Uma coisa é inegável em toda a história da Marvel Studios, é que todo o universo do Capitão América é um dos melhores, vide que sua trilogia é a melhor de todo MCU. Com Falcão e o Soldado Invernal não foi diferente, a série com seis episódios dirigida por Kari Skogland atinge um novo patamar para o estúdio.
Quando WandaVision, a primeira série da Marvel na Disney+ terminou, foi bombardeada com críticas ao seu roteiro, direção inconstante e uma história muito mal explorada. Surgiu então o medo que a próxima fosse por esse caminho, e felizmente, ela provou fazer justamente o contrário; a qualidade, carinho e dedicação que se tem em cada ponto é de cair o queixo. Começando pela sua direção, que sabe regular muito bem o seu timing, seja com a ação, drama, comédia ou suspense. Se for comparar com algum filme da marca, seria com a de ‘Capitão América 2: O Soldado Invernal‘, o pináculo dos filmes do MCU e dos Irmãos Russo. Cada detalhe sobre o passado, sobre como transmitir o que se passa nos personagens e no mundo ali criado, é muito difícil comparar com outros, por tamanha qualidade.
Seu roteiro também consegue dar uma aula de como se executar com maestria. A forma na qual Malcolm Spellman consegue arquitetar sua escrita de forma tão natural, combina perfeitamente nas mãos de Skogland. As explorações das histórias do Capitão América são adaptadas de forma coesas e que instigam, a criação e redenção de John Walker, a dor de Isaiah Bradley, a motivação de Karli, e a atenção para a adaptação das personagens principais aqui são o puro diamante da casa de ideias. Até mesmo como conseguem reconstruir todo o Barão Zemo para uma versão extremamente fiel a sua persona dos graphics novels e a maior e melhor utilização da Sharon Carter, coisas que foram muito criticadas em ‘Capitão América: Guerra Civil‘, aqui acertam com precisão. Isso é algo que foi totalmente diferente ao Wandavision. Ao invés de criar uma falsa expectativa no público, e ter os dois pés para trás ao pensar em ser ousado e inovador, eles criam um início e fim que se completam com propriedade e com a próximas histórias perfeitamente definidas; diferente de uma série que desconstrói oito episódios em um e cria um final genérico incoerente com seu universo e com milhares de pontas soltas que se perderam do interesse com o tempo. A escrita dessa série é tão bem pensada, que não precisa usar de falsas expectativas para cativar seu público, ela apenas precisa do que já tem; e o que ela tem? O melhor. Também, a forma sútil na qual a série aborda temas mais pesados como racismo e política foram necessários e ditaram o rumo da história. Um dos únicos problemas do roteiro, e por vez da direção, é acabar sendo lento em alguns momentos (especificamente nos episódios um e cinco), e acabam perdendo o ritmo, que se recupera nos momentos finais, mas pode atrapalhar bastante para quem assiste.
Não precisa nem falar sobre seu elenco, Anthony Mackie e Sebastian Stan entregam suas melhores performances e criam uma química ótima, até melhor do que que Sebastian tinha com Chris Evans. Wyatt Russel rouba a cena em muitos momentos, tanto que, sua atuação em um dos maiores momentos de choque da série precisava de uma atuação boa, e ele entregou seu máximo. Daniel Bruhl, Emily VanCamp e Erin Kellyman também não ficam de fora, roubam a cena em todos os momentos em que aparecem.
Uma das coisas que também se destacam são os detalhes técnicos, a fotografia é simplesmente maravilhosa, a Marvel é conhecida por não se importar tanto em seus filmes com isso, mas aqui é outra história; desde o trabalho nas cores até enquadramentos, cria uma estética única para a série. Sua trilha-sonora, cenografia (principalmente em suas cenas em Madripoor) e figurinos são tão bem trabalhos quanto em qualquer outra produção do MCU. Também, sua edição é simples, porém, deleitável.
Com tudo isso, Falcão e o Soldado Invernal é digno de palmas, com acertos tão brilhantes e poucos erros, pode se dizer que essa série é o que a Marvel precisa focar em seu futuro, pois é um dos suprassumos de toda a filmografia do estúdio. Explorar mais suas histórias, sem medo, e entender diferentes estilos de gênero para suas produções é o que cria esperança para um futuro tão brilhante quando foi iniciado aqui.
Nota final: 4.8/5