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Oxigênio e a atmosfera rarefeita em sua composição

Escrito por Thaís Morgado

Oxigênio é o novo filme francês da Netflix dirigido e produzido por Alexandre Aja (Viagem maldita, Predadores assassinos) e estrelado por Mélanie Laurent (Bastardos inglórios, Truque de mestre). Nesta ficção científica, uma mulher desperta dentro de uma câmara criogênica sem lembrar de quem é, onde está ou porque está ali, enquanto o oxigênio disponível vai se esgotando. Em uma luta claustrofóbica a protagonista (Liz) precisa resolver o enigma que garantirá sua sobrevivência.

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O filme começa com uma perspectiva pra lá de incômoda, sem se preocupar em preparar o espectador, o que é bom, pois cativar a atenção nos primeiros 15 minutos é fundamental em um enredo assim. Quanto mais minutos se passam, mais complexo e intrigante fica a história, e a cada chute que você dá sobre o que vem a seguir, mais você se surpreende. A narrativa não é nada previsível e é de pasmar a cada revelação -muitas delas arrepiantes. O oxigênio se esgota cada vez mais ao passo que sentimos precisar de mais e mais respostas, enquanto descobrimos o percurso da protagonista Liz junto da mesma, quase como coadjuvantes.

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Não há o que reclamar da atuação de Mélanie Laurent aqui: a atriz consegue espelhar precisamente todas as emoções possíveis naquele contexto, mas sem exageros ou falta de comoção. Passamos juntos com a protagonista por vários tipos de sensações, como medo, aflição, dúvida, desespero e até as partes mais filosóficas acerca da personagem e sua história. O fato de ser reduzida a um pequeno espaço durante quase todo o longa foi também um grande agente que pôs ainda mais em evidência o talento de Mélanie. 

Os cortes de cenas funcionam de várias formas, todas elas dinâmicas e criativas, assim como os ângulos e jogos de câmera engenhosos. Mesmo com uma uma área limitada de cenário, tudo ali foi aproveitado de uma maneira eficiente, garantindo nossa imersão naquele ambiente apavorante e transpassando a agonia daquela esfera. Tudo fruto de uma boa direção, porém com um roteiro que possui suas falhas. As cores escolhidas também são um ponto positivo, sendo as principais vermelho e azul, o que contribui para a apreensão visual, assim como sua bela fotografia.

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O longa pode não ser inteiramente de suspense, visto que foca também na história da protagonista e as explicações da trama em si, mas isso não significa que em muitas cenas não entregou o que prometeu, como a tensão, que poderia ter sido um pouco mais aproveitada, ainda que se tenha feito presente. Vale dizer que as descobertas desse quebra-cabeça é o que realmente instaura a apreensão, além de toda a profundidade filosófica do cenário. No entanto, parece que no final toda a questão é resolvida com só um pouco de esforço de Liz, e toda a sua existência, que seria a parte mais significativa, é mal aprofundada na conclusão, o que deixa uma sensação de insatisfação por parecer que toda a história foi bem desenvolvida mas o final não, como se toda a luta pelo oxigênio tivesse sido em vão dada a facilidade com que as coisas se sucederam.

Oxigênio é um filme que vale a pena assistir e que surpreende por sua ideia bem arquitetada, mesmo que deslize mais para o final. O que parece ser pequeno e simples por sua premissa surpreende por seu arcabouço bastante interessante.

Nota: Ouro

 

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Thaís Morgado