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A promessa do divino é uma ilusão em Apóstolo

Escrito por Daniel Estorari

Ultimamente, a Netflix vem apostando todas as suas fichas em produções originais de terror para o seu público. O que mais chama atenção nessa leva de contos sobrenaturais, é que cada história se distancia do restante famigerado ‘arroz com feijão’ de Hollywood, como A Bruxa, para citar um exemplo recente.

São produções que oferecem muito mais do que apenas assustar, mas intimidam a mente do telespectador através de diversos fatores, não ficando apenas nos famosos e preguiçosos jump scares. O Apóstolo se enquadra perfeitamente neste quesito desafiador, e  brinca com o comportamento humano selvagem para aterrorizar quem está assistindo.

Ambientado em 1905, Thomas Richardson é enviado por seu pai para um vilarejo isolado para investigar o suposto sumiço de sua irmã, que crê estar envolvida em uma espécie de culto religioso que alimenta a crença dos habitantes locais. 

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Dan Stevens é quem interpreta o protagonista do longa. Um homem desolado com a vida e que acredita que Deus é tão pecador quanto o Diabo, demonstrando o seu desprezo por ambas  entidades em uma única cena sem cortes e com um diálogos mais filosóficos. Suas unhas sujas, vestimentas emporcalhadas e olhar de desprezo sob os residentes do local demonstra o quão Thomas é um homem caído sob a visão da sociedade.
A atuação de Stevens, assim como a do elenco de apoio (Kristine Frøseth, Lucy Boynton, Michael Sheen, Annes Elwy, Bill Milner e Mark Lewis Jones), convence quem está assistindo de que o drama vivido por todos eles são reais, como se estivessem realmente sofrendo por algo além da ficção. 
O ritmo da produção é lenta mas necessária. Assim como sua história, que  durante o primeiro ato, decide-se focar apenas em temas do cotidiano, O Apósoto crítica ao fanatismo religioso da época. No segundo ato, é quando o sobrenatural começa a dar as caras, dando início a algo muito maior do que apenas uma freira que assombra um convento. Aqui, a fantasia é tratada de maneira mais palpável e menos fantasiosa, um belo de um ponto positivo.
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A fotografia e a trilha sonora fazem o trabalho de causar um certo desconforto para aqueles que estão aproveitando da obra. De um lado, temos um fator importantíssimo que faz o favor de não utilizar luzes artificiais, dando uma sensação convincente a ambientação e ao espectador, que está imerso com os personagens durante os momentos mais tensos da narrativa.
As músicas com altos e perturbadores acordes trabalham de maneira conjunta, para que o público sinta que algo de errado está por vir. O medo, a salvação, depressão e tensão são todos contados a partir de cenas perturbadoras e agonizantes, que usufruem da tortura e do sobrenatural para encerrar o seu ciclo do horror. 
Uma curiosidade: durante os créditos, as imagens de fundo são citações de diferentes versículos da Bíblia, que de certa maneira, são vistos no longa metragem como metáforas para diversas situações.
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Sem sombras de dúvidas, Apóstolo além de ser um filme de terror inteligente. é uma das melhores produções de horror que a Netflix já investiu, e que poderia muito facilmente ser adaptada através de uma série com 13 ou mais episódios.
Espero que tenha gostado, e cuidado com os falsos profetas vestidos em roupas de cordeiros.
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Sobre o Autor

Daniel Estorari

With great powers...