Quando a primeira temporada foi lançada em 2013, Rick and Morty não atraiu tanto a atenção do público quanto o esperado, aparentando ser mais um desenho escrachado para adultos do Adult Swim. Porém, com a vinda do seu segundo e terceiro anos em 2015 e, respectivamente, em 2016, a animação ganhou um destaque mais exorbitante no ramo televisivo, graças aos seus episódios que tratavam de vários temas do cotidiano, com um humor ácido recheado de palavões censurados e de personagens cativantes.
De início, não me simpatizei com o seriado graças a sua fanbase chata e irritante, mas, ao ver vários comentários de amigos e conhecidos falando bem do seriado, decidi dar uma chance. Infelizmente ou felizmente, agora faço parte dessa comunidade de fãs que eu tanto criticava.
Rick Sanchez é um dos seres mais inteligentes do universo, que sempre se divertiu viajando por infinitas realidades e por todo o cosmo. Junto ao seu neto Morty, o cientista e o garoto não muito inteligente, embarcam em novas aventuras com o objetivo de se divertir e, se sobrar tempo, aprender alguma coisa com as viagem intergalácticas.

Os criadores Justin Roiland e Dan Harmon criaram o desenho com o objetivo de conceber uma critica ao mundo moderno, exorbitando-se de temas como: política, niilismo (não existência), abusos de poder e até mesmo sexuais, depressão (que ainda será citada nessa coluna ou crítica, como preferir) e fraternidade. Querendo ou não, o telespectador acaba se identificando com os pontos citados, afinal, Rick and Morty pode ser o mais fantasioso possível, mas ainda é realista em seus atos e dizeres.
A existência conjugal dos protagonistas é o ponto alto do seriado, que mesmo com seus dramas individualistas, os personagens acabam compartilhando um pouco de seus sentimentos com o resto dos indivíduos que o cercam. Por exemplo, o casal Beth e Jerry Smith, que vivem um relacionamento conflituoso que reflete nas personalidades dos seus filhos: Morty e Summer. De um lado, temos um garoto com deficit de atenção e com poucos amigos (sem contar o seu avô) e do outro, uma garota mimada e carente que só pensa em fazer compras e ficar o dia inteiro em suas redes sociais. Não é estranho uma briga de pais ser mencionada de maneira recorrente na animação, afinal, nós somos frutos da geração divórcio, tornando-se uma atitude regular dos nossos progenitores se divorciarem ou separarem com frequência.
A perda, fracasso, decepção e carência são problemas comuns em nossas vidas, no fim das contas, ninguém é feliz 100%, pois para haver a felicidade, tem que ter a infelicidade e para o sucesso existir, o fracasso do outro tem como obrigação, coexistir. As pertubações, em alguns casos, são transformadas em depressões, assunto que é relatado quase toda hora em Rick and Morty, seja de maneira escondida e bem humorada ou evidente. Rick Sanchez teve uma filha muito novo, se separando no auge de sua juventude. Isso conseguiu mexer muito com o seu psicológico, em que sua mente o incentivava toda hora a cometer suicídio que, por bem, sempre se ressumia no fracasso do ato. Por coincidência ou não, quase todo dia, é noticiado que mais uma pessoa foi ”vítima” da depressão, ou seja, ela está sim presente em nossas vidas, de maneira direta ou indireta.

Como os universos DC e Marvel, Rick and Morty tem estrutura e capacidade para sustentar um macrocosmo inteiro que, a cada episódio, os capítulos dão vida à diversos sujeitos de várias raças, com poderes, personalidades e competências diferentes, podendo abrir várias oportunidades para futuros spin-offs.
A simpatia da série é sustentada com as suas loucuras, tramas da ”pá-virada” , personagens com traços cativantes e atitudes inesperadas. No fim, é isso que faz o espectador querer mais e mais, acompanhando a história e a jornada até a sua famigerada conclusão, abrindo a porta para varias teorias boas e ruins.
Somando 21 episódios (entre a primeira e segunda temporada), quase nenhum cria uma sensação de desconforto e chatice, pelo contrário, a maioria cativa e abre um sorriso no rosto de seu seguidor a cada piada e desfecho das conjunturas. Porém, alguns posicionamentos sem resposta (mesmo sendo propositais) podem incomodar quem não está acostumado com esse tipo de material. Pode-se dizer o mesmo sobre as suas saídas fáceis, que sempre ficam na cara o que vai acontecer, em que tudo dará certo em seu epílogo, mesmo tendo um raro plot twist em todo o seriado.

Ok, mesmo dando várias e várias voltas em apenas um único texto, você deve estar se perguntando: ”mas o que a crítica tem haver com o seu título?” Ora meu caro leitor, embora Rick and Morty abre as margens para diversas interpretações, é possível você sentar em seu sofá, colocar um episódio e assistir sem preocupação nenhuma em elucidar as suas metáforas e piadas cheias de besteiras. No final, a animação é feita para o público em geral, sendo você um entendedor de ciências ou não, apenas ignore toda a filosofia feita nessa coluna e divirta-se!
Espero que tenha gostado, até a próxima e Wubba Lubba Dub Dub!