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Resenha | Helter Skelter

Um dos gêneros dos mangás menos falado aqui em terras tupiniquins , com certeza é o “Josei“, e não sei porque isso ocorre ( na verdade eu tenho uma teoria, mas essa é uma outra história…), pois dentro desse meio é um dos que mais produz histórias reflexivas e com personagens densos e bem incomuns.

Recentemente, a editora New Pop nos proporcionou a oportunidade de conhecer uma das mais famosas obras, da considerada por muitos, a “mãe” do Josei, Kyoko Okazaki, chamada Helter Skelter (sim a música dos Beatles, do Charles Manson… enfim), ganhador do prêmio Osamu Tesuka de 2004 e que trata-se de uma obra com classificação indicativa para maiores de 18 anos.

SINOPSE

Se você acompanha a moda no Japão, já deve ter visto o rosto de Liliko. Nos últimos anos, ela tem estado no topo do mundo da moda, promovendo as maiores marcas. Mas, como todos sabem, este mundo é uma batalha constante e interminável. Há sempre modelos novas e mais jovens a cada temporada. E manter sua posição significa aprender a adaptar-se e a lidar com a mudança. Após passar por inúmeras cirurgias plásticas, Liliko consegue se transformar em uma absoluta manifestação de beleza. Contudo, incapaz de suportar os efeitos colaterais de tantas cirurgias, seu corpo logo começa a desmoronar, e junto com ele, sua sanidade mental.

Liliko
“Luz na passarela, que lá vem ela”

 

A HISTÓRIA

Ao ler Helter Skelter, um misto de sensações me veio a cabeça. É bonito e feio, erótico e repulsivo, superficial e profundo, tudo ao mesmo tempo. Mostra facilmente uma face da cultura da vaidade que sabemos que existe e que vivemos no dia a dia, mas que não queremos acreditar que existe pois, de certa forma, seguimos seus padrões mas não nos aceitamos como parte desse padrão.

A arte desse mangá já nos remete a algo muito incomum, ele tem um traço imperfeito proposital, pra fazer um paralelo com o que a autora quis dizer. É verdade que quando a autora terminou de produzir a obra, ela sofreu um acidente, que a impossibilitou de fazer a pós produção do mangá, passando assim um aspecto de inacabado em certos momentos, mas que deixa a obra com um tom cru, mas que só engrandece a mensagem proposta.

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Estranho e belo.

A história é um conto distorcido da beleza que conduz à ruína e o que vem depois. O comentário social subjacente que as pessoas irão fazer qualquer coisa para a busca não somente da beleza, mas sim da manutenção do status que essa beleza pode nos proporcionar. A ideia de cirurgias plásticas experimentais, incluindo componentes muito perturbadores, é ao mesmo tempo bizarro e assustadoramente crível. Além da beleza, Okazaki também aborda a natureza inconstante da fama, as celebridades e o papel que desempenham na vida e mentalidade dos jovens(e os não tão jovens também), que se espelham nessa figura de beleza, e o quão facilmente uma vida aparentemente perfeita pode ser despedaçado pelos vícios que esse mundo produz.

Todos os personagens são imperfeitos. São seres egoístas que atuam tanto no seu próprio interesse e necessidades, que traz à obra um toque extremamente realista. Liliko é antipática, perturbada, depressiva, manipuladora, mas ao mesmo tempo é um personagem que desperta pena. Às vezes, ela é honesta consigo mesma, às vezes ela mente para si mesma, e isso proporciona uma narrativa não confiável para o leitor, pois a sensação é que, ao mesmo tempo que ela quer ser responsável pelo seus atos, ela não quer se responsabilizar, como se fosse uma vítima desse mundo cruel.

Os personagens coadjuvantes também são nefastos: a assistente submissa, a empresária gananciosa, a frígida cirurgiã, a jovem modelo niilista; que só enriquecem a trama. Não é uma visão particularmente edificante da sociedade, mas sim triste e de uma absurda verossimilhança.

A edição feita pela New Pop é de encher os olhos na parte gráfica, com páginas coloridas, papel de ótima qualidade e com um preço bem acessível, visto a qualidade do material. Peca na parte de revisão ortográfica em alguns momentos, mas não é nada que estrague a experiência da leitura.

No geral, Helter Skelter é um mangá como poucos. É extremamente envolvente, mesmo com personagens que são difíceis de simpatizar e com cenas que deixam o leitor bem desconfortável em vários momentos, consegue ter uma narrativa fluída e densa, digna dos melhores thrillers psicológicos. Devido aos temas maduros e cenas, o público-alvo é reduzido, visto que é uma obra para maiores de 18 anos, e de um gênero não muito popular no Brasil, mas para quem gosta de uma narrativa adulta, abordando o lado mais obscuro da fama e da natureza humana, é uma leitura mais que obrigatória.

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Até a próxima!

FICHA TÉCNICA

Helter Skelter – Volume único
Publicado em: Julho de 2016
Editora: New Pop
Gênero: Josei
Autor(a): Kyoko Okazaki (Pink!)
Status: Série concluída
Número de páginas: 320 paginas (papel offset) / Leitura Oriental
Formato: 15×21 cm / P&B com páginas coloridas / Lombada quadrada
Preço de capa: R$ 24,90

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Primeiras Impressões | New Game!

Ok, calma lá. Vamos começar devagar. Que tal começar um novo jogo? Prometo que nesse save eu não falo que japonês é um povo estranho. Ah, droga!

Por mais relacionado a jogos que esse post possa passar a impressão de ser, estamos ainda no ramo de análises prematuras de animes. E no Primeiras Impressões de hoje, vamos dar uma olhada nesse grupo de garotinhas que com certeza estão vivendo no Easy Mode. E como sabemos, easy-mode é para criancinhas.

Com o início da serialização em 2013, o mangá é de Tokunou Shoutarou (Não muito famoso, mas que em seu pequeno nicho de fãs é conhecido por suas “ilustrações divinas”), que apesar de não ser um estouro de vendas, tem alguns números bons para o gênero, além de ter desbancado outros títulos de peso, como ReLife, Gundam e GATE. Ainda não é publicado no Brasil, mas seria uma ótima adição ao catálogo nacional. Não que eu esteja insinuando algo, mas o cantinho de sugestões da NewPOP é ali do lado…

<Alerta de Garotas bonitinhas fazendo coisas bonitinhas>

Você sabe que está assistindo uma obra de ficção, quando a pessoa diz que conseguiu o emprego dos sonhos logo após se formar no ensino médio. E quando uma pessoa se dispõe a trabalhar numa empresa sexista de jogos sem nem saber modelar em 3D. E quando uma empresa sexista de jogos aceita contratar uma garota recém-formada que nem tem as qualificações para o emprego.

De qualquer maneira, se você for assistir já sabendo que é uma ficção, você vai se deparar com um típico humor de quatro painéis. Pela obra original ser um 4-koma, as piadas são quase que cronometradas. O que pode não ser um agrado muito grande pra quem prefere algo mais elaborado, mas pode ser ótimo pra pessoas que se cansam rápido de coisas que se prolongam demais, e querem algo mais dinâmico, mais veloz ou pra quem tem problema de atenção tipo eu.
É um tipo de humor bem característico do gênero. Não tem uma piada sendo contada, ou uma situação (muito) absurda acontecendo. É só… A existência das personagens. Elas existem, e isso é cômico. O dia-a-dia delas que deveria te fazer rir. Não é algo pra todo mundo.

Bagulho é tão doce que chega a dar dor de dente...
Bagulho é tão doce que chega a dar dor de dente…

Já a belíssima animação fica por conta do Estúdio Dogakobo, que além de já ter uma boa experiência com o gênero (Outras adaptações de 4-komas muito aclamadas incluem Gekkan Shoujo Nozaki-kun e Mikakunin de Shinkoukei), trazem todos os lucros gerados pelo inferno demônio capiroto tinhoso sucesso de Himouto! Umaru-chan. A primeira sequência do show é de deixar qualquer um pasmo, de tão detalhada e bonita. Não há um corte que não seja bem executado nos dois primeiros episódios… Embora 90% do tempo essa qualidade toda seja usada em garotinhas tomando chá. Também existem alguns frames onde você percebe a clara influência da origem em mangás da obra: Cenas que quebram totalmente o fluxo de animação, sendo imagens estáticas de poses características, mas que ainda assim conseguem passar a ideia de movimento, quando sobrepostas umas as outras.

Falando nas garotinhas, vamos a elas: Na realidade, são todas maiores de idade, apesar do design de personagens dizer o contrário (e isso é, infelizmente, uma prática bem comum em animes…). Excelente trabalho por parte do veterano Kikuchi Ai, que conseguiu fazer com que sempre haja uma nova expressão no rosto da Aoba (nossa querida protagonista), qualquer que seja a situação.
As personagens tem suas características e personalidades muito claras desde o princípio, sendo fácil de identificar quem deveria ser o quê ali. Mais uma vez, uma herança de seu gênese como 4-koma, que não possui muitos quadros para estabelecer caráter. Mas elas são todas bonitinhas, então não tem problema elas serem superficiais, né?

Minha cara quando falam que aquela loli 'tem 900 anos então não tem problema'...
Minha cara quando falam que aquela loli ‘tem 900 anos então não tem problema’…

Um ponto interessante a se ressaltar, é o elenco de dubladores (ou dubladorAs, no caso, já que não tem nenhum personagem masculino no elenco que não seja um porco-espinho): Não há meios-termos, todas as garotas são dubladas ou por profissionais super experientes (Como  Hikasa Yoko, famosa por seus papeis em diversos haréns escolares mágicos genéricos), ou por meninas que acabaram de entrar no ramo (por exemplo, Takeo Ayumi, que está, literalmente, estreando nesse anime, e vem fazendo um excelente trabalho). Acho que de forma semelhante ao que acontece na história do show com a protagonista, essas novas dubladoras aprenderão muito com as veteranas.

E… Isso é tudo? A série, apesar de ser um ótimo show de se assistir, por ter uma pegada divertida e que faz o tempo passar rápido, não deixa muito de uma impressão. Já assisti os episódios há três dias, mas só consegui terminar de escrever um texto razoável o bastante pra ser postado, hoje. É difícil ter “Primeiras impressões” quando não há muitas “impressões”.
Tenho certeza que será um anime que eu adorarei assistir enquanto durar, mas que não ocupará espaço na minha memória poucas semanas depois de ser finalizado. Vai virar aquele “Nossa, isso existe né? Era engraçado! Eu acho… Não lembro.” em pouco tempo.

Depois do sucesso de Pokémon GO, conheça agora Counter-Strike GO.

Mas o passado já era, e o futuro está longe, a vida a gente faz agora, e no agora, eu estou acompanhando e adorando New Game! Esse começo ficará no meu comedômetro com um 7/10, e recomendo a qualquer um que esteja precisando relaxar, ou que goste de utopias empresariais.

A série pode ser assistida na Crunchyroll, com episódios todas as terças-feiras mas boatos por ai dizem que certos becos escuros arranjam os episódios na segunda.

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Primeiras Impressões | 91 Days

Eu poderia começar dizendo que japonês é um povo estranho, mas isso é coisa do Vinicius, então deixa pra lá. Além do mais, hoje o assunto é sério pois envolve vingança e máfia em um anime que conseguiu fisgar a todos logo no seu primeiro episódio com a promessa de ser um dos mais interessantes da temporada.

Produzido pelo mesmo estúdio responsável pela segunda temporada de Durarara!!, 91 Days (naindi uan kawaii desus, em japonês) é uma história original sobre assassinatos que se passa na cidade de Lawless, onde o comércio ilegal de bebidas é o centro dos negócios no mercado negro graças a implementação da Lei Seca. Após ter sua família assassinada por uma disputa da máfia, o protagonista busca vingança contra todos os responsáveis, após receber uma carta de um remetente misterioso que dizia para ele retornar a esta cidade e saciar sua sede de vingança.

O enredo é o ponto forte de 91 Days e se assemelha bastante a uma “história clássica de mafiosos” (estou sinceramente esperando uma cena onde algum personagem acordará com uma cabeça de cavalo na sua cama). O ódio do protagonista pela família Vanetti torna a tensão de algumas cenas algo que é possível sentir na pele, especialmente após as reviravoltas de roteiro. O final do segundo episódio, que foi ao ar recentemente, é de fazer qualquer um bater a cabeça na parede.

O primeiro episódio do anime abre com uma sequência (o assassinato da família de Angelo, o protagonista) de tirar o fôlego, violenta e realmente perturbadora. Algo interessante a ressaltar é que a obra é totalmente pé no chão, então não espere encontrar poderzinhos ou monstros gigantes. O maior monstro da história talvez seja a birita. Essa é marvada.

O verdadeiro inimigo dos homens.
O verdadeiro inimigo dos homens.

O enredo interessante é somado a uma animação muito bonita do estúdio Shuka (que nome), que entrega designs de personagens muito competentes. Cada um possui características únicas, os cenários são bonitos e as cenas de ação são de tirar o fôlego. As cores combinam com o tipo de história contada , e talvez os únicos pontos fracos sejam os momentos de animação em CG, especialmente dos veículos, onde tudo fica meio bizarrinho. Ainda assim não é nada alarmante.

A trilha sonora de Shogo Kaida é outro ponto altíssimo de 91 Days (que eu acabei não explicando, mas recebe este nome pois mostrará o decorrer da história em noventa e um dias. Isso significa que teremos 91 episódios? Deus…). Com músicas belíssimas, e todas combinando perfeitamente com o tom da história, toda a trilha merece destaque e muitos elogios. Existem momentos que são bem parecidos com O Poderoso Chefão, com violinos e outros instrumentos que eu não possuo inteligência suficiente para diferenciar. Talvez nem sejam violinos. Enfim.

Corte rápido. Tramontina.

Apesar de você como espectador comprar a vingança do protagonista, ele não possui uma personalidade muito marcante. Angelo (que mudou seu nome para Avilo) é o típico personagem-calado-frio-e-inteligente de animes, fazendo com que a única empatia que você sinta seja pela vingança. Pode sentir-se mal, pois você vai desejar a morte de pessoas. Seu monstro.

Para equilibrar a balança da chatice, todos os outros personagens possuem personalidades bem marcantes. O que é triste, visto que (obviamente) o enredo entregará diversos assassinatos, e no final deve ser uma amargura só… Sério, nem precisa assistir, o final vai ser trágico com certeza. Você pode evitar essa tragédia na sua vida.

Brincadeiras à parte, 91 Days entregou até o momento dois episódios com uma qualidade bem acima da média, se destacando entre os animes da temporada. Com uma tensão adulta e um enredo convincente, se bem trabalhado até o fim, pode subir ainda mais rumo ao posto de Melhor da Temporada (por mais que seja até um pouco prepotente já ir afirmando isso, mas esse texto é única e exclusivamente minha opinião, então beleza). Este início de temporada entregou algo equivalente a uma nota 8/10, que pode subir ainda mais. Ou cair, vai saber né. Vale destacar, por fim, o tema de abertura cantado por TK do trio Ling Tosite Sigure, que é muito bom.

A série pode ser assistida pelo site da Crunchyroll, com novos episódios exibidos todas as sextas.

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Primeiras Impressões | Orange

ou, “como fazer uma história de viagens no tempo dar errado“.

Japonês é um povo estranho? Já sabemos. Sejam bem-vindos a mais um “Primeiras Impressões“, aquela coluna que parece não ter padrão de postagem, mas que se você analisar direitinho, notará que sempre sai um monte delas de três em três meses. Iniciaremos as análises iniciais da Temporada de Verão com uma cor mais leve, já que no calorzão (lá do Japão, pelo menos) ser gótico não rola, então a moda diz que Laranja é o novo Preto (Perdão).

Com um mangá de extremo sucesso, e com publicação nacional pela editora JBC, Orange é um dos raros casos onde o nome não diz bulhufas sobre a obra (Parei pra pensar por uns vinte segundos aqui, e não me veio nenhum outro exemplo a cabeça… Esse negócio é raro mesmo). Pelo menos não inicialmente. Muitos estavam esperançosos para essa adaptação, e ela finalmente chega em nossas mãos, para podermos fazer piadinhas com aquela série sobre presidiárias.

Não me levem a mal pela primeira frase. Sei que muitos de vocês nem ligam tanto pra esse aspecto tirado de filme da Sessão da Tarde (Não, sério, esse anime não é quase a mesma coisa que aquele “A casa do lago”, filme de 2006 com o Keanu Reeves e a Sandra Bullock?). Mas eu tenho um problema pessoal com viagens no tempo, e vou matalas explicar os pontos que não gostei, mas daqui a pouco.

Vamos começar com a arte do show, que pode ser dividida em dois pontos: Uma animação fluida e bem adornada em todos os aspectos, com cenários de deixar qualquer um boquiaberto, cortesia da Telecom Animation. Por outro lado… Um design de personagens horrendo. Não sei o que houve com o responsável, Nobuteru Yuuki (que fez alguns designs bons no passado, como de Sakamichi no Apollon e Mushishi), mas o que ele entregou para Orange foi simplesmente medonho. Não é nem questão de os personagens serem ruins… Inclusive não são! Todos são bem característicos, com pontos que deixam seu design marcante, e fácil de fazer associações. Mas… Os personagens são mal desenhados, mal adaptados. Qual o problema com a cara dessa menina?

Além da cara estranha, ela tem um problema de coluna seríssimo.

Um outro tópico que posso levantar é o musical. Existe esse senhor de idade chamado Yukio Nagasaki, que por algum motivo desconhecido, está no mercado de direção de áudio para animes. O maluco deve ser um palhaço, aquele tiozão que faz a piada do pavê na festa de fim de ano da empresa. Não vejo outro motivo pras escolhas de músicas de fundo pra Orange. Por mais que elas não sejam totalmente fora de lugar, e funcionem bem para as cenas que são colocadas… Elas são esculachadas demais. É tipo um “Mano, ele tá zoando com a nossa cara, MAS ELE TÁ CERTO, então não podemos fazer nada a respeito“.
São músicas com pegada circense, de chacota, até um Country tem espaço na discografia do moço.

Sobre os personagens, todos tem seus pontos fortes. Não é um forte geral do anime, como foi com Netoge na temporada passada, mas é consistente. Sempre tenho aquela pulga atrás da orelha, de “eu duvido que pessoas de personalidade e estilos tão diferentes, seriam tão amigos assim”, mas na ficção nós relevamos esse aspecto, para dar maior diversidade ao elenco.
Apesar dessa diversidade e tudo mais, não vejo algo ‘novo’ em nenhum personagem. Todos os protagonistas são facilmente enquadrados em esteriótipos típicos, e não se esforçam nem um pouco em fugir deles. Autora foi bem feijão com arroz nesse quesito.

Agora o que eu queria ter falado desde o começo, e o que vocês não estavam afim de ler, por isso joguei pro final: A bendita viagem no tempo. Não gosto de dar sinopses ou contar o que acontece no decorrer do episódio, quando estou escrevendo um “Primeiras Impressões” (isso eu faço nos shitposts do Twitter, se alguém se interessar), mas vou abrir uma exceção pra esse caso.

Não vou nem entrar no mérito de COMO DIABOS ENVIARAM UMA CARTA PRO PASSADO sem usar um microondas, e pular pros problemas reais: A carta foi feita num ponto da linha do tempo, onde todos os acontecimentos que querem ser evitados, já ocorreram. Ela só deveria apontar o futuro com precisão, até o momento em que a protagonista do passado faz uma escolha diferente pela primeira vez. Efeito borboleta, conhecem? É improvável (para não dizer impossível) que os acontecimentos futuros continuem seguindo um padrão, depois de uma mudança drástica em um dos pontos. A autora tenta mostrar isso, passando sutilmente a ideia de que “o esqueleto se mantém, mas algumas coisas vão mudando, conforme ela muda suas escolhas“, mas o exemplo que tivemos até agora, poderia muito bem ser respondido com simples soluções, e mantém o problema da Teoria do Caos.

Imagens exclusivas da autora da obra, quando questionada sobre seus conhecimentos de mecânica quântica.

Porém, o maior problema de todos, é a apatia da garota principal, Naho. Eu fiquei simplesmente indignado com o desenvolvimento inicial do anime. A guria recebe uma carta, supostamente do futuro, que prevê com perfeição o futuro próximo dela… E não tem a mínima curiosidade de ler o resto? Absurdo. Pior: Depois de ler a primeira página (de muitas, visto que a história começa em abril e deve ir até… janeiro?), ela simplesmente ESQUECE DA EXISTÊNCIA dela por DUAS SEMANAS? Abobrinha. Garotas colegiais são loucas por coisas sobrenaturais e pitorescas, ainda mais quando envolvem algo que soe romântico. Em nenhuma situação isso soa plausível.

Mas se você não levar a mecânica quântica em consideração, até que dá pra engolir. Isso, claro, se você tiver afim de acompanhar uma história tearjerker com paradoxos temporais. Coisa que eu não sou muito chegado. Por isso, esse começo fecha com 6/10 pra mim. Se não fosse a Hanazawa Kana dublando a garota principal, pioraria um pouco.

A série pode ser assistida pelo site da Crunchyroll, com novos episódios todos os domingos.

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Resenha | Knights of Sidonia #1

Escrever sobre ficção científica sempre é algo bastante complicado, pois exige pesquisa profunda sobre o tema ao buscar comparações com histórias bem sucedidas do gênero, seja quanto as referências à construção desse universo ou as reflexões sobre a mensagem que a obra deseja passar. Dentre os vários subgêneros que a ficção científica contém, um dos mais famosos entre os japoneses é o “Mecha” (abreviatura do termo mecânico), sendo mais conhecido popularmente pelos robôs gigantes, geralmente controlados por pilotos e que têm como maiores sucessos: Gundam, Neon Genesis Evangelion, Macross, Gurren Lagann, entre outros.

Recentemente a JBC publicou no Brasil, uma obra que ganhou uma animação feita pela Netflix, chamada de “Knights of Sidonia“, que segue o gênero mecha e teve uma receptividade muito positiva do público do famoso canal de streaming.

SINOPSE

Há muito tempo, o planeta Terra foi destruído por seres alienígenas, chamados Gaunas. Felizmente, os humanos conseguiram sobreviver lançando-se ao espaço em enormes naves espaciais. Porém os Gaunas continuam atrás dos seres humanos e as naves são obrigadas a fugir deles. Mil anos se passaram desde a destruição da Terra, e a história segue o jovem Nagate Tanikaze, um novato que viveu sua vida toda no subsolo de Sidonia, uma das imensas naves que saíram da terra. De cara ele é colocado como piloto de guardião “mecha” e agora Nagate buscará proteger Sidonia da ameaça dos Gaunas.

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Esse é nosso garoto, com todos os clichês que possa ter.

 

Falando sobre o mangá especificamente, uma coisa que percebo ao ler é a transmissão de uma aura muito silenciosa. Diversos quadros brancos, poucas onomatopeias e traços muito simples em vários momentos. Nas partes em que há os confrontos entre gaunas e mechas da Sidonia, existe confusão na arte, como se ainda estivesse a procura de um estilo, diferenciando-se de um gênero que apresenta tantas referências.

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Os guerreiros de Sidonia.

Quanto ao enredo, toda ficção científica exige que haja um universo estabelecido para que seja crível e compremos a ideia do universo onde se passam os eventos, e Sidonia consegue desenvolver bem este conceito, bem como estabelecer hierarquias e criar diferenças sociais entre seus tripulantes. Além disso, na sua população, existem conceitos biológicos modificados para que houvesse o desenvolvimento dessa nova raça humana, que faz fotossíntese (a mesma das plantas), possui reprodução assexuada, podem modificar seus corpos a seu bel-prazer, entre outros tantos conceitos, para que possam permitir a sobrevivência à deriva no espaço.

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Os temidos gaunas.

Novamente falando do enredo, começa a parte clichê da coisa. Tanikaze, por algum motivo ainda inexplicável, é uma espécie de escolhido, e mesmo sem nunca ter pertencido a elite de Sidonia e nunca ter pilotado uma nave, ele é recrutado para missões e, mostrando-se habilidoso, desperta a ira do seu rival.

Entretanto, Sidonia detém qualidades. O autor sabe variar a maneira de contar uma história ao não apegar-se somente a jornada do herói e sim, expor o desenvolvimento daquela sociedade. Evidencia coisas do cotidiano das pessoas, trabalha bem o conceito de expansão dentro de Sidonia e também trabalha com flashbacks para dar uma profundidade maior ao que se passa.

Sidonia não exibiu o seu total potencial, o que é normal. A história ainda no seu primeiro volume tem um dinamismo interessante, possui um clímax que desperta a curiosidade e nos apresenta um universo com enorme potencial. Algo que pode incomodar alguns é a questão do papel. Nunca fui, em minhas análises, de tocar a crítica ao material da editora, porém, como Sidonia tem uma arte limpa demais, com muitos quadros brancos, dá pra perceber um pouco de dificuldade para ler a obra. No geral, Sindonia merece atenção, por tentar inovar em certos conceitos da ficção científica e é uma experiência intrigante para quem gosta do gênero.

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Até a próxima.

FICHA TÉCNICA

Knights of Sidonia – Vol. 01 de 15
Publicado em: Abril de 2016
Editora: JBC
Gênero: Seinen-Ficção Científica- Mecha
Autor: Tsutomu Nihei (Blame!)
Status: Série concluída / Mensal
Número de páginas: 20o paginas (papel offset) / Leitura Oriental
Formato: 13,7×20 cm / P&B com páginas coloridas / Lombada quadrada
Preço de capa: R$ 17,50

 

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Resenha | One-Punch Man #1

Sabemos que na cultura pop japonesa, principalmente quando adentramos nos mangás e animes, nos deparamos com gêneros e estilos diferentes. Dentre esses gêneros um dos mais famosos é o “shounen”, que consiste em um protagonista masculino fisicamente fraco (tem suas exceções) e com poucas habilidades, mas sempre otimista e com objetivo de ser o melhor. Com o passar do tempo, ele se torna mais forte, sempre representando uma mensagem “gamba-re-o” (significa algo como “esforce-se”) o que é muito legal, mas de extrema repetitividade dentro desse tipo de entretenimento.

A obra de que vos falo é a antítese dessa mensagem, chamada “One-Punch Man“. Concebida inicialmente como uma web-comic, tinha uma qualidade gráfica bem baixa, mas com um roteiro pra lá de inovador. Escrito por “One” e depois revisitada com a arte sublime de Yusuke Murata, que a tornou comercialmente viável no mercado, transformando assim, uma das obras de maior hype internacional dos últimos tempos. Vinda de terras nipônicas, chegando a concorrer ao prêmio Eisner, e até  ganhou uma excelente adaptação animada feita pela Mad House. A Planet Mangás, selo da Panini Brasil, comprou a ideia do hype  e trouxe para o Brasil esse incrível material nos moldes similares a “Vagabond” e “Planetes.

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Web x versão de editora.

A SINOPSE

One-Punch Man  é o que o título que descreve: um homem com apenas um soco, ou seja, ele não precisa dar mais de um soco pra derrotar qualquer inimigo. Este homem é Saitama, um jovem recém-desempregado, que após salvar um garoto de ser morto por um homem caranguejo, resolve se tornar herói. Em sua jornada, Saitama fica tão forte, que derrota os monstros com apenas um soco e isso o deixa muito entediado, e sempre encontra alguém que diz ser mais forte, mas no final é sempre a mesma história, como disse antes, um soco só basta.

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Que queixo desse garoto!

A cidade onde Saitama reside, a Z, é sempre alvo de ataques, assim como as cidades vizinhas, restando para ele ser um herói por hobby, defender todos ao seu redor ou pelo menos, não deixar que destruam seu apartamento. Então sua vida muda  de certa forma com a chegada do ciborgue  Genos, no qual acreditava ser forte o suficiente, mas vê em Saitama o seu mestre ideal, os dois acabam se tornando amigos e enfrentando inúmeros desafios.

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Forte, SQN!

Entretanto, o que faz a história ser tão boa, visto que, poderia deixar qualquer um entediado com a sinopse, é a questão da desconstrução de uma linha narrativa muito presente e comum, como se fosse a quebra de uma fórmula, pois Saitama não precisa se tornar forte, ele já é tão forte, não precisando ter um objetivo máximo. Ele só é ele mesmo, uma pessoa comum que vive como se fosse alguém comum, que lava a louça, que vai ao supermercado, que assiste tv, lê mangás, há uma abordagem muito humana da coisa de ser herói. Isso fica longe de ser algo monótono, você se diverte, e muito, com a falta de noção que o Saitama tem em vários aspectos, isso o torna um personagem muito carismático.

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As expressões do Saitama, são as melhores!

One-Punch Man  é um mangá que diverte. O enredo tem como ponto alto Saitama sendo engraçado e debochado, deixando para Genos o lado mais racional da coisa.  Enfim vamos ver a jornada de Saitama, em busca de um oponente que realmente tenha valor ou que pelo menos o faça suar.

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Até a próxima!

FICHA TÉCNICA

One Punch Man – Vol. 01 de 10
Publicado em: Março de 2016
Editora: Panini
Gênero: Shounen
Autor: One/Yusuke Murata (Eyeshield 21)
Status: Série em andamento / Bimestral
Número de páginas: 208 paginas (papel offset) / Leitura Oriental
Formato: 13,7×20 cm / P&B / Lombada quadrada
Preço de capa: R$ 16,90

Fonte: Panini Mangás

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Primeiras Impressões | Netoge no Yome wa Onnanoko ja Nai to Omotta?

Japonês é um povo estranho. Até quando falamos sobre coisas que já são estranhas normalmente, eles conseguem se superar e torná-las piores do que você podia imaginar. E o tema “Joguinhos online” é algo que claramente se encaixa nessa descrição. Sério, vocês já viram KanColle? Aquilo é bizarro demais.

Só que hoje, o Primeiras Impressões vai falar sobre um fato que só poderia ter sido desmentido numa obra de ficção vinda da Terra do Sol Nascente. Como tudo vindo de lá, o extenso e quase cansativo nome, Netoge no Yome wa Onnanoko ja Nai to Omotta? serve como uma sinopse para o show: “E você pensou que não existiam garotas na internet?“.

Primeiramente eu queria comentar sobre a ambientação do jogo. Ou melhor, a representação da representação do jogo no anime. Ficou meio confuso? Enfim:
Eles estão jogando um bagulho bem simples. Joguinho 2D, com habilidades clicáveis e tal, no melhor estilo Tibia ou Ragnarok Online (Inclusive, a cidade principal do jogo é extremamente parecida com Prontera, a capital do reino de Ragnarok…). Mas quando as cenas se passam dentro do jogo, somos levados pra um ambiente imersivo completo: O traço sofre uma leve alteração para um padrão mais pincelado; as imagens de fundo se tornam menos detalhadas, dando maior destaque para os personagens; o movimento parece mais fluido, devido as cenas de ação… Para, logo em seguida, voltarmos para o quarto do protagonista, e lembrarmos que o jogo é 2D baseado em Sprites, quando olhamos pro monitor do garoto. Isso torna os momentos online muito mais interessantes e visualmente agradáveis do que seria se ficássemos na câmera real o tempo inteiro.

Esse aspecto de MMORPG, que tem sido, nos últimos anos, uma mídia muito utilizada na cultura japonesa no geral (Não consigo lembrar da última temporada que NÃO teve algum anime com ambientação completa ou alguma relação com jogos), não permite meios termos. É algo que, obrigatoriamente, acaba sendo extremamente positivo ou demasiadamente negativo. Exemplos negativos, temos aos montes por ai (olá, Sword Art Online!), mas é difícil encontrar um positivo (que não seja Log Horizon)… Mas Netoge parece estar caminhando para o lado certo.
Assim, não me levem a mal, mas eu sou um cara que joga muito no PC. Devido a isso, eu tenho um conhecimento, no mínimo, ‘satisfatório’ sobre como MMORPGs funcionam. E alguns animes conseguem me ofender com a forma que eles retratam os aspectos do jogo (Até hoje alguém já entendeu como funcionam as lutinhas em SAO? Aquilo não faz sentido nenhum). Não é o caso de Netoge. O autor realmente sabe o que é e como funciona o sub-mundo dos malditos joguinhos de computador que sugam as suas almas.

Isso é um ponto positivo, por retratar de forma mais fiel (na medida do possível) a real ambientação de um jogo online. Eles utilizam um sistema e formação de combate que faz sentido; botam a culpa no healer quando alguém morre; reclamam quando o tanque puxa mais mobs do que o grupo pode aguentar; usam uma linguagem típica de jogos, com termos que você vê com frequência no Reddit
Por outro lado, pode acabar não sendo tão apelativo ou engraçado para alguém que não seja chegado ou não conheça muito sobre joguinhos, como eu já comentei num outro post.

Lembra do Alemão maluco jogando CS? É quase isso.

Mas chega de falar do jogo, e vamos falar sobre a vida real. Digo… Você consegue diferenciar os dois… Né?
O tema primário (ou a premissa) do anime beira a genialidade por misturar uma verdade absoluta com uma situação extremamente improvável. Esse contraste de real e inimaginável é um excelente mote pra comédia. E comédia é o objetivo do show. É óbvio que não existem mulheres na internet, mas quem iria imaginar que aquela garota que dá em cima de você online não é um velho barbudo brincando de shemale pra ganhar itens?
Acontece que isso é uma piada descartável. Você usa uma vez e ela não pode ser reutilizada. É ai que precisa entrar o tema secundário (ou o desenvolvimento) nem-tão-genial-assim. ‘Garota que vive no mundo da lua e não se toca das besteiras que faz‘ é um tópico bem batido e que eu consigo citar uns três que o usam só de cabeça. Não desmerecendo o uso do tema, que inclusive achei muito bem utilizado, mas é bom lembrar que já fizeram isso outras duas mil vezes antes.

O mundo real e o virtual são coisas separadas! Não me importo com a identidade do jogador, desde que sua personagem seja bonitinha!
“O mundo real e o virtual são coisas separadas! Não me importo com a identidade do jogador, desde que sua personagem seja bonitinha!”

O elenco de personagens foi muito bem construído em apenas dois episódios. Todos os protagonistas tem um design marcante (menos o rapaz, pois como já apontei diversas vezes, eles sempre são genéricos. Mas mesmo ele, em sua forma online, consegue ter seu charme), e uma personalidade bem definida. Desde o início, já é possível entender como eles funcionam e para onde eles estão indo, coisa que muitos animes demoram séculos para conseguir. Isso quando conseguem.
Inclusive, a garota principal, Ako, é simplesmente fofa demais. Meu deus do céu, como o Japão consegue fazer personagens tão bonitinhos e que dão vontade de apertar ai que cuticuti meu deus…
Er, digo…

Então, uma conclusão seria que é um anime extremamente engraçado se você gosta de MMORPGs no geral, mas tem uma comédia apenas mediana caso não goste. É um anime que tem bons traços e boa animação, com personagens bacanas e de personalidade forte logo de cara. E também é um anime que sabe como um jogo funciona e entende o que mecânicas como “Aggro” são.
Tipo, sério. Cêis tão ligados que um jogo que não tem Aggro não funciona né? Na moral, não façam jogos sem Aggro.

O que acontece quando eu digo pra alguém que assisto animes.
O que acontece quando eu digo pra alguém que assisto animes.

Eu costumo dizer que tenho um sistema de notas especial apenas para comédias, e Netoge ficará com um belo 9/10 no meu Comedômetro até o momento que eu tiver saco de ir atualizar o meu My Anime List outra vez.

A série pode ser assistida na Funimation, caso a barreira idiomática não seja um problema. Caso seja, algum beco escuro da internet pode servir.

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Primeiras Impressões | Sakamoto desu ga?

Olá! Sejam muito bem-vindos ao Primeiras Impressões, um quadro que servirá para podermos dar piti sobre coisas que estamos assistindo, sem termos que nos preocupar com profundidade ou seriedade. Mais seriamente, ele funcionará para, como o nome sugere, darmos nossas primeiras impressões sobre os lançamentos, tanto de séries quanto de animes.

E pra começar de maneira fabulosa, iremos falar sobre o cara mais legal do colégio.

O quê, você não soube? É o Sakamoto!

Sakamoto desu ga? fez sua estréia na temporada de abril no dia oito (8), e desde cedo já chamou a atenção de muita gente. Afinal, como não se voltar para essa magnificência de pessoa que é o Sakamoto? Ele é tudo que você sempre quis ser, e ainda mais: Descolado, bonito, inteligente, atlético, bom cozinheiro, amigável, gentil… Ai… Que homem!

Essa comédia colegial parece ter vindo da cabeça de todos as crianças excluídas, góticas e emos do planeta. Afinal, quem não queria ter uma vida escolar como a do Sakamoto? Te pago uma coxinha se você, nos devaneios mais profundos da sua doentia mente, durante aquela massante aula de biologia, nunca pensou em fazer algo que ele faz, ou se imaginou sendo tão descolado quanto ele (me cobrem no Anime Friends/CCXP).

Um paralelo que posso fazer é com Joukamachi no Dandelion, de julho (Ou como eu gostava de chamá-lo, “DEMOCRACIA DUVIDOSA“).
É uma comédia bem simples, e que se apoia bastante em situações absurdas e características cartunescas dos personagens. Ou um famoso NONSENSE, se preferir. É um tipo de humor que eu simplesmente adoro, por apelar para a imbecilidade do espectador (coisa que eu tenho de sobra).

Continuando o paralelo, para conseguir preencher vinte minutos de tempo televisivo, ambos dividem seus episódios em “mini-episódios”. Lembra de quando você tinha doze anos, e sua única preocupação era qual capítulo de Os Padrinhos Mágicos estava passando no Disney Channel? É mais ou menos isso. Dividindo em partes menores e mostrando duas ou três historinhas na mesma semana, eles evitam o prolongamento excessivo de uma mesma situação, coisa que sempre acaba estragando comédias (vide Nurse Witch Komugi-chan R, na temporada passada). Inclusive esse é um dos motivos de porque curtas de comédia são tão bons, como Sekkou Boys foi na última temporada. Mas isso é assunto pra outro post.

Diferenças incluem a animação desanimadora da DEEN, quando comparada com o marcante Estúdio IMS. O tempo todo só temos uns tons pastéis deixando o clima extremamente pra baixo, um contraste enorme com a ambientação do anime. Pode até funcionar como forma de aumentar ainda mais o absurdo da comédia, mas eu não compro essa ideia não, e prefiro botar como incompetência do estúdio mesmo.

Eu quando sofro ataque das inimiga.
Eu quando sofro ataque das inimiga.

Também possui um design de personagens extremamente fraco: Tipo, sério? O cara mais famoso, descolado e popular da escola e ainda protagonista da história não tem nenhum destaque além dos óculos. Tá certo que protagonistas são genéricos mesmo… Mas todo o resto do elenco também? Na preview do episódio dois vimos uma tal de “idol do colégio”, e ela é simplesmente inexpressível.
Os outros “antagonistas”, ao menos, possuem um pouco mais de personalidade em seus designs. Os três amigos da primeira parte tem claramente uma pegada delinquente em seu visual, por mais óbvio e clichê que essas pegadas possam ser.

Uma última reclamação viria sobre a cena de abertura: Passar quase dois minutos num fundo estático com bonecos minúsculos feitos em 3DCG jogando vôlei de uma forma estranhamento desgostosa, enquanto conversam de uma forma estranhamento desgostosa… Foi uma exposição muito massante e que não valeu a piada que trouxe. Quando eles voltaram, no final, eu quase dei um suspiro de agonia.

Por outro lado, os pontos negativos acabam por aí. Eu não vejo motivos para reclamar de todo o resto do anime. O roteiro foi excelente; os personagens interagem entre si e com o ambiente de uma forma ótima (para uma comédia, etc); as músicas de fundo, em sua maioria, se mesclaram perfeitamente com as situações, deixando as cenas ainda mais engraçadas; As piadas são forçadas, mas o objetivo era esse desde o princípio, então entrega muito bem o prometido; o elenco de dubladores conta com diversos nomes de peso (como Hikaru Midorikawa no papel principal e Tomokazu Sugita sendo um dos punks) e que caíram muito bem em seus personagens.

Eu observando o recalque das inimiga
Eu observando o recalque das inimiga

Pra um primeiro episódio, foi excelente. Pra quem gosta de humor retardado, é uma escolha obrigatória na season. Facilmente um 7/10, com potencial de crescimento elevadíssimo.

Você pode encontrar o anime para assistir na Crunchyroll, ou em qualquer beco escuro da sua internet.

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Resenha | Vagabond #1

Há um ditado que diz: um é pouco, dois é bom e três é demais. Mas esse ditado não pode ser aplicado a grandiosa obra Vagabond de Takehiko Inoue que, após muito tempo e muitas negociações sobre os seus direitos de publicação no Brasil, agora foram adquiridos pela Panini.

A EDIÇÃO ATUAL

Voltando ao que interessa, o mangá… A nova edição publicada pela Panini é o que podemos chamar de um meio termo. Ao nível de qualidade das edições “definitivas” publicadas pela Conrad, um dos mais belos que já tive em mãos no quesito material, a edição da Panini é competente, seguindo um modelo de publicação que foi feito em Planetes (com resenha feita por este que vos escreve), com orelhas e papel off-set, uma diagramação menor do que a feita pela Conrad e menos folhas coloridas que a sua predecessora. Todavia, com um preço bem competitivo para um material desta qualidade.

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Que capa singela!

 

A HISTÓRIA

Shinmen Takezo e Hon’iden Matahachi, dois rapazes da vila de Miyamoto, vão à guerra em busca do reconhecimento de seus nomes como guerreiros. Eles sobrevivem por pouco a famosa batalha de Sekigahara, que definiu os rumos do shogunato japônes, marcado na  história como o evento que deu início a Era Tokugawa. Mas o lado que escolheram lutar acabou derrotado. Por acaso, uma saqueadora de corpos, chamada Akemi, encontra-os feridos enquanto fazia o seu árduo trabalho, levando ambos para a casa de sua mãe, Okoo.

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Eu estou vivo!?

 

Após alguns dias, bandidos atacam a casa das mulheres e Takezo os enfrenta enquanto Matahachi foge com uma delas. A partir daí, começa a aventura solitária de Takezo que mais tarde, será rebatizado como Miyamoto Musashi, que futuramente será reconhecido como o maior samurai que já andou pelo mundo.

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Quem lhe chamou?

 

A arte do mangá é uma coisa de outro mundo, que acima de tudo faz com que a história tenha uma fluidez impressionante, em todos os quesitos técnicos, como cenários, expressões e personalidades dos personagens, as sequências de combate, beirando a perfeição narrativa. O único defeito que vejo no mangá é que ele ainda não foi finalizado; entretanto, dá pra entender o motivo… Aliás, dêem graças ao editor do Takehiko Inoue, pois quase não teríamos sequer uma concepção, uma vez que o mangaká, famoso também pelo mangá esportivo Slam Dunk, quase largou a carreira por desanimo mas, ao ler Musashi, ficou perplexo e resolveu tomar como um desafio para a sua vida essa adaptação.

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Taca lhe pau!

 

Vagabond é a transcrição para a nona arte do épico japonês do maior samurai de todos os tempos, Miyamoto Musashi, que tem como base o famoso romance escrito por Eiji Yoshikawa, publicado no Brasil pela editora Estação Liberdade, um livro sublime mas com uma escrita bastante carregada; coisa que o mangá, principalmente por ser arte sequencial, livra-nos da linha descritiva, importante, mas muito denso em alguns momentos.

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Um calhamaço dos bons, diga-se de passagem!

Vamos torcer para que o mangá finalize seu ciclo. Mesmo que ainda esteja em andamento, 37 volumes servem como um bom começo para que todos possam conhecer  e acompanhar a jornada de Takezo. 

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Até a próxima.

VAGABOND – Vol. 01 de 37
Publicado em: Março de 2016
Editora: Panini
Gênero: Épico histórico
Autor: Takehiko Inoue (Slam Dunk)
Status: Série em andamento / Mensal
Número de páginas: Cerca de 240 páginas (papel offset) / Leitura Oriental
Formato: 13,7×20 cm / P&B com páginas coloridas / Lombada quadrada
Preço de capa: R$ 17,90

Fonte: Panini Mangás

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Indicação – Boku dake ga inai machi

Durante a maior parte do ano, a grande maioria dos animes vivem de clichês e sempre repetem uma fórmula; mas há casos em algumas obras que ganham destaque, pois fogem de tais clichês. Desta vez venho falar de uma obra chamada “Boku dake ga inai machi – Erased“, merecedora de todo o destaque que ganhou durante a temporada atual de animes, assim como já foi explicado pelo meu colega Vini (clique aqui).

Boku dake se destacou por tratar de um tema muito polêmico, a violência infantil, mas com uma sensibilidade gigantesca, visto poucas vezes em qualquer obra audiovisual.

A SINOPSE

”Satoru Fujinuma é um mangaká recluso sem planos para o futuro, que enquanto não consegue emplacar o sonho de ser mangaká, trabalha como entregador de pizza. O que o distingue dos outros preguiçosos em sua cidade é uma habilidade de viagem no tempo involuntária, que lhe permite prever acontecimentos futuros, sendo assim, capaz de evitar acidentes e até mortes. Satoru possui um arrependimento de infância, o de não ter feito nada sobre acontecimentos do seu passado que levaram a uma série de mortes de crianças. Ele finalmente começa a questionar o que trouxe a sua capacidade para a superfície, e se é ou não poderoso o suficiente para mudar o passado, que provoca acontecimentos que podem trazer prejuízos a sua própria vida e a quem está ao seu redor, lembrando muito o filme “Efeito borboleta”.

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Eis o nosso herói!

Só que “o herói” da trama não é perfeito, pois está longe de ser um policial ou um detetive. Ele é uma pessoa comum, que não possui know-how para a maioria das coisas que precisa fazer.O que torna a trama mais interessante é que durante sua infância nos são apresentados vários personagens,que mesmo com a inexperiência de lidar com problemas reais e, teoricamente, de responsabilidade adulta, causa uma tensão típica do gênero suspense; mas mesclado com momentos que são bastante divertidos, quebrando bem a tensão e desenvolvendo os personagens com situações corriqueiras, desde os mais participativos aos coadjuvantes, que não têm tanto tempo de tela mas que, quando aparecem, roubam a cena.

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Os motivos de Satoru, querer ser herói.

 

Outra qualidade muito relevante a obra é a abordagem da relação do personagem principal com a primeira vítima dos assassinatos, Hinazuki Kayo. Quando Satoru volta ao passado, ele tem a mentalidade adulta, mas em um corpo de criança, e isso gera um pouco de polêmica pelo fato de, em alguns momentos, ter alguma insinuação amorosa entre os personagens; mas vejo que tais críticas não fazem sentido, pois o que há é um sentimento de proteção, mais do que um sentimento amoroso entre os personagens. Mas, enfim, a cultura japonesa tem as suas bizarrices e aqui abre tal possibilidade, apesar de achar ridícula.

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Que cena bonita!

Outro destaque do roteiro é quanto ao suspense sobre quem é o assassino. Esse tipo de fórmula sempre nos prende a atenção, e sempre queremos teorizar quem é o real causador de todos os males e isso é algo que estimula, e muito, a curiosidade. Mas o maior ponto que o anime tem é a relação familiar da Kayo e a mãe dela em contraste com a relação do Satoru com mãe dele, que aborda, como já dito acima, a violência doméstica, com alguns momentos em que a animação nos comove profundamente.

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Muito mais do que um prato de comida!

Por fim, tenho que dizer que o anime vale muito a pena, pois acima de tudo é uma história sobre amizade, sem ser algo que fique piegas, que soe como aquele espírito do “gambaré” ,visto em vários desenhos japoneses, mas que nos faz refletir como pessoas comuns que somos e o quanto isso reflete nas nossas vidas.

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Até a próxima!

Boku Dake ga inai machi – Erased
Estudio: A1 Pictures
Número de episódios: 12
Pode ser visto aqui