Circundado de polêmicas desde seu início, Caça Fantasmas e o diretor Paul Feig trazem uma inovação muito importante no cinema, que é um elenco com um porcentual enorme de mulheres. Melissa McCarthy, Kate McKinnon, Kristen Wiig e Leslie Jones foram as escolhidas para serem as novas caça fantasmas, equipe que era formada por Bill Murray, Dan Aykroyd, Harold Ramis e Ernie Hudson na década de 80.
Nada tem cara de reboot e nem de continuação. Tudo parece uma grande homenagem e um pacote cheio de surpresas para os fãs mais antigos da franquia. Primeiramente pelas participações especiais dos atores e atrizes dos filmes anteriores, excluindo Harold Ramis, que faleceu em 2014, e Rick Moranis, que recusou a proposta. As participações não são usadas só como fan-service, pois todos tendem a participar um pouco da história. Outra coisa que é bem nítida, é a presença de ritmo e equilíbrio entre humor e ação. Como em 84 e 89, Caça Fantasmas tem vantagens pelo CGI ter evoluido muito de lá pra cá, mas ainda aposta muito nas piadinhas prontas e clichês que sempre funcionaram. O tema musical original, Who Ya Gonna Call, não podia ficar de fora e é colocado nos momentos certos.
Não há muita inovação, além dos efeitos extravagantes. A batalha final em Nova York é fantástica, muitas explosões, fantasmas bem feitos e armas que atiram freneticamente sem parar. Referências são jogadas na sua cara o tempo inteiro, prédio da Dana Barrett (Sigourney Weaver) e o marshmallow gigante são algumas delas. O antagonista principal, interpretado por Neil Casey, decide possuir o corpo do ‘’fantasminha’’ da logo das caça fantasmas em um formato gigantesco, que chega a dar brilho nos olhos.
Há muitas discussões de lutas de gênero na internet atualmente. E o longa traz para dentro do cinema. Paul Feig não insiste em discutir a igualdade a todo momento, mas dá pra perceber reais mudanças cinematográficas. As quatro protagonistas tem certas particularidades que sempre o homem recebia nas histórias, uma é engenheira e que sabe tudo sobre tecnologia, uma conhece toda Nova York, e as outras duas são extremamente inteligentes e que lançaram um livro que teve êxito nas vendas.
Caça Fantasmas é o ‘’terceiro Caça Fantasmas’’ que muita gente estava esperando. Respeitando seus antecessores, faz jus ao seu título. E se tiver algo estranho em sua vizinhança… Para quem você vai ligar?!
Batman: A Piada Mortal, a adaptação animada recém lançada do clássico de Alan Moore de mesmo nome tem gerado muita polêmica desde a sua estreia. Tudo por causa de uma cena de alguns segundos. Bom, antes de mais nada, à partir deste ponto teremos alguns SPOILERS. Você pode adquirir a Graphic Novelaqui e a adaptação animada em DVD aqui. Agora, esteja por sua conta em risco!
A história original, escrita pelo bruxo Alan Moore e desenhada por Brian Bolland, mostra como o Coringa tenta provar que uma pessoa só precisa de um dia ruim para enlouquecer e se tornar alguém como ele. É definitivamente um clássico das histórias em quadrinhos, que marcou época e a mitologia do Morcego para sempre.
“Batman: A Piada Mortal” (1988)
A animação, com roteiro de Brian Azzarello e direção de Sam Liu, conta com um prólogo de aproximadamente 30 minutos, que serve para dar mais corpo a trama, já que a história original é muito curta para sustentar um longa de 1 hora e meia. Ela também nos apresenta bem superficialmente a relação entre Batman e Batgirl (Barbara Gordon) e os motivos deles não poderem ter um envolvimento afetivo maior.
A POLÊMICA
A polêmica toda pode ser resumida em apenas um gif de poucos segundos. Eles transam no topo de um prédio após uma calorosa discussão. Barbara aparentemente sentia mais que apenas uma admiração por seu parceiro de combate ao crime.
Em algumas mídias e principalmente nos quadrinhos, a relação de Bruce Wayne com seus pupilos é algo paternal, e já rendeu muitos momentos memoráveis, daqueles que fazem qualquer guerreiro viking suar pelos olhos. Ver uma cena dessas choca qualquer um que está acostumado apenas com aquela linha de relacionamento de pai e filhos.
Bruce Wayne adotando no papel um de seus pupilos, Tim Drake, em “Batman: Cara a Cara”.
Mas de onde Brian Azzarello tirou que Barbara Gordon é apaixonada por seu mentor? A resposta é simples: Bruce Timm. Em meados de 1999, estreava a série Batman Beyond (Batman do Futuro aqui no Brasil) pela Warner Channel. A série rendeu 52 episódios divididos em 3 temporadas e um longa animado, além de alguns crossovers com outros desenhos da época como Projeto Zeta e Super Choque.
Em um dos episódios, a ex-Batgirl e agora atual Comissária de Polícia de Gotham City, Barbara Gordon, relembra sua juventude e o que acontecera para a Batfamília se separar definitivamente.
“Um Toque de Curare” Batman do Futuro
Dick Grayson seguiu sua vida como Asa Noturna longe da sombra de Gotham, e Barbara ficou ao lado de Bruce. A série foi cancelada, e alguns anos depois ganhou sua continuação, mas desta vez em quadrinhos. Na edição #28 de Batman Beyond 2.0 temos mais uma revelação bombástica daquele passado nebuloso:
Batman Beyond 2.0 #28
Bruce e Barbara não só tiveram um caso, como ela acabou engravidando dele no meio tempo em que Grayson voltava para os Titãs em Blüdhaven. Tecnicamente, não foi uma traição, eles estavam separados. Após reatarem, Dick pretendia pedir Barbara em casamento, mas notícia culminou com a separação nada amigável da ex-dupla dinâmica. Barbara acabou perdendo o bebê com apenas algumas semanas de gestação. É, o Timmverso é realmente trágico.
Batman Beyond 2.0 #28
Em outra animação do mesmo universo fica até mais evidente.
“Batman – O Mistério da Mulher Morcego” (2003)
Para encerrar, independente de sua avaliação sobre a animação, devemos abrir nossas mentes para os diversos conceitos do Multiverso da DC Comics, no qual conta com uma gama de versões diferentes de personagens, com diferentes interpretações.
Em minha opinião, Azzarello pesou a mão ao resumir a relação dos dois em apenas sexo. Poderiam ter trabalhado melhor nisso, afinal, experiência não falta em escrever títulos com mulheres fortes como a Mulher Maravilha e Carrie Kelley em Cavaleiro das Trevas 3: A Raça Superior.
Totalmente Badass!
A personagem tem uma mitologia riquíssima, e vale a pena conhecer um pouco mais sobre ela aqui neste Guia de Leitura. Espero que tenha gostado e até a próxima!
Dois Caras Legais, dirigido pelo ‘’iniciante’’ Shane Black, tem uma premissa bem simplória. A todo momento tenta sair do óbvio com um humor afiado, boas cenas de ação e uma reviravolta inesperada.
A história se passa nos anos 70, quando a filha da Chefe do Departamento de Justiça desaparece. O desaparecimento está relacionado com mafiosos e criminosos de Hollywood. Inesperadamente, Jackson Healy (Russell Crowe) e Holland March (Ryan Gosling) percebem que estavam trabalhando no mesmo caso há algum tempo. A dupla veterana no cinema, Crowe e Gosling, é excelente. A dinâmica entre eles é boa, as cenas cômicas funcionam quase toda vez, e ambos tem tempo suficiente na telona. A filha de Holland, interpretada por Angourie Rice, é bem razoável, já que o filme tenta explorar muito a fundo a personagem, e não funciona…
Quando digo que Shane Black é ‘’iniciante’’, estou com o pensamento direcionado a direção, onde Black não está muito habituado. Este que dirigiu apenas um filme em sua carreira, que foi Beijos e Tiros, de 2005. Contudo, parecia que ele já tivera dirigido uns 10 filmes, pois a direção é primorosa. Além dos planos de câmera utilizados de forma inteligente, a adaptação para os anos 70 é a melhor coisa do longa. Referências a Earth, Wind & Fire, grupo musical que estava fazendo grande sucesso na época, e famosos de 70. Todo o figurino, os carros e até mesmo as armas se adequam ao período.
Roteiro simples, mas que em nenhum momento passou a ser bobo, pois toda a justificativa é coerente. A questão é que do 1º ato ao 2º, estava faltando alguma coisa, nada convencia o público. É aí que a obra sai do óbvio e cria uma reviravolta. Tendo um 3º ato fantástico com cenas de ação, que remetem a séries e filmes policiais antigos, e um humor inocente, mas muito bem feito.
Surpreendente, frenético, simples, divertido e engraçado, Dois Caras Legais é a comédia que o público estava precisando há um bom tempo. Chega de comédias escrachadas e sem graças.
Enquanto outras animações apostam nas mensagens que querem passar ao público jovem e adulto, A Era do Gelo: O Big Bang continua explorando seu lado cômico usado nos quatro filmes da franquia. Isso dá certo, e apesar de ser um prato cheio de diversão, o quinto filme mostra uma narrativa bem desgastada.
Tanto os diretores Galen T. Chu e Mike Thurmeier, e o roteirista Yoni Brenner, decidiram ficar na zona de conforto. Não há muitas inovações na trama. O lema familiar do protagonista mamute Manny está presente de novo desde o regular A Era do Gelo 3. O ‘’ex-alívio cômico’’ Sid continua sendo explorado, mas não tem mais graça, e Diego teve momentos melhores.
A história em si parece muito similar as anteriores. Não há tanta expectativa para os acontecimentos. As cenas mais ‘’dramáticas’’ são completamente desnecessárias, ninguém se comove ou se importa. Tanto para elas, quanto para as cenas de ação, que são bem falhas e novamente, nada inovadoras.
Contudo, há novos personagens, e estes sim conseguem recarregar a trama em certo momentos. Julian, namorado de Amora, filha do Manny, é divertido e se encaixa no contexto. A avó do bicho-preguiça Sid funcionou bem no péssimo A Era do Gelo 4, e continua arrancando boas risadas neste filme. Mas a surpresa realmente é Buck, que foi introduzido no terceiro filme e que volta para este com uma reintrodução espetacular.
Com o roteiro girando todo em volta das ações de Scrat tentando resgatar sua noz, era de se esperar um fim digno para ele, mas nada acontece. O personagem é uma marca da franquia e foi muito bem utilizado nos quatro filmes, neste, nem tanto. Scrat tem boas cenas humoradas, mas não se conecta com o público como antes, sendo bem forçado em algumas horas.
O entretenimento é garantido. A Blue Sky e a Fox poderiam dar um ponto final em A Era do Gelo e encerrarem a franquia com um saldo positivo.
Porta dos Fundos: Contrato Vitalício é a primeira empreitada do famoso grupo do Youtube no cinema. A adaptação para um meio tão diferente a qual eles estão habituados é bem complicada. Contudo, o protagonista e roteirista Fábio Porchat e o diretor Ian SBF já trabalharam juntos na tragicomédia Entre Abelhas, de 2015. Alguns outros atores, como Antonio Tabet e Gregório Duvivier também participaram de alguns longas. Tendo estes em seu elenco, em sua produção e na sua direção, Contrato Vitalício se desenvolve com uma história ruim e incoerente, conduzida com o humor da internet.
Rodrigo (Porchat) e Miguel (Duvivier) são grandes amigos e colegas de trabalho. Tudo inicia quando, após receberem o Cannes de ‘’Melhor Filme’’, estes assinam um ‘’Contrato Vitalício’’, que obriga ambos trabalharem juntos para sempre. No final da noite, Miguel some inesperadamente e reaparece após dez anos no mesmo hotel. Chamando Rodrigo para atuar em seu próximo projeto, que contará a sua vida nos últimos anos no centro da terra com uma sociedade alienígena. Essa é a justificativa para tudo acontecer ao longo da história. Uma abdução alienígena que acabou completamente com o roteiro do Porta, que poderia ter sido melhor pensado e planejado.
Era de se esperar algo muito mais engraçado do que foi apresentado. Tudo não passa de um beisterol e que desrespeita o humor inteligente que poderiam utilizar. Outra coisa que se pode notar, é a presença fortíssima da fonte que são os vídeos. Parecendo várias sketches juntas até formarem mais de duas horas de duração.
Apesar de vários problemas, há pontos positivos. A direção do Ian SBF é bem competente, tudo ali é bem feito e cuidadosamente pensado. O movimento das câmeras em certos momentos é muito bom, e a edição tenta ousar mais do que outros filmes brasileiros. Todos se mostram preocupados em somar ao cinema nacional.
Sendo uma comédia mais escrachada e que o tempo todo brinca com coisas e assuntos da atualidade, algumas cenas são bem engraçadas. A dupla constituída por Rafael Portugal e Júlia Rabello está espetacular. Em quase todos os momentos eles provocam algumas risadas no público. Tabet, um veterano do Porta dos Fundos, também é bem aproveitado como um ‘’detetive particular’’. As participações especiais de Marília Gabriela, Sérgio Mallandro, Naldo Benny e da dupla do Jovem Nerd, são pontuais e divertidas.
A primeira tentativa do grupo não deu muito certo ao meu ver. Entretanto, devem continuar nessa empreitada, pois dá para perceber muito potencial e criatividade escondidos na telona.
Procurando Nemo (2003) é uma obra cinematográfica excelente, que revolucionou as animações da sua época. A necessidade de uma continuação era zero, mas mesmo assim a Pixar retorna com a sua franquia premiada em um segundo filme, intitulado: Procurando Dory. Este que agora mostra a trajetória de Dory, a peixinha que tem perda de memória recente, a encontrar os seus pais. Era de se esperar um filme bem irregular comparado com o seu antecessor, mas a história é diferente dessa vez. O novo longa consegue trazer muitas novidades e algumas inovações, entretendo bem o público e cumprindo o seu desafio.
O roteiro é similar ao de Procurando Nemo. Algo interessante a ser comentado é o ‘’salto’’ cronológico de um filme para o outro, que é de apenas um ano, o que torna o entendimento muito mais fácil. A coisa mais legal é trazer os personagens secundários mais antigos de volta para as telonas, conseguindo transmitir momentos de nostalgia pura. Porém, as participações são bem pequenas, já que há novos personagens que requerem um pouco mais de atenção. Todos, sem exceção, são carismáticos e que funcionam em seus papéis muito bem. Alguns ficarão na cabeça por um tempo…
Há alguns problemas, entretanto. Todo o ritmo é confuso com os seus altos e baixos. Nos dois filmes é bem presente a mistura de humor e drama, mas Procurando Dory não conseguiu achar um equílibrio entre os dois, virando uma confusão em certos momentos. Em seu terceiro ato, a inovação que estava sendo apresentada desaparece, e o desfecho parece algo meio corrido e mal pensado por parte dos roteiristas Andrew Stanton, Bob Peterson e Victoria Strouse.
No final, o saldo é bem positivo e te deixa com uma sensação bacana de rever todo aquele ambiente outra vez. Engraçado e dramático ao mesmo tempo, Procurando Dory acerta a mão e deixa os fãs, novos e velhos com um sorriso no rosto. Um prato cheio para quem busca uma boa animação.
Parceria entre Adam Sandler e Netflix acaba de render mais um filme de comédia, intitulado: Zerando a Vida. A premissa apresenta Rick, um “policial” que reencontra um grande amigo de infância, Charlie (David Spade), com uma vida infeliz. Vendo a situação do colega, Rick decide armar suas mortes para começarem uma nova jornada juntos.
O começo é animado e promissor. A trilha é composta por músicas bem animadas e conhecidas, então ela se salva no meio da confusão. Há uma mistura de ação e comédia bem presente, tudo é muito frenético e muita coisa acontece ao mesmo tempo atrapalhando o desenvolvimento da narrativa.
Faz tempo que Sandler não faz bons trabalhos, Pixels (2015) e The Ridiculous 6 (2015) são alguns exemplos que obtiveram resultados negativos da imprensa e do público. E pode-se dizer que ele não acertou novamente. Como todos os seus filmes, sempre tem cenas que o espectador dá uma gargalhada e esse não é diferente. Tirando isso, todo o resto é fraco.
Zerando a Vida segue o estilo de O Âncora, de 2004, e outros filmes de humor negro. A história parece linear até que acontece uma reviravolta muito ridícula prejudicando tudo o que havia sido feito. Além de Sandler, David Spender faz um bom personagem e tem um estilo diferenciado de atuação. Paula Patton, que agora está estrelando Warcraft (2016), é completamente inútil o filme inteiro, sem ter uma fala ou alguma ação relevante. Para quem curte um besteirol, isso é uma prato cheio.
Netflix está virando sinônimo de balança, enquanto produz séries excelentes, produz longas bem fracos. Não se sabe se The Ridiculous 6 e Zerando a Vida serviram de alguma forma como uma lição para a produção ser mais atenciosa com os trabalhos de Adam Sandler. Pois este é um ponto fora da curva.
Truque de Mestre – O 2º Ato impressiona como o seu antecessor, mas não traz nada de inovador. Daniel Atlas (Jesse Eisenberg), Merritt McKinney (Woody Harrelson), Jack Wilder (Dave Franco) e a estreante Lula (Lizzy Caplan) voltam como os Quatro Cavaleiros que supostamente sumiram há 1 ano atrás. No show que “promove” o retorno da equipe, algum indivíduo invade a apresentação e acaba sequestrando os “maiores mágicos do mundo”.
O vilão, Walter (Daniel Radcliffe), é muito mal ultilizado e que não tem nenhuma imponência para ser tornar alguma ameaça. Arthur Tressler (Michael Caine) e Thaddeus Bradley (Morgan Freeman) também estão de volta, mas são totalmente dispensáveis. O único que merece ser mencionado é Dylan Rhodes, interpretado por Mark Ruffalo. Este foi o protagonista do antecessor e tem uma abordagem bem mais atrativa agora.
As cenas que envolvem de certa forma a mágica e a computação gráfica são muito bem feitas. Sem querer estragar a surpresa, mas a sequência da carta que está no trailer é muito mais grandiosa do que aquilo e deixa todos sem fôlego. A trilha sonora feita por Brian Tyler quase não foi alterada e impressiona novamente. Resumindo, as partes ténicas não prejudicam a narrativa.
Jon M. Chu é o diretor que se mostra preocupado em impressionar o espectador com mágicas totalmente sem lógica, vários momentos que irão de algum jeito se conectar no final, e muitas metáforas. Nossa, isso faz lembrar de alguma coisa…
Truque de Mestre (2013) é exatamente igual, só que tem o plost twist no desfecho para deixar tudo mais interessante. Além disso, o filme tem um elenco invejável, mas que demonstra pouco interesse em exigir alguma coisa de seus atores em cenas com um humor fraco, ou um drama desnecessário.
Truque de Mestre – O 2º Ato é divertido e excitante em vários momentos, mas não traz nada de novo para o cinema. Assistir sem compromisso com a lógica é o que deve ser feito. Deixe para se preocupar com os erros no final.
Superman foi julgado culpado por…? Assistindo Batman vs Superman: A Origem da Justiça muitas pessoas ficaram confusas com alguns detalhes da trama, muito por conta dos cortes secos graças à edição confusa. Enquanto algumas dessas pensaram que o governo estava incriminando Superman por ter matado (a tiros? Sério?) as pessoas da vila africana onde Lois Lane ia realizar uma entrevista, outras simplesmente não entenderam nada da trama principal de induzir um pensamento dúbio acerca de Superman e as motivações de Lex Luthor. [Contém spoilers do filme]
Uma das primeiras cenas do filme mostra Lois Lane chegando na vila chefiada por terroristas para realizar uma entrevista. Seu parceiro e fotógrafo nesta viagem (segundo o diretor Zack Snyder, o fotógrafo é Jimmy Olsen) é exposto pela equipe de mercenários que estava presente ali aparentemente trabalhando para o líder, revelando que na verdade Jimmy trabalhava com a CIA para descobrir a localização do chefe terrorista.
Lois Lane é, então, tomada como refém. Isso faz com que Superman saia de onde estava para salvá-la, mas antes, o grupo de possíveis mercenários liderado por Anatoli (que receberá mais destaque conforme o filme avança) massacra as pessoas da vila a tiros e foge. Superman rompe a barreira do som algumas vezes, desce e salva Lois. Esta cena é a base de toda a trama do filme, incluindo boa parte das manipulações de Lex Luthor.
O arquiteto por trás de toda a trama do filme.
A mídia e o governo não culpam Superman por ter matado as pessoas, mas sim por não ter agido antes delas morrerem, se preocupando somente em salvar Lois Lane. A Senadora (interpretada por Holly Hunter) passa o filme todo perguntando a especialistas e membros da mídia se Superman deveria agir como um salvador messiânico de toda a humanidade, ou se preocupar apenas com o que é do interesse dele (como na mente de boa parte das pessoas, aconteceu no vilarejo africano). Superman não é um assassino direto, mas a mídia é levada a pensar que ele simplesmente não quis salvar ninguém no massacre graças a ausência de provas que contestem essas afirmações.
No tiroteio, uma das balas é cravejada no diário de anotações de Lois. Com o desenrolar do filme, descobrimos que a bala é feita de um metal diferente produzido pela LexCorp. Mas qual seria o interesse de Lex Luthor em incriminar o Superman?
A população exige saber quais as motivações do Superman.
O Lex deste universo é mais perturbado que qualquer uma de suas encarnações anteriores. Um garoto que tinha problemas de relação familiar com seu pai, Luthor pretende criar uma arma capaz de destruir Superman, que ele acredita ser uma possível ameaça para toda a humanidade (graças a batalha de Metrópolis contra o General Zod). Esta arma seria feita de kryptonita (da qual ele já tinha acesso a um pequeno fragmento presente na nave kryptoniana abandonada, mesmo fragmento que ele estudou e descobriu que degradava as células dos kryptonianos).
No momento que os exploradores que trabalhavam para Lex encontram uma grande pedra de kryptonita presente em uma ilha do Oceano Índico, o jogo político começa. Lex precisa não só do direito de importar esta pedra para os EUA, como também a licença do governo para que ele estude os efeitos de tal descoberta, utilizando tudo o que restou da batalha de Metrópolis (incluindo o corpo de Zod), e criando uma arma baseando-se nestes estudos.
Encontrada no Oceano Índico, a rocha de kyptonita une Lex Luthor e a paranóia de Bruce Wayne.
Lex utiliza de chantagem com um possível político corrupto para obter a licença que, um tempo depois, é vetada pela Senadora. Enquanto isso, Bruce Wayne vem investigando o que seria o Português Branco que ele tem ouvido falar e que aparentemente carrega ilegalmente um item capaz de enfraquecer o Homem de Aço. Bruce nutre um ódio pelo Superman graças a destruição de Metrópolis e a morte de milhares de pessoas. Lex se aproveita deste ódio, apoiando um ex-funcionário da Wayne Financial que também odeia o Superman. Este funcionário perdeu suas pernas na queda do prédio das indústrias Wayne, e é utilizado como marionete por Lex para trazer Superman até a corte, com o objetivo de dizer quais seus ideais para com a segurança do planeta. É importante ressaltar que o Lex deste universo já tem conhecimento não só das identidades de ambos os heróis, como possuiarquivos sobre estranhos casos dos chamados meta-humanos que vem surgindo há algum tempo.
Para que o plano de Lex funcione, é de suma importância que ele já possua um conhecimento sobre as identidades de ambos os heróis. Sabendo que Superman é o repórter Clark Kent, ele não só aproxima os dois como também envia fotos de um preso (que foi marcado pelo Batman no início do filme) morto, espancado na prisão por ser um possível estuprador ou traficante de mulheres. Clark acredita que os métodos do Batman são muito violentos, enquanto Bruce é manipulado (graças ao ex-funcionário que também foi manipulado por Lex) a crer que o Superman não somente é uma possível ameaça, como deve ser destruído.
“Ele é como um Reino de Terror de um homem só.”
Retornemos ao filme. Após a Senadora vetar a licença de Lex e Superman começar a agir como um salvador da humanidade, Bruce (já com um grande ódio nutrido) realiza uma perseguição com o Batmóvel para tentar obter a pedra de kryptonita e é confrontado por Superman, que também já havia recebido as fotos do presidiário que foi espancado até a morte. Os heróis se encontram trajados pela primeira vez, e Lex tira sua kryptonita do porto. Então, chegamos na cena do confronto da Senadora com o Homem de Aço.
Aqui, Lex utiliza a cadeira de rodas que ofereceu ao ex-funcionário para explodir todo o congresso. Havia uma transmissão ao vivo sendo realizada neste momento, e todos os cidadãos (incluindo Bruce) observam Superman sair ileso enquanto todos no capitólio pegam fogo. Isso leva a kryptonita (com a morte da Senadora, muito mais fácil de se manter para estudos) a ser roubada pelo Batman. Superman culpa a si mesmo por não ter conseguido evitar a morte das pessoas no capitólio. Enquanto isso, Lex inicia a terceira parte de seu plano: obter conhecimento acerca de todo o universo. Para isso, ele utiliza as digitais de Zod (que haviam sido cortadas antes) e a nave kryptoniana abandonada para acessar os arquivos acerca de tudo conhecido. Aqui, ele não só obtém o conhecimento de outros planetas (possivelmente um deles sendo Apokolips) como também descobre o projeto secreto de Krypton para criação do Apocalypse. Bruce se prepara para confrontar o Superman (que está isolado e pensativo no ártico) e Lex inicia a criação do monstro como uma precaução. “Se o homem não matar Deus, o Diabo matará“.
Durante a transmissão do capitólio, Bruce não só assiste a destruição como também recebe as mensagens que Lex Luthor preparou com o objetivo de aumentar seu ódio.
Bruce prepara a área do prédio abandonado do Departamento de Polícia de Gotham justamente para confrontar Superman sem botar em risco a vida de civis. Lex observa de longe o Bat Sinal sendo ligado, e Lois é sequestrada por Anatoli para ser utilizada como um método de chamar o Superman (como vimos no começo do filme, ele sempre aparece para salvá-la). Frente a frente com Lex Luthor, Superman descobre que sua mãe está sendo mantida como refém, amordaçada (impossibilitando que ela grite por socorro) e a única maneira de salvá-la é indo confrontar o Batman. Ele então parte para pedir por ajuda do Morcego, mas não é ouvido (o ódio torna homens bons… Cruéis) e acaba sendo derrotado e impedido de ser atravessado pela lança de kryptonita (forjada anteriormente) no último segundo. No final das contas, o homem não matou Deus, e Batman parte para salvar Martha Kent enquanto Superman vai até Lex Luthor para impedi-lo de agir além de todos os problemas que já havia causado.
Isso culmina na criação do Apocalypse, levando à batalha final de Batman, Superman e Mulher-Maravilha (que possui uma trama secundária bem simples no filme) contra Apocalypse, culminando num final trágico que torna Superman um grande messias para a humanidade, o salvador que deu sua vida em troca da segurança do planeta.
O “falso deus” se torna o salvador da humanidade.
Resumindo, sim, Lex Luthor possui uma motivação e Superman estava sendo incriminado por algo que não poderia ter impedido. Lex é um vilão manipulador, que utilizou todos os personagens do filme como suas marionetes para tentar por em prática diversos planos com um único objetivo: inferiorizar e destruir o Superman. A manipulação da mídia, do governo e de todo o resto está relacionada de alguma forma aos planos de Lex, desde a segunda cena do filme (descoberta da kryptonita) e do massacre no vilarejo africano que Superman não pôde impedir. O filme acaba com Lex Luthor preso, Bruce e Diana discutindo sobre o futuro e os possíveis meta-humanos, além da promessa: “Nós podemos fazer melhor. Nós faremos. Nós TEMOS que fazer.“
Ou também, “Como sua opinião deve ser afetada pela alheia“.
Japonês é um povo estranho. E por mais que esse post não seja totalmente relacionado a japoneses, eu não sei iniciar textos de outra forma… É assim ou “Venho por meio desta“.
De qualquer maneira, venho por meio desta, descrever um aspecto que deveria ser óbvio para todo fã de alguma coisa (seja lá o que for), mas que percebo, pelas minhas interações amigáveis (e as não-amigáveis também) internet afora, que não é tão óbvio assim: Pessoas tem gostos diferentes, e a indústria faz seus produtos sempre pensando num determinado público-alvo. E que é normal você não gostar de algo que não foi feito pensando em você.
Tipo isso. Você claramente não é o público-alvo disso. Créditos: あれっくす (Pixiv)
Algumas semanas atrás, eu peguei um anime para assistir: Ore, Twintails ni Narimasu.Não vou entrar muito a fundo na série em si, mas vou usá-la como mote da discussão. O nome se traduz para algo próximo de “Então, eu me tornei uma Garota de Chiquinhas“, e como eu costumo dizer, coisas nipônicas sempre são tão idiotas como elas soam. Twintails não é muito diferente.
O rapaz literalmente se transforma numa garota de chiquinhas. Não é uma cilada; não temos desculpas esfarrapadas. O cara é uma garota. E embora isso não seja o que eu queria comentar de verdade, é só um ponto que vale ser ressaltado. Voltando…
A questão é como tal anime trata a tag “humor” no verso de seu Blu-Ray. Eu sou um cara esquisito, e adoro piadas retardadas, humor nonsense e ciente de si mesmo. Quebrar a quarta parede, debochar descaradamente das pessoas que estão assistindo e fazê-las gostar disso. Esse é meu tipo de humor. Eu não conseguia parar de gargalhar enquanto assistia cada episódio.
Porém, uma coisa que não saía de minha cabeça, com o passar das cenas em minha frente, era o pensamento de o quão de nicho era aquilo que eu assistia. Digo, eu sabia que a série seria algo que nem todos gostariam, até mesmo antes de parar para vê-la… Mas eu não imaginava que seria algo assim. Embora tenha sido uma surpresa agradável pra mim, trouxe a tona o pensamento descrito anteriormente.
Mais ou menos assim… Eu acho?
O quão boa é a especificação? Pensando em biologia (ou qualquer outra coisa), sabemos que com ela se perde generalidade, mas se ganha eficiência. É melhor ser um perito num único assunto ou ser mediano em todos? Essa discussão também é levantada quando falamos de entretenimento: Ou se faz um show para todos os públicos e que não agrade nenhum deles de forma satisfatória, ou se faz um show que seja excelente para um grupo seleto e todos os outros o vejam com maus olhos. O meio termo existe, mas consegue ser menos eficiente do que qualquer um dos extremos.
A cultura é uma coisa que, mesmo sem estar ‘viva’, consegue seguir os conceitos definidos por Darwin. O que está melhor adaptado sobrevive. É por isso que esses dois pontos tão distantes acabaram se tornando os mais comuns hoje em dia. E, de novo, embora não seja o foco da postagem, merece um pouco de atenção.
Voltando à biologia, lá a especificação é algo bom. Quanto mais focado em algo você é, melhor naquilo você se torna, e maiores são as suas chances de sobreviver naquele ambiente. Se analisarmos a indústria de entretenimento, isso também é verdade. Nunca neguei que ser uma obra de nicho não gera lucros. E inclusive, acredito que gera até mais do que o outro caso. Mas a questão não é a indústria em si, mas sim como o comportamento dela é interpretado pelo público, e como tal público parece ignorar características e propriedades das obras.
Um exemplo bom de se dar aqui na Torre é o meu próprio. Vocês, caros leitores das partes menos obscuras do site, e que não desistiram de ler essa postagem lá no segundo parágrafo, muito provavelmente julgaram o tal anime onde o cara vira uma garota de chiquinhas como algo bizarro, não? E tenho quase certeza de que mudariam de calçada se cruzassem comigo na rua. Mas vocês já pararam pra pensar em como eu vejo vocês? Como eu julgo essas curtidas em fotos do “Deadpool Zueiro” ou esses miseráveis que trouxeram a guerra até nós lutando contra o reino de terror de um homem só?
Está na hora, rapazes.
E é por isso que, antes de dizer que algo é bom ou ruim, você precisa analisar se o que você está vendo foi, de fato, feito para você. Foi até bom eu postergar essa postagem por umas três semanas, pois agora temos um exemplo infame para acrescentar. Vocês sabem muito bem do que estou falando: A tal “crítica especializada” parece ter odiado Batman vs Superman, mas eu ainda estou pra encontrar uma só pessoa de carne e osso (que eu tenha certeza que não é um robô controlado pelos illuminatti programado para digitar postagens em sites) que diga que achou o filme “mais ou menos”.
Apenas uma prova a mais de que saber o que você está assistindo é algo bom. O filme de Batman vs Superman é bom mesmo, afinal? Eu não sei, pois não assisti (e nem vou tão cedo, com o preço que tá o cinema), mas segundo contatos (o Gabriel) ele foi muito bom pra quem é fã da DC. Mas se um dia eu parar pra vê-lo, saberei que o que estou vendo é algo feito para fãs da DC, e relevarei aquelas falas que parecem sem sentido para mim, ou aquelas cenas extremamente prolongadas que não entendo o motivo de ter mais de seis segundos. Afinal, isso não foi feito pra mim. Essas falas e cenas foram feitas para agradar o público-alvo, e não a mim. Para eles, tudo fez o maior sentido do mundo e foi sensacionalmente bem bolado.
Isso só quer dizer uma coisa: Ninguém, além de você, pode dizer se algo é bom ou ruim para você. “Crítica especializada” é algo que beira a idiotice, quando não é tratada como simplesmente uma análise da parte técnica – pois essa sim, possui regras e existe “certo” e “errado” do que se fazer. Embora isso sempre esteja acorrentado a doutrinas pré-estabelecidas. “Resenhas” e “análises” são apenas pontos de vista colocados no papel, e que devem ser levados em conta por você, apenas caso exista identificação com o tal autor. Afinal, você é um ser vivo adulto, andante e pensante, e tem capacidade de discernir quais informações são úteis ou não, certo? Esse post mesmo, pode ser totalmente irrelevante. You gonna carry that weight.
Mas nossa, em pleno ano corrente e temos que fazer postagens pra conscientizar pessoas de como gostos são diferentes e como isso precisa ser respeitado? Pois é, Oliver. Pois é.