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Arlequina é uma série animada extremamente promissora

Parece absurdo, mas a Arlequina é o quarto pilar da DC Comics há algum tempo. Palavras de Jim Lee, não minhas. É realmente interessante como uma personagem criada para a TV, conquistou o coração de inúmeros fãs e consequentemente, foi incorporada ao universo das HQs. Entretanto, o gigantesco”BOOM” veio com Os Novos 52 e a emancipação da (ex) namorada do Coringa por Jimmy Palmiotti e Amanda Conner. Em breve, Aves de Rapina e Aquele Longo Subtítulo refletirão essa importante mudança de status nos cinemas, mas até lá, esse papel cabe à série animada dela.

O primeiro e excelente episódio, Till Death Do us Part, é pontuado por bastante violência e linguagem obscena desde os seus primeiros minutos. Não soa forçado, pois há uma organicidade na forma como a direção associa a tonalidade com a personagem. Além de introduzir perfeitamente a sua atmosfera, também o faz com arco dramático da protagonista, extremamente iludida com o Palhaço do Crime. Tão iludida a ponto de crer em um resgate por ele, mesmo aprisionada há um ano no Asilo Arkham.

Arlequina

Enquanto ela crê cegamente nesse Louco Amor, toda a Gotham, principalmente a Hera Venenosa, conhece a verdadeira natureza do relacionamento entre os dois. Utilizar os personagens da cidade como indicadores da obviedade situacional ao público, é uma excelente jogada do roteiro. Ainda melhor, é a forma como Dean Lorey, Justin Halpern e Patrick Schumacker apresentam e desconstroem a ilusão da personagem.

Além disso, o universo construído aqui, repleto de caricaturas de personagens icônicos é simplesmente hilário. Apesar da seriedade do Batman se transformar em piada sempre, há usos mais criativos para outros personagens. Como por exemplo, o comissário Gordon, em sua encarnação mais exagerada e melancólica já testemunhada nas adaptações. O Homem-Calendário e o Charada também se destacam.

“Liga, desliga, desliga e liga. Tudo vive e tudo morre.” – Melhor Gordon

O elenco também é perfeito. A Arlequina de Kaley Cuoco traz um forte senso de ironia e explosão, em contraste com a voz mais debochada, mas amável e acolhedora de Lake Bell como Hera. Enquanto Alan Tudyk como Coringa possui tanta presença quanto o Senhor-Ninguém em Patrulha do Destino. Diedrich Bader faz um bom trabalho como Batman e Christopher Meloni está sensacional como Jim Gordon.

A julgar pelo primeiro episódio, Arlequina é uma série animada extremamente promissora. Além da ótima irreverência violenta e cômica, é a encapsulação perfeita de mais de 20 anos de cânone em 20 minutos. Os designs são ótimos, a animação, fluída e as vozes são um casamento perfeito com os personagens. Caso mantenha a qualidade, pode tornar-se o melhor desenho da DC desde a era Dini e Timm e a melhor produção do DC Universe.

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Sobre o Autor

João Guilherme Fidelis

"Mas sabe de uma coisa ? Sentir raiva é fácil. Sentir ódio é fácil. Querer vingança e guardar rancor é fácil. Sorte sua, e minha que eu não gosto deste caminho. Eu simplesmente acredito que esse não é um caminho" - Superman (Action Comics #775)