A linha de quadrinhos da Hanna-Barbera produzida pela DC Comics vai ganhar um novo e polêmico título. A linha que inovou em colocar os personagens clássicos dos desenhos animados criados pela dupla William Hanna e Joseph Barbera em lugares fora dos seus eixos naturais, como a Corrida Maluca em um mundo pós-apocalíptico, Scooby-Doo e sua turma em uma ficção cientifica sobre o fim do mundo e os Flinstones em uma onda mais política, vai trazer o Leão da Montanha com um novo olhar.
Em entrevista ao site HiLoBrow, o escritor Mark Russell falou que seu próximo projeto será uma releitura do personagem, e o classificou como um “dramaturgo gótico gay”, e que a inspiração vem do famoso escritor Tennessee Williams (1911/1983).

“Eu o imagino como a figura trágica de Tennessee Williams”, disse Russell. “É tipo o Dom Pixote. Ele é alguém como William Faulkner, eles estão na Nova York da década de 50, Marlon Brando aparece, Dorothy Parker também. Essas socialites de Nova York daquela época vêm e vão. Estou ansioso para escrever sobre isso”.
Para quem não conhece, Tennessee Williams foi um escritor ganhador de vários prêmios como o Pulitzer de Teatro por A Streetcar Named Desire (Um Bonde Chamado Desejo aqui no Brasil) e Cat on a Hot Tin Roof (Gata em Teto de Zinco Quente aqui no Brasil). E em 1980, três anos antes da sua morte, recebeu do então, presidente dos Estados Unidos, Jimmy Carter, a Medalha Presidencial da Liberdade. Tennessee tinha uma vida muito confusa com históricos de internações em clinicas de reabilitação por causa do excessivo uso de álcool, anfetaminas e barbitúricos. Tennessee teve um relacionamento amoroso com Frank Merlo, quem o autor considerava sua maior inspiração para trabalhar.
O Leão da Montanha estreou em 1959 dentro do The Quick Draw McGraw Show, o cavalo Pepe Legal aqui no Brasil, e mais tarde passou a estrelar seus próprios desenhos animados. É dele bordões eternizados como “Saída pela esquerda” e “Pelas barbas de Netuno”. Homossexualidade do personagem é um assunto que há décadas habita muitas discussões.
“Nos desenhos nunca foi discutido, obviamente, o fato de o personagem ser ou não gay”, falou Russell. “Foram feitos em um momento em que você não podia sequer reconhecer a existência de tal coisa, mas eu acho que é tão obvio. Então é natural apresenta-lo em um contexto onde todo mundo sabe, mas que ainda está fechado. Vamos lidar com a cena cultural da década de 1950, especialmente na Broadway, onde ‘todo mundo é gay’, ou está trabalhando com alguém gay, mas ninguém pode falar sobre isso. É como estar criando uma cultura do silencio”.
A trama vai mostrar o Leão da Montanha sendo arrastado para o Comitê de Atividades Antiamericanas (House UN-American Activities Committee – HUAC). O comitê que investigava suposta deslealdade e atividades subversivas por parte dos cidadões, funcionários públicos e organizações suspeitas de terem ligações comunistas. O comitê foi extinto em 1975.
Uma prévia com oito páginas da história vai ser publicada em Suicide Squad / Banana Splits Annual em março e a HQ deve sair em setembro ou outubro. E os desenhos será de Dale Eaglesham.