, que ela evolui para algo grandioso ao chegar em seu ápice; mas não deixa de lado a sua principal essência: ser descomplicada.

É perceptível os cuidados que Brandon Auman (showrunner) teve ao adaptar a criação de Critical Role; onde ele optou por trabalhar os principais elementos de um bom RPG, trazendo-os para uma linguagem transparente diante do público leigo.

The Legend of Vox Machina Lives Up to the Hype, A Tribute to D&D Fans - Variety
Reprodução: Variety.

Outro ponto chave de A Lenda de Vox Machina, é a função que cada membro do grupo desempenha sem puxar o protagonismo para si. Devido as habilidades e conhecimentos únicos de cada personagem, todos recebem a mesma dose de protagonismo, tendo o mesmo tempo de tela ao decorrer que os rápidos, mas essências minutos, dos episódios são percorridos.

Por sorte, não há nenhum protagonista tedioso devido a originalidade e carisma de cada um. Ao decorrer da trama, os integrantes entram em uma jornada interna de autodescobrimento, que é feita de forma sutil, mas poderosa, causando uma empatia individual em quem estiver assistindo.

Em dados momentos, o time age como uma única persona, sendo uma amalgama dos seres já estabelecidos. Isto é devido as excelentes interações que Vox Machina tem entre si, compartilhando o mesmo nível de afeto que um tem pelo outro, sem esboçar uma preferência.

Os antagonistas menores, apesar de descartáveis, exercem bem suas funções ao enfrentarem Vox Machina. Seus papéis são semelhantes com os subchefes de videogames, que abalam a estrutura da coletividade, mas são derrotados quando a união decidi se concentrar mais afundo na situação.

The Legend of Vox Machina (TV Series 2022– ) - IMDb
Da esquerda para a direita: Vax’ildan, Percival de Rolo, Scanlan Shorthalt, Vex’ahlia, Grog Strongjaw, Pike Trickfoot e Keyleth.

A única complicação que ronda A Lenda de Vox Machina, são alguns diálogos que se estendem mais do que o necessário. As longas prosas servem para elucidar pontas soltas que poderiam facilmente serem mais breves, ou mostradas por meios de ações. Todavia, são poucas as ocasiões que a adversidade dá as caras.

O seriado animado não sofre com capítulos mais enjoativos do que os outros. Todos possuem o mesmo nível de qualidade, ao mesmo tempo que se esforçam para trazer elementos inéditos de seus antecessores.

Seu humor adulto, mas não apelativo, colabora com o desenvolvimento da fábula. O mesmo pode se dizer sobre as cenas violentas recheadas de gore (representação gráfica de sangue e brutalidade), que não são gratuitas como muitos cineastas e produtoras utilizam. Elas influenciam em algumas decisões que os heróis e vilões tomarão.

Critical Role The Legend Of Vox Machina GIF - Critical Role The Legend Of Vox Machina Vox Machina - Discover & Share GIFs

A Lenda de Vox Machina é um presente aos fãs mais fervorosos de cenários medievais mitológicos, sendo um prato cheio para essas pessoas. Uma produção simples, e com orçamento moderado, é capaz de contar uma história surpreendente quando bem trabalhada.

A Lenda de Vox Machina merece o seu reconhecimento por todo o seu esforço. Todos os capítulos já estão disponíveis no Prime Video.

Nota: 4,5/5

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Cinema Tela Quente

‘Batman’ é uma carta de amor aos fãs do Homem-Morcego

Desde o seu primeiro trailer na DC Fandome de 2020, Batman de Matt Reeves se tornou o filme de herói mais aguardado por mim até então. Não só por confiar no diretor ou por ser fã do Robert Pattinson e de seu trabalho nos últimos anos, mas por ter me sentido abraçado como fã do personagem pela ambientação e pelos detalhes que vi brevemente naquele vídeo.

Finalmente, depois de um bom tempo passado do seu primeiro trailer e de ser adiado por conta da pandemia, a Vingança chegou aos cinemas. E, bom, valeu a pena criar expectativa e esperar todo esse tempo. Matt Reeves entrega tudo o que prometeu em um longa de três horas que prende o telespectador do início ao fim, seja ele fã do herói ou não, e nos entrega um grande universo que merece ser explorado ao máximo no futuro.

Na trama de Batman, observamos um Homem-Morcego jovem, despreparado e inexperiente que está atuando em seu segundo ano como vigilante de Gotham. Até que um assassino em série que, neste caso, é o vilão Charada, surge e toma como alvo membros da elite da cidade onde, em cada assassinato, deixa um enigma para o vigilante decifrar. Para descobrir quem é o vilão, Batman precisa entrar no submundo e encontra personagens icônicos da mitologia como o Pinguim, a Mulher-Gato e Falcone.

É interessante ver como Reeves utiliza elementos de diversas histórias em quadrinhos diferentes, como o próprio arco do Ano Um, O Longo dia das Bruxas, Batman: Ego além de outros da mitologia (que, se eu citar aqui, pode ser considerado spoiler) para contar uma história totalmente nova que mostra a transformação do vigilante em herói, conforme o longa avança. Você vê um Batman inexperiente, com dúvidas quanto o que está fazendo e amadurecendo de acordo com seus erros.

O roteiro é muito bem trabalhado, explora tanto a mitologia do herói como o seu psicológico e a forma como Reeves decide narrar a história do filme causa uma imersão súbita do telespectador na trama. Os monólogos de Bruce Wayne ao longo da exibição contribuem em peso para isso e remetem um clima investigativo muito presente em filmes noir de antigamente – dessa forma, colabora com o tom que o filme deseja passar.

Por mais que tenha três horas de duração, o tempo passa rapidamente e o telespectador se sente preso do início ao fim e, particularmente, eu não reclamaria se o tempo de duração fosse maior.

Reeves já é um diretor conhecido pela sua visão criativa, e aqui não é diferente. Conseguimos ver nitidamente que ele compreendeu todas as nuances e as camadas do Homem-Morcego e trouxe elas para tela de acordo com a sua visão, e funcionou perfeitamente. Robert Pattinson conseguiu se consagrar como a melhor adaptação do herói para as telas do cinema.

Aqui, não vemos muito do Bruce Wayne em tela, mas propositalmente: esse é um filme do Batman e de seu amadurecimento como herói em seus dois primeiros anos, realmente não há espaço para a transição entre ambas as personalidades durante a exibição da trama. Entretanto, quando há, notamos o quanto ambas as personas estão bem adaptadas.

E, já falando no elenco, todo ele está sensacional. Robert Pattinson consegue transmitir toda a personalidade do Batman e de Bruce Wayne em tela e Zoë Kravitz como Selina Kyle transmite toda a energia que a personagem tem nos quadrinhos, além da química entre ambos ser incrível.

Paul Dano entrega um vilão incrível em sua atuação e Andy Serkis, por mais que pudesse ser mais desenvolvido como Alfred, nos entrega um excelente personagem. Jeffrey Wright é um bom Gordon e a química dele com o Batman cresce conforme o filme se desenvolve. Por último, Colin Farrell nos entrega um excelente Cobblepot e a equipe de maquiagem está de parabéns pelo trabalho feito com o vilão.

A fotografia do filme é um show a parte, cada frame parece uma obra de arte com sua paleta de cores característica tanto com a personalidade de Gotham como a do vigilante, e os efeitos especiais são de tirar o fôlego. Em um cenário onde o cinema de super-heróis está saturado de filmes que usam e abusam do CGI, Batman consegue dar uma aula e mostrar que com efeitos práticos bem executados é possível contar uma história de forma visualmente limpa.

Por último, a representação de Gotham neste filme está perfeita e fiel em cada detalhe: aqui, visualmente, vemos uma cidade suja que casa perfeitamente com o cenário político e social que o longa quer mostrar. De certa forma, percebemos que Reeves fez o seu dever de casa e, como fã, interpreto esse filme como uma carta de amor: afinal, nessas três horas de duração, eu vi tudo o que eu queria assistir em um longa que leva o nome do Homem-Morcego.

Talvez a única crítica negativa que eu tenha em relação ao longa é a sua classificação etária. De fato, ela não interfere no peso da trama e nem em como ela se desenvolve. Entretanto, em certas cenas ficam evidentes a amenização da violência por conta da faixa etária, e com isso a sua conclusão acaba se tornando um pouco ridícula – em especial, uma cena presente no terceiro ato do filme. Não é nada tão gritante ao ponto de comprometer a experiência do filme, mas incomoda no momento e poderia ter sido alterada facilmente, assim como as demais foram.

Então, é bom?

Com um grande elenco, uma excelente direção e uma fotografia que casa perfeitamente com a trama, Batman nos entrega um rico material a respeito do herói. Reeves consegue, com maestria, desenvolver uma narrativa que explora ao fundo a psicologia do Homem-Morcego, desenvolvendo-a ao longo das três horas de tela e nos entregando a melhor adaptação do herói já feita até os dias atuais – respeitando sua origem nos quadrinhos e compreendendo o que o personagem representa. No fim das contas, Batman acaba sendo uma carta de amor aos fãs do vigilante.

Nota: 5/5

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Segunda temporada de Euphoria decepciona e é entediante de acompanhar

Após três anos de hiato e dois especiais lançados, Euphoria retornou em 2022 com uma segunda temporada. Criada por Sam Levinson, produzida pela HBO e co-produzida pela A24, a série de drama adolescente conquistou milhares de fãs devido a sua qualidade técnica, história fatal misturada com humor negro e as atuações do elenco principal, como Zendaya no papel de Rue, e Hunter Schafer interpretando Jules

O primeiro ano do seriado puxa o telespectador para dentro da sua trama celestial, sendo uma temporada surpreendentemente imersiva e espetacular, transformando-se como uma das melhores produções televisivas de todos os tempos. Pouco tempo depois, a série foi renovada para a sua segunda temporada, causando uma verdadeira euforia naqueles que acompanharam de perto a jornada de Rules como um casal (além dos outros dramas envoltos nas construções dos personagens secundários).

Entretanto, lamentavelmente, o segundo ano é assustadoramente inferior em comparação ao seu antecessor. Mesmo com uma direção impecável partindo de Levinson e desenvolvimentos razoavelmente satisfatórios, a segunda temporada de Euphoria é decepcionante.

HBO's 'Euphoria' finale tonight pushes back on drug critique

Zendaya como Rue.

O retorno de Euphoria explora novos lados dos personagens que não tiveram muito destaque na primeira temporada e ainda revela o destino de Rue. Em meio a caminhos entrelaçados, Rue precisa encontrar esperança enquanto tenta equilibrar as pressões do amor, perda e vício.

Afortunadamente, o primeiro capítulo começa com uma grande tensão entre Nate Jacobs (Jacob Elordi), Cassie (Sydney Sweeney), Maddy Perez (Alexa Demie) e Fezco (Angus Cloud), que serve como desenvolvimento e estudo mais aprofundado de personagens até o quarto episódios. Por outro lado, temas importantes e sem soluções introduzidos na primeira temporada são deixados de escanteio e mal aproveitados, tendo resoluções apressadas e pouco atrativas devido aos anseios iniciais de Nate, Cassie, Maddy e Fezco. Mas porque ‘’iniciais’’? Simples, pois os fatores servem apenas para deixar uma falsa adrenalina no telespectador, que posteriormente, também são deixados de lado. 

Zendaya continua fantástica como Rue, entregando mais uma vez, uma atuação de respeito. Os seus problemas com entorpecentes (e familiares) são levemente agravados, dado que a trama corrida e desleixada se preocupa mais em ‘’ir pra lá e pra cá’’ com sujeitos menos atrativos, do que se focar em personas interessantes de verdade. Rue ainda é a protagonista, já que é ela quem narra os eventos de Euphoria; porém, possui um desenvolvimento mais raso. Há momentos de positivamente estressantes para a adolescente, mas são solucionados de uma forma indecente. 

Se Rue, a personagem mais importante de Euphoria, foi tratada porcamente por Sam Levinson no novo ano, Jules (Hunter Schafer) recebe um zelo ainda pior. Transformada em uma ‘’figurante’’ de luxo, Jules parece acompanhar as ações de seus colegas, sem ter uma identidade própria. A narrativa da garota construída anteriormente não é aproveitada, tirando todo o seu brilho. Por sorte, Hunter segue interpretando Jules com excelência, e graças a atriz, ela não caiu no esquecimento. 

O relacionamento de Rue e Jules também não convence. Nos primeiros episódios, ele é bem desenvolvido e podemos ter uma noção de como o casal está se comportando após três anos. Mas posteriormente, é melancólico ver as decisões de Sam perante as colegiais. A introdução de Elliot (Dominic Fike) é razoavelmente boa, mesmo ele sendo um personagem chato.  Contudo, quando o garoto decide se ‘’intrometer’’ na relação das personagens principais, resultando em um triângulo amoroso, a mitologia de Rue e Jules perde o seu vigor, acabando em uma convivência amorosa desinteressante. 

Euphoria Season 2 Fan Reactions

Através de Nate, Cassie e Mady, a segunda temporada de Euphoria constrói uma bomba relógio imensurável, que quando estoura, não satisfaz as expectativas. Por outro lado, é nítido que estes elementos tiveram um tratamento muito mais abrangente e cuidadoso em relação ao primeiro ano, como por exemplo, o aprofundamento nos problemas familiares de Nate Jacobs (mais especificamente com seu pai, vivido por Eric Dane), que previamente eram vistos com muitos mistérios. 

Quanto a Cassie, o progresso em sua depressão é condizente com devaneios mentais que assolam uma grande parte dos adolescentes, que muitas vezes veem refúgio em um namoro abusivo e sem amor para as suas carências psicológicas ou até mesmo, para tentar apagar um trauma da memória. 

Já, em relação com Mady Perez, não há nenhuma mudança drástica em sua história. A figura continua com os mesmos traços, não trazendo nenhuma adição interessante para o novo conto de Euphoria

Euphoria: o que Maddy quis dizer com "este é apenas o começo" » thenexus: Notícias de filmes, resenhas de filmes, trailers de filmes, notícias de TV
Maddy (Alexa Demie) e Cassie (Sydney Sweeney).

A trama flerta entre um possível romance entre Fezco e Lexi Howard (Maude Apatow). É satisfatório assistir as interações de ambos, mesmo em segundo plano. Neste caso, é compreensível que o flerte entre eles não foi aprofundado, apenas levemente introduzido, visto que ele deve ser mais explorado no terceiro ano (lançamento previsto para 2024). 

Por último, vale mencionar brevemente a participação de Barbie Ferreira como Kat, que foi drasticamente reduzida por Sam Levinson após desentendimentos criativos entre a atriz e o cineasta. Kat foi diminuída para uma personagem enfadonha e desprezível, podendo ser facilmente cortada da obra. 

Euforia: Maude Apatow explica conexão entre Lexi e Fez
Lexi (Maude Apatow) e Fezco (Angus Cloud).

Entediante de acompanhar, é inacreditável como a classe de Euphoria decaiu em relação ao seu primeiro ano. Não adianta ter uma boa direção com uma fotografia bem feita, quando os pontos chaves da produção são jogados de escanteio. Instintivamente, tem-se a impressão de que não se trata da mesma série devido a baixa qualidade da sua história. Todavia, como mencionado no terceiro parágrafo dessa crítica, Euphoria continua sublime em relação à outros seriados, principalmente com os que possuem juventude como alicerce. 

Sem medo de falar sobre sexo, drogas e comportamentos problemáticos, tanto a primeira quanto a segunda temporada de Euphoria dão uma aula de como o fim da juventude para o começo da fase adulta se comporta em jovens mais frágeis.  Entretanto, a ‘’fábula’’ moderna não consegue se superar, causando uma grande frustração. 

Nota: 3/5

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Detective Comics Quadrinhos

Vigilante: Conheça as versões do personagem

Quadrinhos podem ser complicados. Diante tantos personagens, tantas versões e visões diferentes, muitas vezes acabamos nos confundindo com tantas informações, vindas da internet, streaming ou até mesmo dos quadrinhos. Este artigo visa esclarecer algumas dúvidas, e pontuar certos aspectos da alcunha do Vigilante. Pra não restar mais dúvidas, vamos lá?

Vigilante (Greg Saunders)

Apesar de dividir o mesmo nome, o Vigilante “cowboy” não é o mesmo personagem da série do Pacificador, e ele está na lista justamente para esclarecer alguns pontos. Criado por Mort Weisinger e Mort Meskin, o Vigilante (Greg Saunders) fez a sua estreia no longínquo ano de 1941, na revista Action Comics #42. Mas, pelo menos aqui no Brasil, o “Superman de Chapéu” ganhou popularidade nas manhãs do SBT, no desenho Liga da Justiça: Sem Limites, exibido aqui pela primeira vez em 2005.

Greg integrou uma das equipes mais populares da época, conhecida como Os Sete Soldados da Vitória, e que foram os predecessores da Sociedade da Justiça da América. Ele esteve no grupo com outros clássicos membros da Editora das Lendas, como o Arqueiro Verde, Listrado, Sideral, Cavaleiro Andante, Vingador Escarlate e Wing. Greg se tornou o Vigilante para fazer justiça, após o assassinato de seu pai. Ele não possui nenhum tipo de poder, além da sua excelente mira e seu talento para a música.

O personagem, infelizmente, tem um escasso material para quem quiser se aprofundar mais em sua mitologia. É possível encontrar alguma coisa em inglês nos sebos da vida como essa ótima minissérie com 4 edições.

Ao passar dos anos, Os Sete Soldados da Vitória foram perdendo seu espaço, sendo ofuscados por outras equipes e personagens, tendo pequenas homenagens e aparições diversas nas mídias.


Vigilante (Adrian Chase)

Após ter sua família assassinada, o promotor de Justiça, Adrian Chase, enolouquece, e cruza a linha da justiça, buscando vingança e os criminosos responsáveis pela sua perda. Os anos 80 tiveram um grande boom de personagens violentos, não só nos quadrinhos, quanto nos cinemas. Essa versão mais sombria do personagem, foi criada por Marv Wolfman e George Pérez, e ele fez a sua primeira aparição como Vigilante em New Teen Titans Annual #2.

Chase acabou ganhando seu prórpio título uns meses mais tarde, em 1983. Contando com 50 edições, o personagem viveu o ápice e o declínio daquela fórmula oitentista, e acabou perecendo, vítima de seus próprios erros, em um final pra lá de depressivo. Após uma sucessão de erros, incluindo matar policiais inocentes por acidente, Adrian decide dar um fim à sua vida, na última página do quadrinho.


Vigilante (Pacificador)

Indo totalmente na contra mão da versão oitentista, o Vigilante de James Gunn, decidiu seguir uma pegada mais leve e bem-humorada. A releitura casou bem, tanto com o teor da série, quanto com o ator, Freddie Stroma. O personagem chega a ofuscar o protagonista de John Cena em certos episódios. É possível que, em um futuro próximo, vejamos mais dele, inclusive, eu não me surpreenderia se ele ganhasse uma série própria. Na série, é pouco explorado o passado dessa versão do Vigilante, mas, ao que tudo indica, eles mantiveram o passado trágico do personagem.


Vigilante (Donald Fairchild)

O DC Renascimento nos apresentou uma outra versão do Vigilante. Donald Fairchild, um ex-jogador de basquete, busca justiça, quando tem sua esposa assassinada. Infelizmente, o título fracassou logo de início, sendo cancelado logo após sua terceira edição.


Vigilante (Dorian Chase)

O irmão de Adrian, Dorian, também vestiu o uniforme do Vigilante. Essa versão é pouco conhecida, justamente por ser pouco expressiva mas não menos interessante. Ele apareceu pela primeira vez em Nightwing Vol.2 #133, se tornando um parceiro temporário de Dick Grayson em busca de justiça. Obviamente, as visões diferentes de justiça uma hora se colidiram. Dorian, chegou a ganhar seu próprio título em 2009 pelas mãos de Marv Wolfman, com 12 edições.


Vigilante (Arrow)

Aqui como o vilão Prometheus, Adrian Chase teve seus momentos como vilão principal na série da CW, estreando na quinta temporada de Arrow. Em contrapartida, a série teve seu próprio Vigilante, conhecido como Vincent Sobel, um ex-policial, que havia adquirido poderes de regeneração. Confuso, não?


Vigilante (Cinema)

Voltando a Greg Saunders (Sanders, para a versão cinematográfica), o Vigilante foi um dos primeiros heróis a irem para o cinema em formato de série. Interpretado por Ralph Byrd, e dirigido por Wallace Fox, The Vigilante: Fighting Hero of the West, foi produzido e distribuido pela Columbia Pictures, no ano de 1947, e conta com 15 episódios.


Vigilante (Batman: Os Bravos e os Destemidos)

Outra versão de Greg Saunders que deu as caras, foi a do desenho Batman: Os Bravos e Destemidos. Sua aparição se dá o episódio 3 da terceira temporada, Night of the Batmen!, que foi ao ar em 2011. Além de ser um exímio pistoleiro, Greg é um excelente músico. Confira um dos trechos do episódio com a música “Gray and Blue”.

https://www.youtube.com/watch?v=-eJM4GiuoKQ


Vigilantes (Quadrinhos)

Também tivemos outros personagens, menos expressivos, que vestiram a alcunha do Vigilante.

Alan Wells: Apareceu em Vigilante #20, operando como uma espécie de impostor, mais violento e totalmente sem códigos morais. Ele foi morto posteriormente pelo verdadeiro Vigilante na edição #27.

Dave Winston: Um dos amigos do Vigilante, ele foi um combatente mais compassivo com os criminosos, mas que foi morto pelo Pacificador na edição #23 do título. A morte de Dave foi um dos pilares que marcaram a vida de Adrian Chase.

Justin Powell: Justin se torna um Vigilante, após presenciar um assassinato. Sua run foi lançada em 2005, e conta com apenas 6 edições.

Patricia Trayce: Operando em Gotham City, a detetive é treinada pelo próprio Exterminador e trilha seu próprio caminho contra o crime como a Vigilante III. Ela apareceu pela primeira vez em Deathstroke the Terminator #6. Sua última aparição foi em Superman: The Man of Steel #120, em 2002.

Ufa! Quantas versões para um mesmo nome, não é? Espero que tenham curtido a nossa lista sobre o Vigilante! Até a próxima!

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Cinema Tela Quente

O Massacre da Serra Elétrica: O Retorno de Leatherface não é uma redenção da franquia

O Massacre da Serra Elétrica, de 1974, é considerado um marco para o gênero de horror. Idealizado por Tobe Hooper, o filme surgiu como um projeto independente que alcançou um sucesso inesperado devido a icônica figura de Leatherface, o grande vilão (e também protagonista) da franquia. 

São quarenta e oito anos de história, de altos e baixos. Entretanto, diferente de outras sagas de slashers, O Massacre da Serra Elétrica sofre com uma série de longas-metragens problemáticos e pouco cativantes, salvando-se apenas pelo seu garoto propaganda que caiu no gosto popular, principalmente pelos idólatras de obras de terror clássicas. 

Desconsiderando suas continuações lançadas nas décadas de 80 e 90, foram quatro tentativas de salvar a série, todas sem muitos resultados. Agora, com o lançamento de O Massacre da Serra Elétrica: O Retorno de Leatherface pela Netflix (que comprou apenas os direitos de distribuição, o desenvolvimento é inteiramente da Legendary), a franquia tenta se reerguer diante uma sequência direta da produção lançada em 1974. 

texas chainsaw massacre (2022) | Explore Tumblr Posts and Blogs | Tumgir

Quando uma viagem de negócios leva uma jovem, sua irmã mais nova e seus amigos pelas estradas do Texas, elas precisam sobreviver a um encontro fatal com o Leatherface.

Infelizmente, as adversidades com O Retorno de Leatherface se iniciam muito antes de sua chegada no streaming. Originalmente, a dupla Andy e Ryan Tohill foram contratados para dirigirem a continuação. Entretanto, poucos dias após o início das gravações (que começaram em Agosto de 2020), os irmãos foram trocados pelo cineasta David Blue Garcia, que iniciou as filmagens do zero após os executivos da Legendary não estarem satisfeitos com o trabalho dos Tohill; que por outro lado, não concordavam com a visão que a produtora tinha perante o projeto.

Um ano depois, a Legendary anuncia o cancelamento da estreia do novo O Massacre da Serra Elétrica nos cinemas, e divulgou que a obra cinematográfica será lançada com exclusividade no catálogo da Netflix. Muitos fãs ficaram preocupados com o destino do filme, mesmo o modelo de negócios ser comum entre os mais variados streamings desde 2018. Afinal, qual será o destino da saga? Pois não se engane, O Massacre da Serra Elétrica: O Retorno de Leatherface não é uma redenção dos erros do passado. 

Texas Chainsaw Massacre 2: Uma sequência está acontecendo? - Guia Netflix

Sua curta duração, atrapalha em seu desenvolvimento. Após cinco anos em hiato (Massacre no Texas, prequel de 2017, foi o último longa-metragem lançado), os idealizadores do projeto haviam um desafio em mãos: explorar a mitologia de um Leatheface idoso após os eventos de O Massacre na Serra Elétrica (1974). Logo, não haviam motivos para elaborar uma história de 1h 23m, mas sim, algo mais longo para se aprofundar na psique do serial killer que leva o seu nome no título. 

Sua fraca introdução (porém inteligente, diga-se de passagem) serve como um breve resumo para os telespectadores. Em seguida, conhecemos o grupo de jovens que serão os protagonistas. Suas inserções são feitas de forma pouco cativante, e fica explícito que será cansativo acompanhar a jornada da equipe, dado que não há um princípio vital nas personas.

O vazio nas interações entre os amigos é tedioso, e ao contrário de outros filmes de terror, aqui suas atitudes não são estúpidas, mas sim, mesquinhas e soberbas. É um diferencial para O Retorno de Leatherface, contudo seria um elogio caso os aspectos fossem guiados de formas mais cuidadosas e menos apressadas. 

A introdução de Sally Hardesty (Olwen Fouéré é a sua intérprete, uma vez que Marilyn Burns, a atriz original, faleceu em 2014) não empolga, principalmente quando o prólogo do enredo explica através de uma razão preguiçosa, o motivo de Sally nunca ter ido atrás de Leatherface até então. Hardesty estava sendo vendida como uma ”final girl”, no estilo de Laurie Strode (Jamie Lee Curtis), de Halloween, no entanto as suas atitudes não chegam nem perto da coragem e determinação  de Strode. A lentidão em tomar uma conduta essencial para situações de risco, faz com que o espectador se questione se era realmente necessário trazê-la de volta.  

Netflix's Texas Chainsaw Massacre deals with gun debate, school shootings - Polygon

Há algumas adversidades em Leatherface, mas mesmo diante de uma trama debilitada por problemas externos, o vilão entrega aquilo que ele propõem desde a sua criação: fazer um verdadeiro massacre. 

Sem quaisquer demonstração de sentimentos ao assassinar suas vítimas, o longa-metragem apresenta um lado mais humano do antagonista quando uma tragédia pessoal (causada por incompetência de terceiros) aflige a sua vida. Em contrapartida, ele não causa uma presença assustadora, mesmo sendo um indivíduo ameaçador. 

É satisfatório ver Leatherface em ação, apesar do personagem tentar se distanciar do seu passado conturbado (é possível perceber a condição através de pequenas atitudes) e voltar à ação exclusivamente por um fator que ameaça sua ”existência”. 

Lastimavelmente, toda a carnificina causada pelo sujeito não é suficiente para salvar o débil conto de O Retorno de Leatherface. O gore causado pelo elemento é pouco explorado, ainda que explícito em determinadas ocasiões.  

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O Massacre da Serra Elétrica: O Retorno de Leatherface utiliza da mesma fórmula de Halloween: ser uma sequência apenas do filme original desconsiderando suas eventuais sequências, reboots e remakes. Porém, se é proposto que ele seja uma continuação do original, é ilógico que Chris Thomas Devlin, Fede Alvarez e Rodo Sayagues (roteiristas) junto de David Blue Garcia e da Legendary, excluam elementos  essenciais para a mitologia de Leatherface que são obrigatórios para qualquer obra cinematográfica do portador da famosa ”motosserra”.

A produção pouco se esforça em explicar por que Thomas Hewitt (Leatherface) se envolveu com uma nova personagem, tal qual o destino de alguns membros de sua família incestuosa. Em contrapartida, a sua cena pós-créditos deixa um sorriso no rosto e quiçá, é a melhor parte da película junto de seus créditos estilizados. 

Fãs de O Massacre da Serra Elétrica terão mais uma decepção. Já, quem não conhece muito da franquia mas fica feliz em assistir à um filme de horror, irá se entreter na medida do possível. 

NOTA: 2,5/5

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Pacificador: Da mente criativa de James Gunn

Após o estrondoso fracasso de Esquadrão Suicida (2016) e a redenção do soft-reboot, pelas mãos de James Gunn, com O Esquadrão Suicida (2021), muito se questionava sobre a série do Pacificador. Afinal: “quem precisa de uma série de um personagem B?” É aí que somos supreendidos.

O Esquadrão Suicida (2021): Leia nossa crítica sobre o filme

(Fonte: HBO/Divulgação)

Após os eventos de O Esquadrão Suicida, o Pacificador se vê em uma cama de hospital, se recuperando dos ferimentos de sua luta contra o Sanguinário (Idris Elba). Ainda corroído pela culpa de suas escolhas, ele é chamado para mais uma missão, a mando de Amanda Waller (Viola Davis), para impedir uma invasão alienígena. A trama se desenrola a partir daí. As “borboletas”, esses pequenos seres invasores de corpos de outro planeta, foram criados por James Gunn, exclusivamente para a série.

Trazendo uma abordagem mais cômica e leve do personagem, apresentado pela primeira vez em Fightin’ 5 #40 (1966), Pacificador é uma sátira ao próprio universo dos personagens de quadrinhos, e que não tem medo de soar brega, com collants coloridos e discursos clichês.

Na série, não faltam referências ao universo DC, tanto dos quadrinhos quanto do seu próprio Universo Cinematográfico. Como fã da editora, fiquei muito satisfeito em captar quase todas as referências. Um prato cheio para quem já é inserido a este mundo, mas que se apresenta muito bem aos entusiastas de primeira viagem.

Eu quero o Homem-Pipa na segunda temporada. É isto!

O humor de James Gunn já é conhecido: ácido, cafona e com pitadas de humor politicamente incorreto. Mas, na série, você nota uma maior liberdade criativa, tanto no tom satírico da série quanto na violência gráfica. Esqueça as porradas fofas, aqui, Gunn nos entrega entranhas, tripas e cérebros voando entre as piadas.

Outro destaque fica por conta dos personagens secundários, como o Vigilante (Freddie Stroma), que por muitas vezes rouba a cena. Na versão original oitentista dos quadrinhos, o promotor Adrian Chase, o Vigilante, se torna uma espécie de Justiceiro da DC, quando teve sua família assassinada brutalmente pela Máfia. Ele decide agir, quando vê o sistema judiciário falhar em punir os responsáveis. É interessante notar, a releitura que Gunn fez no personagem, o tornando muito mais interessante e carismático. A química entre ele (Vigilante) e o Pacificador é incrível. Eu não me surpreenderia se o personagem ganhasse um spin-off só dele no futuro.

(Fonte: HBO/Divulgação)

Ainda falando em carisma, a águia Eagly tem seus momentos de destaque, mesmo sendo quase sempre em computação gráfica, é impossível não se apegar ao penoso.

Uma grata surpresa, foi notar que a série não se prende apenas a referências e humor, mas explora o lado emocional dos personagens, como do próprio protagonista. John Cena consegue entregar takes muito emocionantes. Mesmo caricátos, você se compadece de sua dor e traumas por muitas vezes. O cena abaixo, foi o ápice neste quesito, ligando conversas do primeiro episódio. Foi de uma sensibilidade incrível.

(Fonte: HBO/Divulgação)

A série também se esbalda com uma trilha hard rock farofa dos anos 80. Gunn tem um ótimo timing musical para inserí-las no momento certo sem soar cansativo. Mais uma marca registrada dele.

Os personagens de apoio também cumprem muito bem o seu papel, como Clemson Murn (Chuk Iwuji), Leota Adebayo (Danielle Brooks), Emilia Harcourt (Jennifer Holland) e John Economos (Steve Agee). Estes dois últimos, já haviam aparecido em O Esquadrão Suicida (2021). As coreografias nas cenas de ação são bem satisfatórias. Todos da equipe possuem sua ponta de importância, e o tempo de tela de cada um são muito bem dosados. Você simplesmente não se cansa de vê-los em ação, seja do protagonista ao figurante.

(Fonte: HBO/Divulgação)

Além da trama principal, o antagonismo da invasão alienígena é dividida com o Dragão Branco, personagem interpretado pelo veterano Robert Patrick, eternamente conhecido como o androide T-1000, em O Exterminador do Futuro 2. Apesar de não aparecer tanto quanto deveria, dado ao potencial do ator, o personagem cumpre bem o seu papel de ser odiado pela audiência. Afinal, quem não ama odiar um vilão? A série ainda consegue pincelar críticas políticas à extremistas, negacionistas e teóricos da conspiração. Mas não espere nada muito contemplativo.

E como poderia me esquecer do baixinho Mestre-Judoca (Nhut Le), que assim como o Vigilante, rouba a cena com seu collant verde e seu Cheetos picante. O personagem também teve sua versão modificada, para algo que se encaixasse melhor no tom da série. Acho digno resgatar e repaginar personagens esquecidos no leque da editora, que tem uma mitologia riquíssima e ainda pouco explorada nas telas.

(Fonte: HBO/Divulgação)

O número de episódios é satisfatório. Não espere uma trama complexa ou megalomaníaca. Ela é simples, direta ao ponto e na medida certa. Uma curiosidade, é que Gunn escreveu o roteiro em apenas 8 semanas. A estratégia do serviço de streaming do HBO Max também foi acertada: 3 episódios lançados na estreia, e o restante particionado nas cinco semanas seguintes. Creio que isso aumentou a meia-vida da série nas redes sociais. Afinal, nada mais vende do que o velho e bom boca a boca.

(Fonte: HBO/Divulgação)

Nem todas as piadas parecem funcionar muito bem algumas horas. São momentos pontuais, admito, mas a repetição de algumas delas podem cansar algumas vezes. Nada que tire o brilho do produto final. Todos os episódios também contam com cenas pós-creditos. Fique atento! Também, no último episódio, que foi ao ar no dia (17), temos uma grata surpresa, com heróis do time A já conhecidos por nós fazendo uma ponta.

(Fonte: HBO/Divulgação)

Pacificador entrega o que promete. Uma série sincera, divertida e que certamente renderá frutos, não só aos fãs da editora, quanto ao próprio Universo DC. Vida longa a James Gunn e sua visão criativa. E uma boa notícia: A série já foi confirmada para sua segunda temporada e a primeira temporada já está disponível no HBO Max.

4/5

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Detective Comics Quadrinhos

ALTAI & JONSON, mais novo título da editora Tortuga no Catarse

Não se deixe enganar pelo logo dessa editora, pois a Tortuga é tão veloz quanto uma lebre! Seu primeiro projeto, Dois Generais, foi muito bem sucedido e finalizou dia 11 deste mês, e uma nova campanha já está prestes a começar.

ALTAI & JONSON é o mais novo sucesso que a Tortuga está prestes a lançar na pré-venda através do financiamento coletivo pelo Catarse. Da mesma forma que aconteceu em Dois Generais, quem garantir esse projeto durante a campanha de financiamento estará garantindo o valor promocional de pré-venda, após esse período irá sofrer o reajuste para distribuição nas lojas parceiras.

Esse novo título irá compilar todas as histórias de ALTAI & JONSON já lançadas em quadrinhos, pelos já conhecidos Tiziano Sclavi (Dylan Dog) e Giorgio Cavazzano (Disney Itália), dois ícones do mundo dos quadrinhos italianos ao redor do mundo.

O quadrinho foi criado como uma homenagem aos filmes e seriados policiais dos anos 70 e 80 lançados em Hollywood, sucesso no mundo todo e narra, com humor peculiar, as aventuras dos detetives particulares  Altai e Jonson na cidade de São Francisco no final da década de 70.

A campanha no Catarse terá início dia 24 deste mês, anote na agenda e não perca essa oportunidade de  ouro para garantir esse material com precinho promocional (mais frete). Lembrando que assim como em Dois Generais, a HQ será lançada independente do alcance da meta do financiamento coletivo, mas o valor especial estará garantido apenas na pré-venda

ALTAI & JONSON terá formato 20,5 x 27,5cm, 304 páginas em  preto e branco, Preço no catarse para a edição impressa: a partir de R$ 45,00 + frete.

Para apoiar o projeto e obter mais detalhes sobre recompensas, clique AQUI

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Entretenimento Serial-Nerd Séries

O viciante e sublime espírito de Cobra Kai é notável em sua quarta temporada

Assim como na canção de Joe “Bean” Esposito, “You’re The Best”, feita para o icônico filme que deu início a esse universo, a história se repete; e você é o melhor. Em sua quarta temporada, Cobra Kai retorna triunfando com um refinamento em seu insistente enredo de tramas familiares e muita competição. Agora, Johnny Lawrence e Daniel LaRusso precisam unir forças para ganhar no campeonato sub-18 de All Valley, mas, será que eles terão a maturidade de se unir e vencer de uma vez por todas o Cobra Kai?

Após uma longa jornada, vemos mais uma vez que a conflituosa relação dos dojos está longe de acabar. Porém, mesmo sendo algo que se mantem durante toda a sua exibição, ver esses personagens e seus relacionamentos é revigorante. Nessa temporada, o maior foco foi explorar vínculos e desenvolver personagens que eram esquecidos e pouco lembrados – como o filho de Daniel, Anthony. Esse é o âmago primordial para que possamos ter mais inúmeras produções e continuações dentro de uma estória que, se fosse feita de maneira desatenciosa, não conseguiria nem chegar em uma primeira renovação pela Netflix.

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O que também é motivo de admiração, é como muitos dos atores conseguiram evoluir e crescer com seus trabalhos, comparado com períodos anteriores. Em uma cena específica entre Johnny e Miguel, durante o episódio 8 (oito), ambos conseguem cortar o coração do espectador durante a cena mais emocionante de toda a série. E também, todos os outros atores conseguem entrar cada vez mais em seus personagens, algo que definitivamente o roteiro faz com maestria. Também temos a apresentação de novos rostos e já conhecidos nos dojos, como Terry Silver e Devon, que prometem ser as próximas estrelas entre os caratecas.

Ainda falando sobre o seu roteiro, ele sabe muito bem escalar a história, e também como imergir e fazer com que todos possam entrar nesse mundo. A direção também soube como executar essa escrita em uma simbiose perfeita, seja nos timings das piadas, nos momentos de maior impacto, é feita de forma magistral. Mas infelizmente, existem momentos em que ele se perde e foca em tramas secundárias que se podem resolver em apenas um episódio, só que acabam indo até o fim da temporada.

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Em relações técnicas, isso é onde a série mais se perde. Sua fotografia ainda parece algo muito cru, pouco trabalho; seu uso de câmera é extremamente simples, e apenas em momentos de luta parece que realmente tem uma atenção maior nesse quesito. Para pessoas que focam nessa parte, podem se sentir incomodadas vendo a série (que tem esse erro continuamente). Seu CGI também é simplório, como efeitos ao dirigir onde é notável uma diferença nas janelas, um sentimento de que parece não ter renderizado direito.

Já em sua cenografia e figurinos, a série entrega em cheio como se fossem personagens, ele consegue adicionar personalidade através das roupas, e também mostrar que os lugares onde os personagens frequentam dizem muito sobre quem são. E para finalizar as partes técnicas, sua trilha-sonora é um ponto incrível, extremamente bem utilizada e coerente com o que a série se propõe.

How Cobra Kai Season 4 Will Reinvent Karate Kid 3 Villain Terry Silver

 E com tudo isso, é inegável dizer que Cobra Kai é viciante, cada capítulo te faz querer ver mais e mais, sempre prendendo a atenção em cada parte dos episódios e fazendo com que a história se torne uma completa e entusiasmada atração única. Com o fim de sua temporada, também temos claramente que eles não têm medo de ousar, logo que, o gancho para o futuro é diferente de literalmente qualquer coisa já apresentada aqui. Dos personagens que amamos há tempos, e novos que conseguem deixar uma intriga, é um deleite para qualquer fã. E também, a série consegue mais uma vez trazer críticas sucintas diante de assuntos “modernos”, ao maior estilo vergonha alheia de The Office possível, mostrando como o pensamento antiquado e ultrapassado só serve como deboche.

E uma menção honrosa deve ser feita para a dublagem, que fez um trabalho impecável, e deu uma personalidade mais singular para as personagens, como Lawrence, que se conecta muito com o dialeto brasileiro.

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Cobra Kai mostra que conhece como ninguém sua origem, que sabe como cativar o público, e sempre ser aquela série que deixa qualquer um empolgado e completamente obcecado com esse universo. Seu futuro será glorioso, e assim como a canção, ela é a melhor a sua volta. Nada jamais irá abatê-lo.

Nota: 4/5 – OURO

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Tela Quente

King’s Man: A Origem diverte, mas não cativa

Em 2014, Matthew Vaughn dirigiu Kingsman: Serviço Secreto – o primeiro longa de uma futura franquia que, na época, aparentava ser promissora. Baseado no quadrinho de Mark Millar e de Dave Gibbons, o filme apresentava uma trama simples mas conseguia cativar o telespectador por conta de suas cenas de ação bem executadas, principalmente a consagrada ”cena da igreja”, onde Harry Hart (icônico personagem de Colin Firth) luta contra todos que estavam lá em um incrível plano sequência.

Infelizmente em 2017, sua sequência intitulada de Kingsman: O Círculo Dourado já não apresentava as mesmas qualidades que o primeiro – não só pela sua trama simples como também pelas inúmeras escolhas péssimas que tomaram durante a mesma. Sendo bem sincero, o único lado positivo da sequência é a participação de Elton John e sua cena de ação. O resto é facilmente dispensável.

Elton John em ‘Kingsman: O Círculo Dourado’.

Finalmente agora, em 2022, e após inúmeros adiantamentos por conta de refilmagens ou pelo próprio cenário da pandemia, será lançado aos cinemas no dia 6 deste mês King’s Man: A Origem. Prometendo ser um filme que mostra a origem da agência de espionagem, o longa utiliza como pretexto o cenário histórico da primeira guerra mundial e falha miseravelmente em tentar estabelecer conexões entre ambos através de um roteiro raso, cenas de ação medíocres e elementos que não colaboram durante a execução do filme.

Na trama acompanhamos o Duque de Oxford (Ralph Fiennes), um homem que se envolvia diretamente nas guerras, entretanto, após uma tragédia familiar ocorrer, decide virar pacifista e agir apenas de forma política. Quando a primeira guerra mundial começa a eclodir, o protagonista entra em conflito com seu dilema e, junto com seu filho (Harris Dickinson) e seus assistentes, Polly e Shola (Gemma Arterton e Djimon Hounsou), decide investigar quem é o misterioso vilão que está manipulando as figuras históricas neste cenário da guerra.

Ao utilizar toda a história da primeira guerra mundial como background para construir sua trama, o diretor brinca com certos elementos e tenta encaixar o protagonista e seus coadjuvantes no enredo. Entretanto, o cenário histórico se torna mais interessante e a criação da Kingsman em si acaba sendo esquecida tanto pelo público. Ou seja, o cenário diverte bem mais do que o argumento principal. É uma trama fraca, extremamente mal desenvolvida e esquecível.

Quando escrevi a introdução mencionando os dois primeiros filmes da franquia, foi fácil lembrar de certos elementos deles. Afinal, o primeiro tem o plano sequência da igreja e, o segundo, tem a participação de Elton John que é extremamente cômica e divertida. Entretanto, essa prequel não apresenta nenhum detalhe memorável ou que cative o telespectador – por mais que a trama simples divirta, mesmo que de forma mínima, por se passar em um cenário histórico e utilizar inúmeros elementos políticos no seu desenvolvimento, falha em cativar o telespectador.

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A maior decepção, neste caso, e ver que a história tinha potencial de se tornar algo razoavelmente bom e falha por não saber como continuar. Além disso, os personagens são totalmente esquecíveis e até mesmo o vilão é ofuscado por um coadjuvante. Neste caso, Rasputin (Rhys Ifans) aparece de forma extremamente caricata e cômica em poucos minutos de longa e rouba totalmente a cena do vilão principal.

Todo o misticismo criado em torno de Rasputin o transforma numa ameaça real dentro do cenário geopolítico da trama. Enquanto isso, o diretor tenta potencializar a ameaça do vilão principal através de diferentes planos que ocultam seu rosto durante todo o filme, até que sua identidade é revelada no terceiro ato. E isso não altera em nada o decorrer do filme, afinal, já era um plot previsível e este apresenta uma resolução extremamente medíocre. Ou seja, um vilão secundário e extremamente mal aproveitado consegue ser melhor do que o antagonista que, supostamente, deveria ser a grande ameaça do longa.

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O título ainda tenta introduzir cenas de ação memoráveis diante do contexto, mas não consegue. Enquanto os anteriores apresentavam boas coreografias de luta e bons efeitos especiais, aqui nota-se que a coreografia perdeu sua qualidade e muitas vezes percebemos o fundo verde e o cgi, de forma tão gritante que estraga um pouco a experiência.

Enfim, o filme não é de todo ruim mas pode ser resumido como um longa de ação genérico que cai no esquecimento assim que você sai do cinema. É extremamente esquecível e desperdiça todo o potencial que tinha em uma trama simples, que não sabe estabelecer o seu objetivo e com personagens que não cativam o telespectador. Por fim, o longa ainda tenta formular uma sequência através de uma cena pós-crédito que, ao meu ver, foi introduzida de forma extremamente forçada.

Então, é bom?

King’s Man: A Origem diverte de forma mínima o telespectador mas não o cativa. O longa sofre com uma história extremamente rasa e previsível de forma que o elenco recheado de atores excelentes seja desperdiçado em um filme repleto de personagens fracos e de falhas técnicas em sua exibição.

Ao menos, nota-se que o trabalho utilizando o cenário histórico do período da primeira guerra mundial tenta trazer uma abordagem diferente com o objetivo de fazer algo interessante – entretanto, falha. Infelizmente, King’s Man: A Origem desperdiça todo o potencial que este filme tinha em ser bom e deixa o futuro da franquia no cinema nebuloso.

Nota: 2.5/5