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Resenha | Zetman #01

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sci-fi de ação que faltava na sua coleção.

Quando falo que “Zetman” é o sci-fi de ação que faltava em sua coleção, digo isso porque esse mangá merece ser visto com bons olhos, pois ele consegue ser tudo, menos algo previsível, no sentido que ele apresenta uma desconstrução do que seria a clássica “Jornada do Herói” que tanto conhecemos ao ler HQs, livros, ver filmes ou séries.

Primeiramente devo falar sobre o autor Masakaku Katsura, responsável por várias histórias de romance, como o conhecido Vídeo Girl Ai (esse nome, hum sei não, pensam os leigos) que por sinal foi um dos primeiros mangás publicados no Brasil, fazendo uma grande carreira com obras “mais românticas” por assim dizer, como “I’’s”, além de ter feito um mangá de elementos sci-fi, que lembra o estilo tokusatsu, chamado “Yume Senshi – Wingman” (no Brasil: Guerreiro dos Sonhos Wingman).

Mas voltando à Zetman Vol. 01, pois essa sim é a obra suprema do Sr. Katsura, somos apresentados a Jin, que lembra em alguns momentos uma coisa a lá “O enigma de Kaspar Hauser”, pois este não possui uma noção de convenções sociais, e é criado por seu “avô” Goro Kansaki. Mas Jin, além de sua deficiência de cunho social está longe de ser um garoto comum, pois possui uma força descomunal dada supostamente pela associação que há com uma marca de nascença em sua mão. Jin, se aproveitando de suas habilidades, tenta tirar algum trocado na difícil vida de garoto de rua que tem.

029Esse é o Jin!

Só que Zetman está longe de ser uma “história família”. É uma história bonita, tocante, mas família ela não é. Somos apresentados a um mundo cruel e visceral e Jin conhecerá esse mundo da pior maneira possível. E é disso que se trata “Zetman”. Os conceitos levantados na história provocam questionamentos como “o que é ser um héroi?“, e “o que é ser um vilão?“; “o que é justo?” e “justiça tem a ver com lei ou com moral?”. Coisas do tipo.

Se há uma obra que trabalha bem com esses conceitos é este mangá, pois já em seu início é abordada essa questão do que é certo a se fazer, jogando na nossa cara dilemas filosóficos-morais da melhor estirpe, algo característico de todas as obras de Katsura, onde o autor aborda de forma primorosa tais questionamentos.

006Quem é o héroi e quem é o vilão?

Também devo falar da arte dessa obra, que é uma citação a parte, pois merece todos os elogios possíveis, visto que Katsura pode ser considerado sim um dos melhores desenhistas que o Japão possui. Os detalhes de seus cenários, a vivacidade da arte sequencial num combate fazem com que o mangá possa ser considerado, em termos artísticos, o suprassumo do Katsura.

Katsura sempre falou que é grande fã de HQs de super-hérois americanas (Batman principalmente, que até easter egg possui em outra obra). Mas finalizando o que disse, porque Zetman merece ser o sci-fi de ação que faltava na coleção?

Porque é uma história que apresenta ação, questionamentos e trata o seu leitor como uma parte integrante para a sua história, pois coloca você em um mundo caótico, apresenta uma arte sublime e ao mesmo tempo você consegue ver o que há de melhor e o que há de pior no homem.

Aproveitando a deixa, a JBC recentemente começou a publicar Zetman, que é uma obra fechada em 20 volumes, tem formato 12 x 18 cm com papel brite 52g (o habitual da editora JBC). Com páginas coloridas em todas as edições e média de 260 páginas por volume (bem mais do que os mangás possuem geralmente), o preço ficou um pouco salgadinho: R$17,50. A editora frisa que os reajustes são inevitáveis, afinal, a situação econômica do país não é das melhores e tudo tende a subir, ainda mais em um título como este (que não deve ter um contrato muito barato) e todos os seus diferenciais. Que realmente valem a pena.

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