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Batman | Tom King aborda tema delicado na origem do herói

Tom King quando assumiu o título do Batman após o Rebirth da DC Comics, já nos brindou com situações que vão de Alfred com o traje do Homem-Morcego, monstros gigantes destruindo Gotham City, armadura viva feita pelo Cara de Barro e o herói já montou o seu próprio Esquadrão Suicida.

ATENÇÃO! ESSA MATÉRIA CONTÉM SPOILERS!

É sobre o novo arco da HQ, que desde o inicio do Rebirth vem figurando entre o top 10 das mais vendidas nos EUA, lembrando que agora a HQ é quinzenal e as duas edições mensais ficam na lista, que King volta a colocar suas ideias na história do Morcego. Sendo que agora pesa na sua origem.

Poderia ser somente mais um adendo na origem do Batman, como muitos que já foram publicados ao longo dos anos, mas King trouxe um peso dramático onde ele revela que o menino Bruce Wayne, logo após testemunhar o assassinato dos pais, tenta o suicídio com a lâmina de barbear de Thomas Wayne. A revelação ocorre na Batman #12 que chegou às bancas essa semana nos EUA.

Batman reuniu um punhado de criminosos, Tigre de Bronze, Pierrô & Colombina, Ventríloco e a Mulher-Gato, para invadir a prisão de Santa Prisca, que é liderada pelo Bane, para resgatar o Pirata Psíquico. O vilão infectou a Gotham Girl e o Morcegão vai atrás da cura. O nome do arco é “I am Suicide”, que até então estava sendo considerado uma analogia ao reunir alguns vilões para uma missão especial. Tipo o Esquadrão Suicida mesmo. Mas nessa edição, King revela a tentativa de suicídio do jovem Bruce.

Nas edições anteriores, Selina Kyle escreve uma carta para Bruce, revelando o que pensa sobre a sua vida criminosa, falando que não existe esperança de redenção por causa dos seus crimes, relatando de como foi transferida para o Asilo Arkham após matar 237 pessoas. Mas Bruce é a história sobre a luta eterna do bem contra o mal. Do garoto rico que fez um voto de passar a vida vestido de morcego combatendo criminosos.

Então, na edição Nº12, Bruce responde essas questões em uma carta para Selina, e no conteúdo dela ele confessa a tentativa de suicídio quando tinha dez anos de idade. Ele descreve como um ato de rendição, ao entender que a “vida não era mais dele”, e que foi nesse momento que fez o seu juramento para combater o crime. A carta se encerra com o herói descrevendo a sua cruzada como escolha de um menino, que decidiu morrer.

 

Tom King ao abordar e incluir um assunto delicado como esse na origem de um personagem tão emblemático e midiático como o Batman (se isso se tornar cânone, é claro) ousa mais uma vez. As pessoas ao redor do mundo lutam contra a depressão que levam ao suicido. Em grande partes os jovens, o último estudo no Brasil, realizado em 2013, acusou que 1% de todas as mortes de crianças e adolescentes do país foram por suicídio, ou seja, 788 casos no total, apesar do número poder parecer baixo representa um aumento expressivo comparado com a década de 80 que tinha índice de 0,2% (Fonte: Nexo). Pessoas com esse tipo de problemas podem ser encorajadas ao ver um dos ícones da cultura pop mundial, que passou pela mesma situação delicada de tentar se matar ao levar a vida com um propósito e um valor forte.

Voltando aos quadrinhos, o que King propõe é que realmente Bruce Wayne não tem mais vida, ser o Batman é uma forma de suicídio. Mas ao invés de tirar a sua vida, ele pretendeu dar outra com uma grandiosa missão e um terrível fardo.  O que explica o nome “I am Suicide”, ele luta para a vida e a alma de Selina. Batman lamenta a perda de Tim Drake (que acredita que tenha morrido), se orgulha de Dick Grayson como um grande herói e sofre com seus fracassos com Jason Todd. Mas Selina ele quer salvar, mesmo que ela não queira e se considere sem salvação.

Como já dito aqui, não sabemos se esse fato realmente vai virar cânone ou não, mas indica que a DC Comics está dando, pelo menos até então, carta branca para o roteirista para fazer o que quiser no personagem. Até agora Tom King tem acertado no tom e as vendas da HQ confirmam isso.

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