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Não Olhe para Cima e sua crítica extremamente certeira aos tempos modernos

Depois de dois anos cercados por fake news e diferentes conflitos, não só políticos como também em relação ao gigantesco negacionismo da ciência diante da atual pandemia que vivemos, chega na Netflix o mais novo longa do diretor Adam McKay, Não Olhe Para Cima (Don’t Look Up), que visa justamente demostrar uma crítica certeira aos tempos modernos e sombrios que vivemos por meio de um humor ácido aplicado com maestria e por bons momentos mostrados em tela – que, infelizmente, se coincidem e muito com a realidade.

Don't Look Up' Netflix Review: Stream It or Skip It?

Em Não Olhe para Cima, acompanhamos o doutor Randall Mindy (Leonardo DiCaprio) e sua doutoranda, Kate Dibiasky (Jennifer Lawrence). Após descobrirem que um cometa localizado em nosso sistema solar está prestes a colidir com a Terra e que apresenta 99,8% de chance de dizimar toda a espécie humana em seis meses, os astrônomos decidem avisar a Casa Branca. Com a ajuda do doutor Oglethorpe (Rob Morgan), os dois tentam alertar não só a presidente (Meryl Streep) e o seu filho Jason (Jonah Hill), como também todo o mundo antes que o pior aconteça.

Com uma trama que chega a ser clichê se comparado a filmes que retratam uma catástrofe, Adam McKay consegue dirigir com maestria o roteiro e satiriza todos os elementos que estão presentes em um filme do gênero utilizando, não só eles, como também outras figuras de linguagem como uma forma de criticar toda a situação atual, não só de interesses políticos e econômicos diante de determinada situação como também do negacionismo extremo perante aos dados expostos cientificamente – seja no cenário da atual pandemia como em eventos passados, junto com a geração de fake news e conflitos por viés político.

Don't Look Up tem 63% de aprovação do Rotten Tomatoes

A forma como o diretor decide trabalhar esta sátira misturando elementos da vida real com os ficcionais perante a situação que envolve a trama é bastante interessante, feita através de um humor ácido bem aplicado e por meio de sátiras dos principais talk-shows e empresas de tecnologia norte-americanas. Entretanto, durante a exibição do filme, ele se perde nisso e, ao apertar sempre na mesma tecla, torna uma experiência que antes estava agradável em arrastada e repetitiva – principalmente a partir da metade do segundo ato.

Além disso, McKay tenta alarmar a situação subestimando toda a população e fazendo com que todos os personagens do filme (além dos protagonistas) apresentem tal comportamento negacionista. Porém, isso não tira o brilho do filme: o seu argumento é bem estabelecido e a sua mensagem é transmitida de forma clara e precisa, da melhor forma possível e no tempo necessário.

Confira o que inspirou a temática do filme Don't Look Up, disponível na Netflix

Quanto ao elenco, é impossível não elogiar os nomes de peso presentes nele. Leonardo DiCaprio está sensacional e transmite todas as nuances de sua personalidade, um cientista que antes tem problemas de ansiedade e não consegue falar com o público sem utilizar termos técnicos se torna uma certa celebridade da televisão. Junto a ele, Jennifer Lawrence vive uma doutoranda que expressa de forma nítida seus sentimentos e se equilibra perfeitamente com o personagem de DiCaprio.

Meryl Streep interpreta com maestria o papel de uma presidente irresponsável que nega com todas as forças a situação que está por vir, sendo o principal elemento de sátira da trama. Um problema deste elenco de peso é que, diante de tantos nomes bons da indústria, alguns ficam ofuscados e seus personagens acabam sendo esquecidos na trama, como é o caso de Jonah Hill ou de Timothee Chalamet.

Don't Look Up Review: An All Star Apocalypse in Adam McKay's Satire | Den of Geek

Então, é bom?

Não Olhe para Cima é um filme excelente e que foi lançado no tempo certo. Sua temática, apesar de clichê, utiliza elementos satíricos como uma forma certeira de criticar toda a situação que vivenciamos desde o ano passado e que vem crescendo com o tempo.

Adam McKay consegue amarrar do melhor jeito possível todas essas informações e dirige com maestria o projeto. Além disso, o elenco de peso ajuda na composição do longa e nos traz uma excelente reflexão, não só do tempo que vivemos, como do que está por vir e o que precisamos fazer para mudar o cenário de forma mais rápida possível.

Nota: 4/5

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Detective Comics

‘Gioconda’ celebra o amor e a arte por Da Vinci

Vencedora do edital de quadrinhos do ProAC em São Paulo no ano passado e lançado ainda este mês pela Nemo, Gioconda nos conta uma história apaixonante e entrega uma celebração, não só do amor entre duas pessoas como também ao amor que temos pela arte e, além disso, homenageia com maestria todo o trabalho do grandioso Leonardo Da Vinci.

Em Gioconda, acompanhamos Francisco: um imigrante brasileiro que mora em Paris e trabalha no famoso museu do Louvre como faxineiro, sendo o responsável pelo andar no qual se encontra a Monalisa – a famosa obra de DaVinci. Como um grande amante das artes e admirador da obra, o protagonista acaba se apaixonado pela criação de Leonardo DaVinci e pelo seu misterioso sorriso. Até que, em um certo momento, ele encontra uma mulher extremamente semelhante à obra do pintor enquanto andava no metrô da cidade

Com uma trama simples e, relativamente curta, Gioconda consegue se mostrar como uma obra simples e bela que cativa o leitor do início ao fim. É interessante observar que a obra não se restringe apenas em exibir nas páginas toda essa relação entre Francisco, a obra e Elisa – a mulher pelo qual Francisco se apaixona. Além de trabalhar o mistério por trás da semelhança física entre a Elisa e a obra de arte, o quadrinho também aborda, mesmo que brevemente, a xenofobia que o brasileiro sofre em outros lugares.

A história feita por Felipe Pan consegue, com a sua simplicidade, arrastar o leitor mas o grande mistério principal que marca a obra. Além disso, as ilustrações de Olavo Costa com a coloração de Mariane Gusmão casam de forma perfeita e com um grande brilhantismo onde se nota todo o carinho pelo qual a obra foi feita, além da paixão pela mesma.

De fato, um dos únicos pontos negativos da obra é a sua numeração de páginas: por mais que consiga apresentar uma excelente narrativa e expor suas ideias de forma clara, a trama é relativamente curta e diversos assuntos que poderiam ser mais desenvolvidos acabam passando despercebidos ou são deixados de lado com o tempo.

Por fim, celebrando o amor pela arte e homenageando de forma incrível as obras de DaVinci, além de abordar temas importantes, como a xenofobia, em algumas de suas páginas, Gioconda é um quadrinho cuja a simplicidade encontra a beleza e nos entrega uma história formidável da forma mais linda possível, aquecendo o coração do leitor até o fim.

Número de páginas: 112
Capa: Papel Cartão
Editora: Nemo
Data de Publicação: 15 de Dezembro de 2021
Dimensões: 21 x 1.2 x 28 cm
Onde comprar? Amazon

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Séries

Crunchyroll marcará presença na CCXP Worlds 2021 com muitas novidades!

Crunchyroll, famosa streaming de animações japonesas, estará presente na CCXP Worlds 2021, a edição virtual deste ano do maior evento de cultura geek e pop da América Latina! Durante os dias 4 e 5, a Crunchyroll irá participar como parceira de conteúdo e trará inúmeras novidades como trailers, premieres, anúncios e muito mais! Confira a programação:

Convocação de Valkaria

4 de Dezembro (Sábado) – 14:00

No sábado, transmitido pelo próprio canal na Twitch da Crunchyroll, teremos a estreia da Convocação de Valkaría: uma aventura isekai de RPG de mesa que promete ser extremamente divertida! Produzida pela Crunchyroll em parceria com a Jambô Editora, o painel contará com inúmeros convidados especiais que são responsáveis por dublar diversos animes.

Painel de Indústria da Crunchyroll – Thunder Arena

4 de Dezembro (Sábado) – 19:00

Os apresentados do evento, Moo-Chan e Jack, irão trazer todas as novidades que estão por vir na maior plataforma de animes do mundo para o público! Neste painel, que será transmitido na Thunder Arena pela livestream oficial do evento, teremos novidades sobre Demon Slayer -Kimetsu no Yaiba- Entertainment District Arc, Attack on Titan Final Season Part 2 e um anúncio exclusivo a respeito do filme My Hero Academia: Missão Mundial de Heróis como cortesia da Funimation!

Premieres em livestream de Orient e In the Land of Leadale

5 de Dezembro (Domingo) – 14:00

Já no dia 5, em transmissão através do canal oficial da Crunchyroll na Twitch, teremos uma premiere exclusiva de dois animes extremamente aguardados para a próxima temporada: Orient e In the Land of Leadale. Vocês não podem perder!

Para saber mais sobre a CCXP Worlds 2021 e ficarem por dentro de todas as novidades do evento, acompanhem o nosso site da Torre de Vigilância e nossas redes sociais! O evento irá ocorrer entre nos dias 4 e 5 de Dezembro, totalmente on-line.

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Séries

Cowboy Bebop e sua restrição à fidelidade visual

Eu sempre tive uma curiosidade muito grande para assistir Cowboy Bebop, afinal, todos dentro do meu ciclo de amizades em fóruns na internet comentavam sobre esta grande obra de Shinichiro Watanabe. Porém, nunca tive um certo tempo para assistir – até o anúncio da Netflix sobre a produção de seu live-action. Dessa forma, decidi assistir as duas versões em conjunto para formar uma opinião a respeito de sua adaptação e, bem, até que me surpreendi positivamente com a versão atual (claro, tem seus defeitos, mas não deixa de ser bom).

Resumindo de forma breve a minha opinião quanto ao material original lançado em 1998, o anime de Cowboy Bebop me cativou desde o primeiro episódio com a sua ambientação e com os personagens apresentados. A forma cuja a animação decide narrar a história dos protagonistas e a forma que você descobre sobre o passado de cada um com o decorrer dos episódios faz com que você se sinta imerso totalmente naquele universo e parte da própria tripulação.  Não só isso, como também toda a trama e a forma pelo qual é narrada em episódios únicos com uma aventura diferente conquista, além de toda a estética da obra.

Cowboy Bebop anime coming to Netflix on October 21 | The Digital Fix

Pode-se dizer que, a animação de Cowboy Bebop é uma obra-prima única. Entretanto, sua adaptação live-action falha nesse sentido ao decidir se restringir apenas na fidelidade visual e na trama, cometendo graves erros em seu roteiro e em sua narrativa, entretanto, isso não significa que é uma adaptação ruim.

E, antes de discutir isso, devo dizer que considero uma falha a ideia de que uma adaptação precisa ser 100% fiel a obra original – caso contrário, o nome seria fidelização e não adaptação. E outra, quem iria querer ver a mesma história recontada de forma real? Só ver o caso de Rei Leão, que definitivamente é a ”adaptação mais fiel” em live-action de uma animação e foi bem medíocre. Enfim, acho este um conceito falho e que a adaptação tem que dar a total liberdade para o diretor mostrar a sua própria interpretação da obra original. Dito isso, vamos ao que interessa.

Slideshow: Netflix's Cowboy Bebop First-Look Images

Lançado neste mês de novembro na Netflix, o live-action de Cowboy Bebop segue a mesma trama e o mesmo objetivo que a animação japonesa: aqui, acompanhamos Spike Spiegel e Jet Black, dois caçadores de recompensa,  que viajam pela galáxia a bordo da Bebop em busca dos seus próximos alvos. Conforme a trama progride, temos a adição de Faye e do cachorrinho Ein no elenco dos protagonistas, todos estes com suas tramas passadas que se desenrolam conforme a narrativa progride.

A premissa e a trama da série live-action são praticamente as mesmas que estão presentes dentro da obra original e isso é observado logo no início com os frames e as aberturas idênticas aos da animação. Entretanto, a forma que a direção trabalha elas deixa bastante a desejar.

O principal interesse em continuar assistindo a animação é compreender mais sobre o misterioso passado dos protagonistas e como todos foram parar na situação presente, pontos que na adaptação são entregues na primeira oportunidade aparente para o telespectador, da forma mais mastigada possível. Dessa forma, não se cria um vínculo com eles e tudo passa despercebido.

Cowboy Bebop: Netflix libera primeiro trailer completo e pôster da nova série live-action

E são nítidas as falhas de roteiro e de direção quando se observa que o live-action de Cowboy Bebop adapta, dentro de dez episódios com quase uma hora cada, apenas cinco da animação original. E, dentro destes, repete tudo que foi observado a respeito dos personagens numa obrigação de que o telespectador entenda que ‘x’ é ‘x’ e ‘y’ é ‘y’, muitas vezes até mesmo subestimando a inteligência do próprio ao entregar toda sua essência de bandeja logo nos primeiros minutos.

Por último, diante de tantos defeitos, o pior está no vilão principal da obra. Vicious está totalmente descaracterizado (não fisicamente, mas sim em questão de desenvolvimento) e a interpretação de Alex Hassel para o personagem é medíocre. Não só isso, como também Julia e todas as interações e subtramas que envolvem ambos são deploráveis e deixam muito a desejar.

Porém, deixando de lado estes pontos negativos, a adaptação consegue trazer com maestria todos os elementos da obra original: a mistura de elementos sci-fi com western e jazz, a fotografia e os momentos icônicos da série. Não só isso, como também o trio de protagonistas apresentam uma química excelente e interpretam de forma única estes personagens em tela.

Neste caso, fica evidente que a adaptação de Cowboy Bebop se restringiu tanto em manter uma fidelidade visual e estética com a obra original que acabou se esquecendo de manter um bom roteiro e uma direção coesa. No fim, os principais elementos da obra original estão presentes e apresentam um charme único quando vistos em tela. É nítido que o live-action seria melhor caso seguisse às riscas o conceito da obra original de ser uma aventura espacial diferente a cada semana, entretanto, por mais que tenha seus defeitos, o título funciona bem e se prova como uma adaptação extremamente divertida de um excelente anime.

Netflix's live-action 'Cowboy Bebop' series arrives on November 19th | Engadget

Então, é bom?

Longe de ser perfeito ou considerada o melhor, o live-action de Cowboy Bebop consegue cumprir o seu papel como uma boa adaptação, entretanto, o seu foco em excesso na fidelidade visual restringe a obra e deixa de lado outros elementos técnicos importantes, principalmente em seu roteiro. Por mais que não deva agradar os fãs da obra original, que desejavam ver uma cópia idêntica, Cowboy Bebop é extremamente divertido e tem seu charme diante de tantas adaptações de animações japonesas.

Nota: 3/5

 

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Tela Quente

‘Eternos’ se consagra como um dos melhores filmes da Marvel

Dirigido por Chloé Zhao, vencedora do Oscar 2020 pelo seu trabalho incrível em Nomadland, ‘Eternos’ chegou nos cinemas brasileiros dividindo opiniões: enquanto uma parte das críticas deram notas baixas para o filme, outra parte elogiou bastante o que foi visto em tela – apresentando, inclusive, 48% no Rotten Tomatoes e a pior pontuação entre todos os filmes do MCU no CinemaScore

Por sorte, nem toda crítica deve ser considerada uma verdade universal ao se encarar qualquer filme. Neste caso em específico, mesmo diante das críticas negativas e com ciência das mesmas, decidi conferir e acabei de me deparando com um dos melhores filmes já feitos dentro deste universo cinematográfico.

Os Eternos: Marvel revela trailer de cair o queixo dos super-heróis – Jornal Pequeno

Nos quadrinhos criados por Jack Kirby durante a década de 70, os Eternos são seres geneticamente modificados criados pelos Celestiais – os deuses espaciais deste universo. Em tese, Kirby se inspirou nos elementos de sua saga da DC, Quarto Mundo, e no famoso livro ‘Eram os Deuses Astronautas?’ lançado em 1968. Além dos Eternos, os celestiais foram responsáveis também por criar os Deviantes: o oposto destes protagonistas, sendo uma raça destrutiva que entra em conflito com estes seres.

A trama do filme segue o que foi exposto nos quadrinhos originais: os Eternos foram criados pelos Celestiais com a missão de proteger a humanidade dos Deviantes e vieram para a Terra cumprir este objetivo. Por sete milhões de anos, os protagonistas presenciaram toda a história mundial e fizeram suas respectivas partes nela, até que optaram por viver tranquilamente.

Sem poder interferir diretamente nos conflitos humanos, aqui usado como uma desculpa para a ausência do grupo na luta contra Thanos durante o arco do Infinito, o grupo segue separado observando os eventos da Terra até que os Deviantes retornam e indicam que o fim do mundo acontecerá dentro de sete dias – dessa forma, os membros devem se unir novamente e evitar o pior para o planeta.

Eternals': Even with MCU's First Real Sex Scene, Series Is Sex-Less | IndieWire

O mais interessante de se observar na obra de Kirby é que, por mais que os protagonistas de seus quadrinhos sejam comparados com os deuses greco-romanos por conta de suas habilidades e seus feitos ao longo da história humana, os mesmos são os equivalentes aos guardiões presentes no cristianismo. O principal ponto é ver como os Celestiais se equiparam ao Deus cristão e suas criações, os Eternos, aos anjos enviados para proteger a humanidade de sua criação que deu errado.

Porque eu disse isso? pois Chloé Zhao consegue manter essa essência intacta enquanto nos apresenta a este novo lado místico e, de certa forma, religioso dentro deste grandioso universo que a Marvel iniciou em 2008. A diretora já concretiza este argumento ao apresentar mudanças na formação da equipe onde, cada membro se apresenta em pares de sexo opostos que veio à Terra em uma arca espacial – semelhante a Arca de Noé nas histórias sagradas.

Saiu o trailer final de Eternos, agora com Kit Harington e muito mais dos Deviantes

E falando na Chloé Zhao, sua direção neste filme está surpreendente e faz jus ao seu Oscar na prateleira. A diretora consegue trabalhar bem a trama mesmo que o roteiro envolva inúmeros acontecimentos em tela e diversos personagens para desenvolver. Por mais que um ou outro se torne subdesenvolvido, – com destaque a Dane Whitman, personagem de Kit Harington – todos os principais são bem trabalhados e se entende que a trama tem como foco o relacionamento entre os protagonistas e em abrir a porta para a entrada de Dane Whitman no MCU. Sua direção é tão leve que consegue trabalhar com a devida naturalidade a primeira cena de sexo em um filme da Marvel e todas as representatividades presentes no longa.

Zhao consegue trabalhar o tempo de tela de cada um, desenvolver toda a trama dos Celestiais e introduzir de forma sólida este novo lado para o universo cinematográfico da Marvel. Porém, devido ao excesso de informações e de personagens presentes no roteiro, alguns elementos acabam não sendo trabalhados da forma que deveriam e se tornam furos durante a exibição. Além disso, é tanta coisa acontecendo em tela que algumas passam despercebido aos olhos do telespectador.

Neste ponto, acaba que um dos poucos defeitos do título se encontra dentro do seu roteiro, que se apresenta desarmônico em certos momentos e deixa o telespectador confuso diante de tanta informação exposta em tela. Entretanto, Zhao dirige o seu filme da melhor forma possível e consegue deixar este roteiro o menos irregular nas quase três horas de exibição do longa. E já que estamos falando dos defeitos, outro grande ponto é a edição do longa que também se torna irregular ao transitar sempre entre passado e futuro, além de iniciar o filme com uma abertura que mastiga a principal trama do título – esta que, é exposta em uma simples conversa entre Whitman e Sersi no primeiro ato.

Eternos: trailer deixa claro onde o filme se encaixa na linha do tempo

Quanto ao elenco, todos os integrantes apresentam a química necessária para interagirem entre si e desenvolverem suas respectivas tramas e lados dentro da história. Cada membro da equipe apresenta um arco individual que é bem elaborado em tela e, quando todos estão juntos, se complementam de forma perfeita. Não somente em suas relações interpessoais como também nas batalhas que ocorrem ao longo dos anos.

Assim como os efeitos visuais, a fotografia do filme está incrível e cada cena é de tirar o fôlego! Ben Davis consegue enquadrar bem todos os elementos presentes em tela e transmitir uma sensação única ao telespectador que vê eles em tela. Por último, os figurinos do longa podem ser considerados alguns dos melhores já feitos para o MCU.

Então, é bom?

Ao adaptar para as telas toda a premissa cristã desenvolvida por Jack Kirby em seus quadrinhos na década de 70, Chloé Zhao consegue introduzir com maestria este novo lado do universo cinematográfico da Marvel, apresentando um desenvolvimento honesto dos personagens que compõem a equipe, da composição deste lado místico e com uma trama única que consegue escapar por um triz da fórmula Marvel.

Com uma fotografia excepcional, efeitos visuais de tirar o fôlego e um elenco incrível que funciona bem em conjunto nas telas, ‘Eternos’ consegue se consagrar como um dos melhores filmes já produzidos dentro deste universo.

Nota: 4.5/5

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Pagode Japonês

Blade Runner: Black Lotus e a Expansão do Universo de Philip K. Dick

Em 1968, Philip K. Dick publicou uma das obras mais relevantes para o gênero da ficção-científica: ‘Androides Sonham com Ovelhas Elétricas?’. E, na trama original, acompanhamos Rick Deckard, um caçador de recompensas que vive em uma São Francisco decadente em um futuro distópico onde aconteceu uma guerra nuclear e diversas colônias planetárias foram criadas. Quem permaneceu na Terra, vive em um lugar coberto por poeira radioativa onde as espécies de plantas e animais foram aniquiladas após o evento.

Neste cenário, todos almejam melhorar de vida e com Deckard não seria diferente: sua meta é substituir a sua ovelha elétrica por uma de verdade. Para isso, o protagonista aceita um novo trabalho cuja a missão é caçar androides que fugiram e encerrar suas atividades.

O interessante é observar que, neste livro, Philip K. Dick cria toda essa ambientação futurista tão imersiva e detalhista, que serve como base até hoje para diversos jogos, filmes e RPGs de mesa apenas com o intuito de abordar diversas questões sobre o que é ser humano, o poder da tecnologia sobre a massa e sobre toda a natureza da vida que envolve a gente – além de, é claro, apresentar uma excelente trama cuja a leitura é fundamental até os dias atuais.

Blade Runner": as previsões do filme para 2019 que não são realidade - Revista Galileu | Cultura

E mesmo que o autor já tivesse apresentado este vasto universo junto com uma história sensacional, Ridley Scott foi além e, em 1982, trouxe para os cinemas sua adaptação estrelada por Harrison Ford. Blade Runner: O Caçador de Androides consolidou de forma definitiva todo o universo apresentado no livro e, na minha opinião, melhorou a trama original mantendo as mesmas reflexões que o autor pretendia.

Mesmo marcado por polêmicas e opiniões divididas na época de seu lançamento, a adaptação foi a principal responsável por definir este universo e gerar as posteriores expansões do mesmo. Tanto que, logo após este, tivemos uma incrível sequência dirigida por Denis Villeneuve e outras mídias situadas no mesmo universo.

Blade Runner 2049 misses rise of creative artificial intelligence

Uma das expansões desde universo sensacional mais recentes que vêm sendo lançada é uma série de quadrinhos intitulada Blade Runner 2019. Lançada aqui no Brasil pela editora Excelsior desde o ano passado e em capa dura, a trama desta se passa no mesmo ano que o filme dirigido por Ridley Scott e é considerada também uma sequência direta do mesmo.

Neste título acompanhamos Ash: uma policial que, assim como Deckard, também vive caçando androides. Um dia, a mesma recebe como missão encontrar a esposa e a filha de um bilionário em Los Angeles cujo os únicos suspeitos do desaparecimento são replicantes. Estes quadrinhos do universo de Blade Runner ainda se apresentam em dois volumes aqui no Brasil. Esta expansão é extremamente bem-vinda pois, por mais que pareça a mesma coisa que os filmes, toma outro rumo e explora bem mais a natureza de um replicante do que as outras mídias – dessa forma, caso seja fã deste universo, é uma boa sugestão para expandir sua relação com o mesmo.

Blade Runner 2019: Off-World' Goes to Colonies – The Hollywood Reporter

Por fim, a mais nova expansão do universo criado por Philip K. Dick chegará na Crunchyroll no dia 13 de Novembro com seus dois primeiros episódios disponíveis. Blade Runner: Black Lotus é a mais nova animação da Adult Swim e trás uma trama totalmente original e envolvente.

Na história, acompanhamos uma mulher chamada Elle no ano de 2023 em Los Angeles, onde a mesma acorda sem memórias, com habilidades desconhecidas e com uma tatuagem misteriosa. Além disso ela também apresenta um drive com arquivos criptografados, e seu objetivo é descobrir o que aconteceu e qual é a sua história dentro deste universo.

Começando pela trama, temos uma personagem cativante que consegue envolver o telespectador em sua própria história e pelo mistério de sua identidade logo nos primeiros minutos de tela. Junto a isso, há também uma excelente animação gráfica composta por uma fotografia que promove não só a imersão de quem assiste como também mostra toda a sujeira presente em Los Angeles naquele ano.

Em apenas dois episódios disponibilizados para a nossa redação, já foi possível observar todo o potencial que essa série tem de expandir com maestria todo o universo de Blade Runner.

Nestes dois primeiros episódios, basicamente observamos Elle se encontrando em Los Angeles e procurando resposta acerca de seu passado e de como foi parar ali – com bastante cenas de ação e efeitos visuais que deixam qualquer um apaixonado.

De certa forma, a história presente desta animação se torna promissora pelo simples de fato de não ter como protagonista (aparentemente, visto que é cedo para afirmar isso) uma caçadora de recompensas. Afinal, em todas as mídias citadas acima o protagonista era um, o que faz com que o universo seja observado em apenas um ponto de vista.

Por fim, Blade Runner: Black Lotus se apresenta como uma excelente adição na cronologia da franquia e apresenta um grande potencial para ser desenvolvido em seus treze episódios, que serão lançados com exclusividade na Crunchyroll.

 

Blade Runner: Black Lotus, uma produção original da Crunchyroll e do Adult Swim, estreia no dia 13 de novembro na Crunchyroll.

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Tela Quente

Duna: A obra-prima de Denis Villeneuve

”Eu não devo ter medo. Medo é o assassino da mente. Medo é a pequena morte que leva à aniquilação total. Eu enfrentarei meu medo. Permitirei que passe por cima e me atravesse. E, quando tiver passado, voltarei o olho interior para ver seu rastro. Onde o medo não estiver mais, nada haverá. Somente eu permanecerei.”

Assim que li Duna em 2015 e assisti ao filme de David Lynch, feito em 1984, tirei como conclusão de que esta seria uma obra impossível de ser adaptada no cinema e que a melhor opção seria uma série televisiva nos mesmos moldes que Game of Thrones – isso tanto pelo conteúdo como pelo vasto universo presente nos livros.

Originalmente, Duna é um livro publicado em 1965 por Frank Herbert e considerado por muitos um dos precursores da atual ficção científica, sendo uma das mais renomadas. Além deste primeiro livro, o universo de Duna apresenta mais cinco sequências que expandem todo este incrível universo. O fato é que este é um livro cuja sua narrativa pode ou não cativar o leitor, e há uma certa dificuldade em fazer com que esta seja adaptada em tela de forma que agrade o público e que o mesmo consiga compreender toda a essência e a magnitude deste universo – neste caso, Denis Villeneuve consegue com maestria.

Warner Bros revela a primeira imagem oficial de "Duna"

Resumir a história do longa é complicada, mas basicamente a trama de Duna se passa em um futuro onde a ordem é feita por meio de um império intergaláctico nos moldes feudais, onde cada família é responsável por administrar um planeta. Nesta primeira parte, acompanhamos o início da trajetória de Paul Atreides e sua viagem para o planeta Arrakis. Seu pai, o duque Leto Atreides é convocado pelo Imperador para administrar Arrakis: planeta natal da especiaria melánge, antes administrado pela casa Harkonnen. Junto a isso, Paul precisa lidar com os sonhos que vêm tendo e com o fato de que o mesmo pode ser o Kwisatz Haderach, ou seja, o escolhido. Após a chegada da casa Atreides em Arrakis surgem diversos desafios políticos, como por exemplo a rivalidade entre as casas Atreides e Harkonnen, as questões que envolvem a especiaria ou a união com os fremen.

Quando é dito que Duna é um livro difícil de ser adaptado para as telas, não é um grande exagero. Se observarmos bem o filme de David Lynch em 1984, podemos ver o quão complicado é adaptar um vasto material para um longa com curto tempo de duração. Pessoalmente não considero a adaptação de Lynch tão ruim como dizem, mas se até o diretor tem vergonha de assinar o filme, quem sou eu para discordar.

A verdade é que Duna apresenta uma narração densa, uma trama política bem detalhada e descrições extremamente ricas que compõem o incrível universo apresentado por Herbert. Portanto, o grande desafio de Villeneuve seria conseguir transformar um denso material em um roteiro que consiga agradar tanto o público que é fã da obra original como quem será apresentado através desta adaptação.

Duna: Elenco usava apelidos de estrelas pornô nas filmagens, revela Rebecca Ferguson · Rolling Stone

Denis Villeneuve consegue concluir este desafio da melhor forma possível, realizando uma adaptação que apresenta com precisão a vastidão do universo de Duna. De certa forma, talvez a duração do longa não agrade todo mundo: afinal, são em média duas horas e meia onde há bastante diálogo. Entretanto, o diretor consegue compreender a essência da obra e expõe ela da melhor forma possível na tela.

Há algumas ”falhas”, obviamente, como toda adaptação: aqui, há alguns vazios na trama e o diretor opta por não focar na trama política e nem em outros detalhes presentes no livro – talvez para desenvolver os temas nas futuras sequências ou apenas para que tudo se encaixe dentro do filme sem prolongar demais. Além disso, Villeneuve também muda a essência de alguns personagens, como por exemplo Lady Jessica – mãe de Paul – que apresenta um comportamento diferente do livro e de outros personagens secundários que são deixados de lado. Isto não afeta em nada a trama, mas em particular senti falta da exploração acerca do lado político que tem na obra.

Outro ponto que poderia ter sido mais impactante no longa é a respeito dos vermes de areia: a cena onde, finalmente, ocorre a revelação da criatura tem um grande impacto visual no telespectador. Porém, ela foi exposta no trailer junto com o visual em fotos promocionais – caso não tivesse, o impacto teria sido bem maior. Nada que interfira na experiência, mas que poderia ter gerado uma surpresa no telespectador que não conhece a trama (até porque, sua construção no decorrer da exibição ocorre de forma discreta e até mesmo construindo um terror psicológico e uma curiosidade para o que está por vir).

Duna” quase foi adiado para 2022 – Categoria Nerd

A fotografia de Duna é incrível em todos os detalhes, Greig Fraser fez um trabalho sensacional aqui. Tive oportunidade de assistir o longa na sala IMAX a convite da Warner Bros e, sem dúvida, o filme foi feito para ser visto nos cinemas. A ambientação é construída com atenção em cada detalhe e toda cena surpreende o telespectador tanto por sua beleza como pelos efeitos ao redor.

Não só a fotografia como o figurino também chama a atenção, tudo foi feito nos mínimos detalhes e da melhor forma possível para mostrar a diferença cultural entre Arrakis e Caladan – planeta casa dos Atreides. Além disso, a trilha sonora de Hans Zimmer combina perfeitamente com a ambientação e consegue criar todo um clima que envolve o telespectador com o filme.

Por último, o elenco está sensacional e combina com os personagens que representam. Chalamet entrega um grande potencial como Paul Atreides, assim como Oscar Isaac como o duque Leto e Rebecca Furgson como Lady Jessica. Até mesmo os personagens secundários da trama tem seu destaque, inclusive Zendaya como Chani – que, mesmo em pouco tempo de tela, consegue marcar o filme. E isso não deve ser preocupação, nas sequências ela terá um papel fundamental no decorrer da jornada de Paul.

New Dune trailer shows off 3 minutes of desert chaos - CNET

Então, é bom?

Com diversos detalhes técnicos sensacionais, um roteiro que cativa tanto os fãs da obra como o novo telespectador e com um grandioso elenco, Duna consegue se consagrar como a obra-prima de Denis Villeneuve. O longa se prova como um dos melhores filmes do ano e uma das melhores adaptações já feitas, respeitando o material base e servindo como o início de uma grande franquia nos cinemas tal como O Senhor dos Anéis foi em sua época.

Agora é torcer para que sua sequência seja confirmada e que concorra ao Oscar nas categorias técnicas pois, sem dúvida alguma, este filme merece.

Nota: 4.5/5

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Cinema

Shazam! 2: Fúria dos Deuses ganha prévia no DC FanDome

A tão aguardada sequência de Shazam!, lançado em 2019, recebeu sua primeira prévia durante o DC FanDome. No vídeo exibido, podemos ver os bastidores de algumas cenas de ação, assim como um breve vislumbre das vilãs e o novo visual da família Shazam. Além disso, acompanhamos também uma entrevista com os membros do elenco – nos preparando para o que está por vir! Confira abaixo:

https://twitter.com/colliderfrosty/status/1449466847468797958

Shazam! 2: Fúria dos Deuses está previsto para lançar em novembro de 2023. Para mais novidades a respeito do herói e da DC FanDome, acompanhe a Torre de Vigilância!

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Séries

Harley Quinn trás novidades sobre a Terceira Temporada de sua série no DC FanDome!

Durante o seu painel no DC FanDome, nossa querida Harley Quinn trouxe diversas novidades a respeito da terceira temporada do seu show, exclusivo da HBO Max, em um vídeo extremamente divertido. Nele, temos uma prévia do que esperar no terceiro ano da animação – que estreia em 2022. Confira abaixo:

https://twitter.com/HBOMaxBR/status/1449461069605490689

Para mais novidades a respeito do DC FanDome, acompanhe a Torre de Vigilância!

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Games

Enfrente a Corte das Corujas no novo trailer de Gotham Knights

Novo trailer de Gotham Knights, novo jogo do universo do Batman com foco na Bat-família, foi divulgado hoje na DC FanDome. Nele, podemos ver que a Corte das Corujas terá um papel crucial na história do título – confira abaixo:

https://twitter.com/GothamKnights/status/1449450992681037824?ref_src=twsrc%5Egoogle%7Ctwcamp%5Eserp%7Ctwgr%5Etweet

Em Gotham Knights, Batman está morto e seus herdeiros precisarão proteger uma Gotham repleta de crimes e com a presença da Corte das Corujas. O RPG de ação será cooperativo e não se passará no mesmo universo da franquia Arkham, sendo assim, uma história totalmente nova. O título será lançado em 2022 para PC, Playstation 4, Playstation 5, Xbox One e Xbox Series X, e sua página na Steam já está disponível.

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