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Army of Thieves encontra o equilíbrio virtuoso entre único e familiar

Após o sucesso estrondoso do filme dirigido por Zack Snyder, ‘Army of the Dead’ (Clique aqui para conferir nossa crítica do filme), esse novo universo tende a se estender mais ainda mostrando o passado do amado personagem do longa original, Ludwig Dieter (Matthias Schweighöfer). Enquanto o mundo estava passando pelo surto dos zumbis em Las Vegas, a atenção foi completamente roubada, e então uma misteriosa mulher decide contatar Ludwig para um dos maiores assaltos já vistos na história, nos cofres mais lendários já feitos, e que são a paixão do protagonista, e que conectam ambos os filmes.

Sua história tem seus pontos singulares, como a trama com zumbis, o conto por trás de cada cofre, personagens originais, mas em um todo: Não é revolucionário no meio de filmes de assalto a bancos, e não há problema nenhum nisso, pois seu charme não está em se diferenciar nisso: Está em como isso é criado. A construção da identidade aqui é algo que é feito com maestria, e que definitivamente, não teria o mesmo impacto se não fosse pela direção e roteiro.

Quem dirige o longa é o próprio protagonista, Matthias Schweighöfer, e seu roteiro é feito por Shay Hatten (John Wick: Parabellum)  e Zack Snyder. O fator de seu personagem ser a pessoa por trás de tudo isso só torna mais fácil a imersão e o entendimento da história, logo que, tudo aqui é visto através do contar do próprio Dieter. E como o seu início de carreira em filmes norte-americanos, sua direção apenas foi explorada em uma série e poucos filmes estrangeiros, pode se dizer que Matthias tem um futuro extremamente promissor; apesar de não ser perfeita e em poucos momentos cometer certos deslizes (alguns até por culpa da edição em si), a atenção ao detalhe e o ritmo se alcança de maneira esplêndida. O seu excelente roteiro também é um grande auxílio, a criação das personagens, cenas, interações foi fundamental para que a direção capturasse a verdadeira essência do que estava sendo proposto aqui. Cenas mais tensas, mais cômicas (que, sem dúvidas, é o suprassumo do longa) e o desenvolver de tudo, é magnifico. Em alguns momentos é possível ver uma influência de Zack na direção, e pode acabar tirando foco da marca de Schweighöfer, mas também auxilia para que seja feito com uma mão mais experiente – é uma faca de dois gumes.

E falando sobre os atores, a composição de tudo, desde química até background, tudo é muito encaixado e diverso para que funcione de fato. A escolha de ter cada um com uma nacionalidade cria uma identidade e diferencia de outros estereótipos do gênero. Consequentemente, alguns tem mais destaque que outros, mas mesmo assim, tudo tem sua belíssima funcionalidade. O único fator ruim no elenco, foi seu ‘vilão’, Delacroix (Jonathan Cohen), que é extremamente caricato e pouquíssimo interessante. Por mais que tenhamos mais de um, como Beatrix (Noemie Nakai), entrega algo muito mais interessante, mas pouco focada. Também temos uma cena envolvendo crianças supostamente ‘brasileiras’ que ficou no mínimo esdrúxulo, por mais que tenha sido uma cena divertida.

Em seus pontos técnicos, não há o que falar sem ser elogios. Sua trilha-sonora é composta por Hans Zimmer, e somente por esse nome já se cria uma expectativa enorme, mesmo não sendo seu maior trabalho, não desaponta nem por um segundo. Sua fotografia é incrivelmente bem executada, e também chega a se lembrar o trabalho de Snyder, que é exemplar. Mas sua maior graça está no trabalho sonoro, que é muito bem detalhado, mas poderia ter sido mais explorado, de certa maneira. Vale também pontuar o ótimo uso da cenografia e locais, assim como de um trabalho de figurinos incríveis, e que sabem se imergir bem com a trama. O seu CGI é muito satisfatório, principalmente em cenas onde os cofres são abertos.

Army of Thieves é um filme divertido, que consegue entregar diversão e certos momentos de tensão (por mais que, tenha seu final meio “estragado” para quem já assistiu Army of the Dead”), pode decepcionar quem busca algo mais sério. Definitivamente, é um ótimo filme para o início da carreira de Matthias, e que consolida mais ainda o universo que Zack Snyder está criando com tanta atenção e dedicação.

Nota: 4/5 – Ouro

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Sobre o Autor

Eduardo Kuntz Fazolin

"I dwell in Possibility" -Emily Dickinson

Graduado em Produção Audiovisual pela FAPCOM, amante de música estranha e gosto controverso para video-games. Meu amor em escrever sobre tudo isso, é o mesmo amor que Kanye sente por Kanye.

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