Música Vitrola

Resenha | One More Light – Linkin Park

Escrito por Ricardo Ramos

O ano era 2000 e o consagrado estilo nü-metal estava na posição de perda fôlego, muito por causa das idiotices egomaníacas de Fred Durst no Limp Bizkit ou pelo excesso de drama do Korn em Issues (1999), os seus dois maiores representantes na época. Foi quando o Linkin Park surgiu como uma bomba e sacudiu todo o gênero. Os dois primeiros álbuns Hybrid Theory (2000) e Meteroa (2003), elevaram o grupo a super-estrelas da música mundial com sua saraivada de sucessos e seus clipes exibidos a exaustão na MTV. E deram também a confiança necessária para que os anos seguintes fossem usados para desbravar as fronteiras musicais e buscar novos estilos além da mistura de rock com hip-hop e eletrônico. Que já saturavam àquela altura do campeonato.

Depois de três álbuns buscando crescimento e maturidade musical, Minutes to Midnight (2007), A Thousand Suns (2010) e Living Things (2012) e um que voltava às raízes The Hunting Party (2014), o Linkin Park mais uma vez tenta se reinventar e evoluir, às vezes soando até como um grupo mais pop do que o habitual. O novo trabalho intitulado One More Light, lançado no ultimo dia 19 de maio, traz uma sonoridade algo um tanto pessoal e sincero. Mas ao decorrer das faixas parece faltar um pouco da identidade conquistada pela banda no inicio da carreira.

Temas como política, guerra, desigualdade social e racial são abordados nas letras de One More Light, algumas pessoas vão se identificar com algumas das letras, mas não espere um disco para pular e bater cabeça. Ele é para se ouvir relaxado e tranquilo.

O primeiro single divulgado foi “Heavy” gravada em parceria com a cantora Kiiara, uma levada meio pop meloso com direito a refrão grudento que pega na cabeça. Confesso que quando ouvi pela primeira vez fiquei esperando entrar os riffs de guitarras e esperei em vão. Penso eu que os saudosistas seguidores do Linkin Park não tenham curtido muito não.

O clima meio pop continua em “Good Goodbye”, “Battle Symphony” e “Invisible”. Ouvindo as faixas eu fiquei imaginando a pessoa que tem de lembrança a banda nos tempos de “In the End” escutando essas músicas. Obviamente tudo muda, para melhor ou para pior. Depende do que a pessoa quer ouvir e/ou gosta de ouvir. Mas o bacana é sentir que temos uma evolução, um passo adiante na carreira da banda. Pois o disco não é mal trabalhado, e as canções não são feias, mas faltou a identidade dos caras nesse trabalho.

“Talking To Myself” dá uma agitada no disco com suas guitarras unificadas e sua percussão. “Sharp Edges” tem uma levada harmônica graças ao piano e um toque extrovertido por causa do violão. uma batida eletrônica bem leve no fundo acompanha o ritmo. O piano também dá o ar da graça na diferente “Halfway Right”.

Vale resaltar que Chester Bennington e os programadores Mike Shinoda e Joe Hahn fazem um bom trabalho e são os destaques do One More Light. Apesar de não ser aquele Chester de antigamente, o que é normal, a voz se desgasta com o tempo e as vezes não é necessário berrar sempre. Agora o resto da banda praticamente passa despercebida no trabalho.

No conjunto da obra, One More Light, não é um disco ruim, e sim estranho. Mas é estranho para a carreira do Linkin Park. O problema não é tentar algo novo. Não é arriscar nos campos do pop, do eletrônico, ou aonde for. O grande X da questão é que em muitos momentos (momentos demais até) não lembra o Linkin Park de outrora. A identidade da banda ficou perdida em algum lugar, só resta agora que o novo trabalho seja o principio para reencontra-la.

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Sobre o Autor

Ricardo Ramos

Gibizeiro, escritor, jogador de games, cervejeiro, rockêro e pai da Melissa.

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