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Batman & Juiz Dredd | As duas faces da Justiça

Escrito por Gabriel Faria

O Juiz Dredd da revista semanal britânica 2000 AD encontra-se com o Batman da DC Comics. O Bom Juiz e o Cruzado Encapuzado já dividiram páginas de quadrinhos em quatro histórias, sendo uma das poucas séries de crossovers com senso de cronologia. Quer saber mais sobre essas histórias? Confira abaixo um dossiê completo, explicando os detalhes de cada uma delas!

Introdução

O Juiz Dredd foi criado em 1977 por John Wagner e Carlos Ezquerra. Sua popularidade cresceu rapidamente e hoje ele é o personagem mais reconhecido dos quadrinhos britânicos ao redor do mundo. Vivendo na cidade futurista de Mega-City Um, onde o sistema judicial é chefiado pelos Juízes (detentores dos direitos de juiz, júri e executor), o policial do futuro lida com marginais, mutantes, alienígenas e até mesmo seres sobrenaturais em suas histórias. Já o Batman, que dispensa longas apresentações, surgiu em 1939 pelas mãos de Bill Finger e Bob Kane, sendo hoje a marca mais rentável da DC Comics.

Apesar de ter sido criado por Wagner, que escreve as principais histórias até hoje, uma série de roteiristas de qualidade já criaram aventuras do Juiz Dredd. Entre diversos nomes destaca-se Alan Grant, que por muitos anos foi parceiro de trabalho de John Wagner, chegando até a morarem juntos por um tempo. Grant é reconhecido no mercado norte-americano por sua passagem no Lobo e no Batman, este segundo onde os dois amigos desenvolviam aventuras juntos, inclusive criando um dos vilões do herói de Gotham, o Ventríloquo. Com os parceiros de trabalho atuando juntos para os americanos e ingleses, surgiu a ideia do primeiro crossover entre Batman e Juiz Dredd, chamado Julgamento em Gotham.

Batman/Juiz Dredd: Julgamento em Gotham

Publicado originalmente em 1991, o primeiro encontro dos personagens foi escrito pelos já citados Wagner e Grant, com a arte do pop star Simon Bisley. O artista já havia trabalhado com o Juiz Dredd em publicações britânicas, especialmente em uma revista de heavy metal chamada Rock Power. Essas histórias foram compiladas no encadernado Juiz Dredd – Heavy Metal. Neste crossover o Juiz Dredd e o Batman se encontram pela primeira vez após uma série de eventos. O Juiz Morte, ser de uma dimensão onde a vida é um crime, vai para Gotham City após conseguir um Teletransportador Dimensional com o Máquina Malvada da Gangue Angel. Em Gotham, após alguns assassinatos, o monstro dá de cara com Batman, que vai parar em Mega-City Um, onde o Juiz Dredd o prende e inicia um interrogatório. Batman é salvo pela Juíza Anderson, e juntos eles voltam à Gotham com o objetivo de parar o Juiz Morte que está trabalhando em parceria com o Espantalho, matando diversas pessoas em um show de heavy metal. Juiz Dredd se teletransporta para Gotham com o objetivo de ajudar Anderson, prender o Máquina Malvada (que foi atrás de Morte querendo seu pagamento pelo Teletransportador), e levar o Batman em cana.

Algo interessante sobre este crossover é que, apesar de ser bem dividido em cada uma das cidades, Batman é o personagem que mais sofre por ter ido parar na cidade futurista onde quase tudo é um crime, principalmente vigilantismo. Ao longo da história o herói é sentenciado a algumas décadas de prisão, e somente no final o Juiz Dredd reconhece algum valor no Cruzado Encapuzado. O sucesso deste crossover foi estrondoso, fazendo até com que o dono de uma grande loja em Londres declarasse que as filas de autógrafos no lançamento da graphic novel se igualaram a uma sessão de assinaturas do cantor David Bowie, realizada um mês antes no mesmo local.

Contém cerca de 60 páginas e foi publicado no Brasil em 1992 pela editora Abril em uma minissérie dividida em duas partes.

Batman/Juiz Dredd: Vingança em Gotham

Em 1993 a dupla de roteiristas publicou o segundo encontro entre os personagens, motivados pelo sucesso da primeira história. Ilustrada por Cam Kennedy com arte de capa por Mike Mignola, esta aventura é tratada o tempo todo com a ideia de que Batman e Juiz Dredd já trabalharam juntos, e apesar das discordâncias com relação aos métodos um do outro, ambos de alguma forma se respeitam.

Dredd encontrou um jornal antigo que noticiava a morte de Batman, e o Juiz vai para Gotham com o objetivo de impedir que o Morcego morra, e a única forma de fazer isso é espancando-o por 45 minutos. Em paralelo, o Ventríloquo e seu chefe Scarface planejam o assassinato do filho de um senador. Ao final da pancadaria Dredd revela que os Juízes Psi de Mega-City Um, categoria que a citada Juíza Anderson faz parte, formada por detentores de fortes habilidades psíquicas, previram que Batman ajudaria a salvar a cidade futurista de uma grande catástrofe, e essa foi a única razão que levou o Juiz a impedir que o herói morresse, dando o gancho para uma futura continuação.

Contém 52 páginas e foi publicado no Brasil pela editora Abril em 1995.

Batman/Juiz Dredd: A Charada Definitiva

O terceiro crossover é também o mais desconexo dos quatro. Publicado originalmente em 1995, Wagner e Grant se unem aos artistas Carl Critchlow e Dermot Power para inserir os personagens em um Campo Mortal organizado pelo misterioso Imperador Xero e composto pelos oito maiores guerreiros de diversos mundos, que devem se enfrentar em busca da liberdade. Obviamente, entre os guerreiros estão Batman (teletransportado enquanto perseguia o Charada em Gotham) e o Juiz Dredd (transportado enquanto prendia um criminoso nas ruas).

Batman é sorteado como a presa e os sete guerreiros restantes deverão caçá-lo. Entre os competidores da arena está um khúndio, raça conhecida na mitologia da DC Comics como os maiores belicistas do universo. Juntos, os protagonistas enfrentam os inimigos e desvendam o mistério por trás da arena, que é revelada como uma ilusão criada por um artefato futurista trazido a esta era pela crise no tempo Zero Hora, principal saga da DC na época em que a história foi publicada.

Contém 52 páginas e foi publicado no Brasil pela editora Abril em 1998.

Batman/Juiz Dredd: Morra Sorrindo

Encerrando a saga, Morra Sorrindo foi publicado originalmente em 1998 em duas partes, contendo a arte Glenn Fabry na primeira e Jim Murray na segunda. Fabry, reconhecido capista de Preacher e outras séries, levou alguns anos para ilustrar sua história e a demora fez com que ele fosse substituído por Murray na continuação. Grant e Wagner, obviamente, retornaram como roteiristas para fechar o épico que levou sete anos para ser concluído, após o Julgamento em Gotham ter sido lançado em 1991.

Nesta história o Coringa se apodera de um transportador dimensional e vai para Mega-City Um com o objetivo de libertar os quatro Juízes do Apocalipse. Com um tom de urgência constante, este crossover lida com muitas coisas acontecendo ao mesmo tempo, que vão desde a destruição completa de um domo fechado com milhares de pessoas inocentes até o assassinato do Juiz-Chefe, possuído por um dos Juízes Negros. O Coringa visa a imortalidade, e os quatro seres malditos querem somente acabar com toda a vida, e a Juíza Anderson retorna a Gotham para alertar o Batman, que deve trabalhar ao lado do Juiz Dredd uma vez mais e dar um fim à profecia proclamada na aventura Vingança em Gotham. Tendo se encontrado tantas vezes anteriormente, os dois já conhecem o modus operandi um do outro e o respeitoaumentou. Aqui eles trabalham juntos, como verdadeiros iguais, para impedir os quatro demônios e seu novo companheiro, o inimigo do Homem-Morcego.

Contém cerca de 100 páginas e foi publicado no Brasil pela Mythos Editora em 2002, em formato minissérie dividida em duas partes.

Após tantos anos, Wagner e Grant conseguiram criar uma saga composta somente por crossovers, um feito verdadeiramente incrível que conseguiu dar uma popularidade para o Juiz Dredd fora do Reino Unido que até então era inimaginável. Muitas pessoas conheceram o personagem através destes encontros, e apesar de nunca terem sido republicadas no Brasil, as histórias foram compiladas no exterior pela DC Comics em um único volume, tornando possível que a editora Panini relance a série na íntegra, em novo formato e acabamento gráfico. Esperamos que isso aconteça.

E você, já conhecia os crossovers do Batman com o Juiz Dredd? Qual é o seu favorito? Podemos falar também sobre os confrontos do Juiz Dredd com o Predador e os Aliens, além da história maluca onde ele encontrou o Lobo, o Maioral. Comente abaixo!

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Sobre o Autor

Gabriel Faria

Assistente Editorial, apaixonado por quadrinhos, redator da Torre de Vigilância, criador do blog 2000 AD Brasil e otaku mangazeiro nas horas vagas.